Desde meados do ano passado, com as constantes quedas nas taxas de juros, especialistas do mercado financeiro passaram a indicar que os melhores investimentos seriam em renda variável. De fato, no início do ano a Bolsa de Valores de São Paulo bateu vários recordes - ultrapassando os 118 mil pontos. Porém, com o avanço do coronavírus, as bolsas ao redor do mundo começaram a apresentar resultados negativos.
Nesse cenário, em Xangai, por exemplo, em um único dia as ações caíram 7,72%. O mesmo sentido de queda tem sido observadas nas bolsas europeias e também no Brasil. Agora fica a dúvida: se antes o mais indicado era colocar o dinheiro em renda variável, onde se deve investir agora que um vírus derrubou a bolsa?
Segundo Charo Alves, assessor de investimentos da Valor, a resposta não muda. A bolsa de valores continua sendo o local mais indicado para se depositar os investimentos. Isso porque, segundo ele, é natural - e até saudável - que depois de uma longa sequência de altas a bolsa opere em baixa.
Muita gente pensou que essa queda viria com o conflito envolvendo Estados Unidos e Irã, mas veio somente com o coronavírus. Acontece que, em algum momento, o investidor que está com um bom nível vende suas ações para realizar o lucro. Isso acabou gerando um pânico momentâneo, explica Alves.
O momento de queda no valor de algumas empresas pode inclusive ser até positivo para os investidores mais arrojados - já que ações de companhias valiosas estão sendo negociadas a um preço abaixo do que estava sendo observado nas semanas anteriores.
Nós já tivemos outros casos parecidos com o Sars, o Mers, que também eram tipos de coronavírus, e até mesmo com o ebola. E foi tudo momentâneo. Nenhum afetou a economia global como um todo. Temos visto que esse vírus também não vai afetar a saúde das nossas empresas de modo geral, acrescenta.
O professor da Fucape André Moura, PhD em Contabilidade e Finanças, também vê o cenário com a mesma tranquilidade. Isso é psicológico e explicado pelo que chamamos de finanças comportamentais. O pessoal se assusta com a notícia do vírus e alguns investidores começam a ir para ativos mais seguros, com medo que a doença afete a economia global, mas não vejo dessa forma, comenta.
Ele também não vê o coronavírus tendo grande impacto na economia. Se tiver vai ser para poucos lugares e por pouco tempo. Não acredito em impactos a longo prazo, acrescenta o professor.
Charo Alves explica que este momento é bom para quem pretende entrar na bolsa de valores já que a margem de crescimento ainda é muito alta e as empresas saíram do ciclo do período de crise. Já para quem está investindo em renda variável o momento é de ter calma.
Se as ações que a pessoa tem estão apresentando queda, não adianta vender pensando no curto prazo. É melhor esperar. Não sabemos quando as baixas vão parar, mas não deve ser uma tendência de cair 15%, 20%, avalia. É ter calma, pensar no longo prazo e aproveitar as baixas para aportar algo mais que conseguir poupar, conclui.
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