A Polícia Civil identificou que o homem de 66 anos, detido na última terça-feira (12), durante o desdobramento da Operação Piànjú, usava 10 carteiras de identidade falsas para cometer crimes, entre eles o de lavagem de dinheiro. Ele tinha quatro mandados de prisão emitidos com nomes diferentes. Segundo a polícia, os documentos eram verdadeiros, mas continham informações falsas.
O homem foi detido por suspeita de integrar uma organização especializada em prestar serviço de lavagem de dinheiro para outros grupos criminosos. A prisão ocorreu no bairro Jundiá, em Pinheiros, na Região Norte do Espírito Santo e foi realizada pela equipe da Delegacia de Polícia do município, em conjunto com o serviço de inteligência da Polícia Militar, sob coordenação da Divisão de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
De acordo com o chefe da DFRV, delegado João Paulo Pinto, o suspeito atuava como "laranja", tendo pelo menos uma empresa fictícia registrada em seu nome. Através dela, teriam sido movimentados ilegalmente mais de R$ 7 milhões.
Segundo o titular da Delegacia de Pinheiros, delegado Leonardo Ávila, o homem foi detido na rua, em frente a casa de um parente e não resistiu à prisão. Havia quatro mandados de prisão emitidos contra ele, com nomes diferentes.
O suspeito foi encaminhado para a sede da Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) e foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana.
Em 21 de dezembro, 14 suspeitos de integrar essa organização viraram réus em um processo judicial. O homem preso em Pinheiros seria, então, o 15º integrante do grupo identificado até o momento. Ele ainda não foi denunciado pelo Ministério Público.
Em dezembro do ano passado, a operação Pianjú desarticulou uma organização criminosa com atuação interestadual e internacional. No dia 15 de dezembro, dez empresários foram detidos, sendo quatro no Espírito Santo, cinco em São Paulo e um no Ceará.
A operação é fruto de dois anos de investigação e expôs uma uma organização criminosa que atuava no Espírito Santo. Essa associação era composta por dois grandes empresários capixabas e diversos outros membros, que agiam como “prestadoras de serviços” de lavagem de capitais para outras organizações criminosas.
O grupo criminoso atuava de forma estruturada para praticar diversos crimes, entre eles: organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e particulares, inserção de dados falsos em sistemas informatizados, falsidade ideológica, estelionato e falsa comunicação de crime.
O esquema criminoso foi descoberto a partir de um falso comunicado de roubo de um caminhão. “Descobrimos que ele não existia fisicamente e que só constava no banco de dados do Detran e do Renavan. Esses caminhões ‘fantasmas’ serviam de patrimônio para essas empresas para que elas pudessem fazer o envio de dinheiro para a China e para os Estados Unidos”, apontou o titular da DFRV, delegado João Paulo Pinto.
“Na primeira fase da investigação identificamos que o dinheiro era enviado por determinadas empresas envolvidas em outros crimes, mas queremos saber se esses recursos pertenciam às companhias do Espírito Santo e de quais atividades eles eram fruto. Sabemos que os empresários daqui ficavam com uma parte do dinheiro e o resto mandavam para fora. Eles pagavam os impostos para fugir das fiscalizações dos órgãos de controle”, explicou o delegado.
Durante a investigação, ficou comprovado que a organização criminosa tinha ligação com empresas e pessoas investigadas e denunciadas no âmbito de diversas fases da Operação Lava Jato, realizadas pela da Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF). Entre elas a Operação Chorume, a Operação Descarte, bem como empresas que já foram investigadas por atuarem com os doleiros Alberto Youssef e Nelma Kodama.
Uma das empresas é investigada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, por desvios de mais de R$ 98 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A organização criminosa sediada no Estado do Espírito Santo teria movimentado mais de R$ 800 milhões.
(Com informações da Polícia Civil do ES)
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