Enquanto 2023 foi marcado pela incerteza política e econômica, 2024 deve trazer um cenário um pouco mais estável para os investidores. Ainda assim, quem planeja aplicar dinheiro nos próximos doze meses deve se atentar a fatores como o quadro fiscal brasileiro e mundial e a queda das taxas de juros, que, em menor ou maior grau, afetam o bolso da população e a rentabilidade de suas aplicações financeiras.
Analistas pontuam que a diversificação dos investimentos é fundamental, mas reforçam que, ao buscar alternativas, é sempre importante considerar o tipo de investidor para evitar problemas a longo prazo.
São três perfis principais:
Ao considerar seu perfil e seu momento de vida atual, o investidor corre menos riscos de fazer uma aplicação com a qual não saiba lidar posteriormente.
Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, pontua que após subir os juros para combater a inflação, com maior controle de preços observado nos últimos meses, o Banco Central voltou a reduzir a Selic — taxa básica de juros utilizada no país — e a expectativa é de que o indicador continue a ser cortado em 2024, o que impactará, por exemplo, no rendimento dos ativos de renda fixa.
“Hoje, existe uma expectativa de que a Selic termine 2024 orbitando em torno de 9,5%, algumas casas falam em 8,5%. Um dos riscos (para renda fixa) em 2024 é se tiver alguma surpresa — taxa Selic ser menor, o câmbio ser menor, a inflação ser menor. Mas, se for o caso, aí alguns ativos com algum nível de risco tendem a performar mais.”
Até então, os pós-fixados que acompanham a taxa Selic, por exemplo, têm um bom retorno. Enquanto investimentos mais conservadores, os títulos da dívida pública (Tesouro Direto) apresentam boa rentabilidade. O mesmo ocorre com os rendimentos da categoria renda fixa e pós-fixados, que acompanham as taxas de juros. Títulos pré-fixados atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA, também podem ser opções interessantes.
Outro investimento que continua vantajoso para investidores mais conservadores são os CDBs (Certificados de Depósito Bancário), que são títulos emitidos pelos bancos para captar recursos de investidores e emprestar a pessoas ou empresas, com juros mais altos.
São investimentos que trazem pouco risco e têm boa rentabilidade nessas circunstâncias. Algumas empresas chegam a oferecer opções de renda fixa que pagam até 150% do CDI (certificado de depósito interbancário), que é um título que serve como lastro de empréstimos entre os bancos, hoje fixado em 11,65%.
Além disso, tem a opção da Letra de Câmbio, um título de renda fixa da mesma família do CDB e das LCIs/LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio). Contudo, em vez de ser um título emitido por bancos, é utilizado por financeiras para captar recursos no mercado e emprestar aos clientes e frequentemente paga mais que os CDBs.
“Existe a expectativa de cortes (da Selic), mas a renda fixa ainda vai render uns juros interessantes. O mercado volta a procurar ativos que vão render 10%, 15% ao ano, e podem ser fundos imobiliários, fundos ligados ao agronegócios”, observa Thomas Giuberti.
De um modo geral, porém, especialistas observam que há uma série de situações que podem ocorrer ao longo de um ano, por isso, é sempre importante ter atenção às mudanças.
O head de renda variável e sócio da AVG Capital, Apolo Duarte, ressalta que, no acumulado de 2023, a maior parte das empresas do Ibovespa teve ótima performance, embora o início do ano tenha sido marcado por incertezas globais e temores quanto à transição de governo. Com o passar dos meses, houve avanços importantes e, no cenário que se vislumbra no momento, é possível que um novo ciclo de alta na bolsa esteja começando.
“Quando olhamos para o histórico, parece que a bolsa brasileira ainda tem um bom gás para frente, pois está negociando abaixo das médias históricas, mesmo após essa alta. Mas é importante manter o olhar no cenário lá fora, acompanhar a evolução dos resultados das empresas, cenário político/fiscal interno e o macro precisa ajudar para que isso se concretize."
Analista financeiro certificado, o diretor e sócio da Valor Investimentos Pedro Lang avalia que a bolsa brasileira, que recentemente bateu a máxima histórica, tem tudo para continuar alcançando recordes no próximo ano.
“Ela subiu impulsionada pela aceleração de corte de juros lá fora. O que a gente tem de bandeira amarela é que, se por acaso a inflação se mostrar mais chata lá fora, isso pode continuar no radar dos investidores e atrasar um pouco a festa. No Brasil, a gente vai encerrar o ano com o fiscal um pouquinho duvidoso, então esse é outro ponto de atenção.”
Ele frisa, porém, que o cenário de queda de juros é muito positivo para as empresas e isso ainda não foi totalmente precificado, o que torna o momento interessante para adquirir ações. Nesse sentido, Lang também reforça que é preciso diversificar os ativos, uma vez que cada ação performa de um modo diferente.
Analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, Rodrigo Cohen recomenda que o investidor fique atento muito ao que vai acontecer em relação aos juros no mundo.
“Dados recentes de inflação nos EUA apontam para um cenário de queda de juros por lá. Com isso, me parece que o dólar, a princípio, não terá um ano de alta em 2024. Então, eu acho que o investidor tem que ter sempre cautela, tem que ter sempre, na minha opinião, diversificação. Não colocar todos os ovos na mesma cesta, mesmo que muitas vezes seja bem atrativo”, afirma.
Além do cenário externo, também é importante acompanhar a evolução dos resultados das empresas e o cenário político e fiscal interno.
Com a continuidade da queda de juros em 2024, os custos de empréstimos e financiamentos tendem a cair, o que acaba por beneficiar uma série de empresas, que podem obter capital mais barato para expandir seus negócios.
Neste contexto, marcado ainda pela queda da inflação, o mercado de ações também é beneficiado. Ativos ligados ao setor de consumo podem ser interessantes, assim como ativos de setores ligados à expansão do crédito, como construção civil, educação, ações de transportes e varejo.
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