Com o avanço da pandemia do novo coronavírus e a paralisação das atividades comerciais devido à necessidade de isolamento social, quase 162,5 mil trabalhadores deixaram de ter remuneração no Espírito Santo. Os dados do mês de maio mostram que o número corresponde a 49,5% do total da força de trabalho que foi afastada de seus empregos no Estado.
As informações são da primeira divulgação mensal da Pnad Covid-19, realizada pelo IBGE, feita nesta quarta-feira (24). O levantamento é uma versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-Contínua), realizada com apoio do Ministério da Saúde, para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal.
Em todo o Espírito Santo, 328,3 mil pessoas estavam afastadas de seu trabalho em maio. Desse total, 258 mil se afastaram devido ao distanciamento social e 71 mil por outros motivos. Embora não traga esse recorte por Estado, a pesquisa apontou que, nacionalmente, os trabalhadores domésticos sem carteira assinada foram os mais atingidos, seguidos pelos empregados do setor público e do setor privado sem carteira.
O economista e presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), Celso Bissoli Sessa, explica que os efeitos econômicos dessa crise são severos porque a pandemia está provocando desemprego, subutilização de trabalhadores e saída de muitas pessoas do mercado de trabalho, devido à necessidade de isolamento social.
De acordo com o especialista, a diminuição da renda em circulação enfraquece o elo do consumo na economia. Sem demanda, as empresas não investem nem contratam e o desemprego reduz ainda mais a renda.
O economista também aponta que é preciso voltar as atenções para as políticas de proteção do emprego e de assistência social para "garantir cobertura mais ampla da renda das pessoas nos próximos anos, sob o risco de agravar muito o processo de contração da renda".
Os dados mostram que, em todo o país, o distanciamento social provocado pela pandemia de Covid-19 deixou 9,7 milhões de trabalhadores sem remuneração em maio de 2020. Isso corresponde a mais da metade (51,3%) das pessoas que estavam afastadas de seus trabalhos e a 11,7% da população ocupada do país, que totalizava 84,4 milhões.
A pesquisa mostrou que 19 milhões de pessoas (ou 22,5%) estavam afastadas de seu trabalho, sendo que 15,7 milhões (ou 18,6%) estavam afastadas devido ao distanciamento social. Além disso, o grupo etário com maior proporção de pessoas afastadas do trabalho foi o de 60 anos ou mais: 27,3%.
Trabalhadores domésticos sem carteira foram os mais afetados, registrando o maior percentual de pessoas afastadas devido à pandemia (33,6%), seguidos pelos empregados do setor público sem carteira (29,8%) e pelos empregados do setor privado sem carteira (22,9%). Já entre os trabalhadores domésticos com carteira, o percentual de afastados foi de 16,6%.
O diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, explica que os dados mostram o impacto da pandemia na queda da renda da população. Nós já sabíamos que havia uma parcela da população afastada do trabalho e agora a gente sabe que mais da metade dela está sem rendimento. São pessoas que estão sendo consideradas na força, mas estão com salários suspensos. Isso não é favorável e tem efeitos na massa de rendimentos gerada, que está estimada abaixo de R$ 200 bilhões, no país, comentou.
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