As vendas de materiais de construção seguem aquecidas no Espírito Santo. Em outubro, o segmento alcançou a marca de 11 meses com resultados positivos, desde dezembro do ano passado. O resultado do mês, aliás, foi quase duas vezes superior ao observado no mesmo período de 2019, com alta 91,4% no Estado.
Na pandemia do novo coronavírus, em que muitos segmentos passaram por uma forte crise, o comércio de materiais de construção tem vivido um momento extraordinário. Outubro foi o quinto mês seguido em que as vendas cresceram mais de 90%. O auge foi em setembro, quando o resultado foi de alta de 112,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
No acumulado entre janeiro e outubro, as vendas do setor cresceram 56,1% no Estado. Os dados são Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para representantes do setor, foi justamente a pandemia que estimulou o mercado. Ao passarem mais tempo em casa, as pessoas sentiram a necessidade de tornar o lar mais confortável, principalmente para encarar o período de distanciamento social. Com isso, houve aumento no número de pequenas reformas.
A velocidade das vendas se intensificou a partir de maio, época em que as pessoas ficaram mais em casa diante das medidas de isolamento social e que o auxílio emergencial começou a chegar a mais famílias, conforme destacou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon-ES), Paulo Baraona.
"Foi toda uma combinação de fatores. Houve a questão da ajuda do governo, e, naturalmente, com a pandemia, muitas pessoas ficaram em casa. Houve aquela correria no início para montar espaço para home office, e também outros reparos ao longo dos meses, porque as pessoas viam necessidade de melhorar a casa. Houve uma quantidade muito grande de pequenas reformas."
No comércio varejista, o resultado do segmento de materiais de construção destoa dos demais. No acumulado ano, o segundo melhor resultado foi no segmento de hipermercados (com alta 12,8%). Depois estão os artigos farmacêuticos e os móveis e eletrodomésticos (3,1% e 3%, respectivamente). As outras atividades comerciais estão com resultado negativo no ano.
O mais curioso é que o crescimento das vendas de materiais de construção em 2020 só não é maior por conta das vendas no início do ano, que apesar de terem registrado avanço, não tiveram um um desempenho tão bom como o dos meses após a pandemia.
Além das reformas, as vendas de imóveis também cresceram, estimulando novos lançamentos, resultado fruto das baixas taxas de juros. Em agosto, a Selic foi fixada em 2% menor patamar da história pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, o que fez com que os bancos baixassem os juros para financiamento de imóveis e que poupadores tirassem os recursos parados em aplicações para investir em novas propriedades.
"Nesse final de ano, a construção civil foi bem aquecida, e não só porque mais pessoas passaram a buscar a casa própria, mas também porque, com esse patamar de juros, entre outras questões, imóveis também voltaram a ser bons investimentos para quem tem dinheiro guardado. Muitos têm comprado para alugar", observou Baraona.
Para um mês de outubro, particularmente, as vendas de materiais de construção tiveram o melhor resultado desde o início da série histórica, em 2005. É, também, o primeiro resultado positivo para o mês desde 2013 (6,4%). A partir daquele ano, as vendas começaram a decair rapidamente, alcançando o pior resultado para um outubro em 2015, com recuo de 17,6% o pior da série histórica mensal.
Diretora da Leroy Merlin no Espírito Santo, Neusa Alves considera que o movimento do setor estava de fato "parado" nos meses que antecederam a pandemia. Os picos de crescimento eram pequenos, e não se sustentavam por muito tempo.
"O mercado estava fraco. Mas, com a pandemia, o que restou para cada um foi a casa. O crescimento após o surgimento da Covid-19 existiu em vários momentos. Os consumidores ficaram mais preocupados com a casa, em melhorar o ambiente. E esse é um movimento que não ocorre só no Estado, mas no mundo como um todo."
O proprietário da Agrizzi Materiais de Construção, Edson Agrizzi, conta que as vendas aumentaram substancialmente nos últimos meses, e a principal procura é por produtos de acabamentos. "As pessoas têm buscado muito material para reformas. O movimento até surpreendeu um pouco. Levou a um problema de falta de materiais."
O aumento da procura refletiu na inflação dos materiais para obras e reparos. Em outubro, o preço do tijolo, por exemplo, ficou 4,92% mais caro na Grande Vitória em relação a setembro, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE. No acumulado do ano, até então, a variação era de 28,25%, tendo saltado para 31,94% em outubro.
O cimento subiu 2,17% em outubro e acumula alta de 6,87% desde janeiro no Estado.
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