A alta no preço dos alimentos ao longo dos últimos meses está refletindo diretamente na indústria de chocolates, o que deixará a Páscoa menos doce em 2025. O grande vilão é o cacau, matéria-prima que encareceu 189% em média no último ano no comércio internacional. Com o custo de produção nas alturas, o feriado religioso vai ser mais magro neste ano, com pelo menos 13 milhões de ovos a menos nas prateleiras.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), o setor tem buscado minimizar esse efeito ao longo do processo produtivo para evitar repassar integralmente os custos aos consumidores. Mas, conforme mostrou reportagem de A Gazeta, além do chocolate, aos produtos pascoais têm sido adicionados biscoitos e waffers.
O produto ficou mais caro devido à diminuição brusca da commodity com crise climática e sanitária na África, reduzindo a oferta global do cacau.
Na Grande Vitória, o avanço do preço dos chocolates em barra e bombons foi de 16,21% em 12 meses, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O valor é mais que o triplo do acumulado no mesmo período da inflação geral, que foi de 5,08% na Grande Vitória.
Neste ano, a oferta de ovos de Páscoa vai ser de 45 milhões de unidades, 22% menor do que em 2024, quando as fábricas disponibilizaram 58 milhões de itens.
Em contrapartida, o mix de produtos para a época em que o chocolate fica em evidência aumentou, passando de 611 itens em 2024 para 803 tipos de produtos de chocolate para o período da Semana Santa, sendo 94 lançamentos.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) são itens com formatos, sabores e experiências diversificadas que atendem a diferentes perfis de público e se encaixam em todos os bolsos.
“O setor de chocolate se mostra mais uma vez um importante vetor para a economia brasileira, pois exerce um papel fundamental na geração de empregos e na garantia de uma Páscoa acessível e democrática. Esse resultado é fruto de anos de investimentos e do fortalecimento de uma cadeia produtiva para entregar experiências que se adequem ao mercado e atendam às diversas necessidades de consumo”, afirma Jaime Recena, presidente executivo da Abicab.
Para driblar a alta da matéria-prima e evitar repasse muito onerosos ao consumidor, as indústrias têm adotado estratégias para manter os produtos atrativos.
Na Cacau Show, por exemplo, foi feita uma adequação na linha produtiva e nos materiais de embalagem para minimizar os impactos dos custos e evitar repasses significativos aos consumidores. Mas, segundo Daniel Roque, VP de Negócios da empresa, apesar dos esforços, foi necessário um reajuste médio de aproximadamente 10% nos preços dos produtos em relação ao ano passado.
"Para enfrentar esse cenário da alta do preço do cacau, investimos em eficiência produtiva e otimização de custos", explica Roque.
Já a Nestlé, por exemplo, informou que não alterou nenhuma receita ou tamanho de ovos de Páscoa em comparação com 2024. A gerente de Marketing do grupo, Camila Hadaya, destacou que o cenário é desafiador, pois o preço do cacau atingiu preços recordes.
"Nosso portfólio oferece uma ampla variedade de tabletes e caixas de bombons, com opções atrativas que atendem a diferentes perfis de consumo", afirma.
Como forma de amenizar as oscilações provocadas pelo mercado global, a empresa informou ainda que está ampliando o Nestlé Cocoa Plan, programa de sustentabilidade de cacau, com 6,5 mil produtores no país. Essa iniciativa promove práticas sustentáveis e contribui para o aumento da produtividade e da área de cultivo.
A Ferrero também acrescenta que a alta do dólar tem elevado os custos de produção, especialmente devido ao aumento do preço do cacau e de outras matérias-primas.
"Para enfrentar esse cenário da alta do preço do cacau, investimos em eficiência produtiva e otimização de custos, buscando reduzir ao máximo o impacto para o consumidor", informou a empresa.
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