O combate a crimes ambientais está cada vez mais no radar da Polícia Federal. No Espírito Santo, duas operações foram realizadas nos últimos meses para reprimir a ação de uma associação criminosa que faz exploração ilegal de pau-brasil, espécie ameaçada de extinção, no sul da Bahia. A madeira retirada de área de preservação ambiental tinha como destino ser transformada em arcos de violino.
Segundo o delegado e superintendente da PF no Espírito Santo, Eugênio Ricas, os arcos de violino seriam destinados para venda na Europa e Estados Unidos. “Conseguimos identificar não só através de imagens de satélite, mas também através dessa técnica de análise de isótopos estáveis (que permite identificar a área de origem das madeiras)”, detalha.
O arco é o produto final produzido a partir da vareta. No Brasil, as varetas são adquiridas por valores que giram entre R$ 20 e R$ 40, ao passo que os arcos podem ser comercializados no exterior por até U$ 2.600 (R$ 14.600), segundo informações da PF.
O foco no combate a crimes ambientais tem aproximado a instituição do conceito ESG, sigla em inglês para Environmental, Social and Governance. Na tradução para o português, significa Meio Ambiente, Social e Governança e representa, na prática, uma preocupação com a sustentabilidade no contexto corporativo que agora também está sendo adotada por órgãos públicos.
Inclusive o assunto ESG é tema do seminário "Agenda ESG: Desafios, Segurança Jurídica, Inovação e Oportunidades" que será realizado nesta sexta-feira (1°) em evento realizado pela Polícia Federal e Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), com apoio do ES em Ação, OAB-ES e governo do Espírito Santo. A palestra de abertura será feita pelo “pai” do ESG, Paul Clements-Hunt.
Esse trabalho de identificar exploração ilegal de madeira com foco no cuidado com o meio ambiente também tem sido realizado na Amazônia. Lá, a Polícia Federal já utilizou satélite e tecnologia para analisar a madeira e, com o Instituto Nacional de Criminalística, conseguiu provar que a madeira apreendida havia sido extraída de área de preservação ambiental na floresta amazônica.
“Ao longo dos anos a Polícia Federal vem desenvolvendo essa visão. Acredito que no serviço público ainda é diferente da iniciativa privada, precisa evoluir muito. São ações embrionárias, mas é importante que um órgão como a polícia federal, que tem credibilidade junto à sociedade, esteja preocupado com isso porque a gente entende que essa cultura ESG é imprescindível para a manutenção da humanidade. Um dos maiores desafios é o aquecimento global”, afirma Ricas.
O superintendente da PF no Espírito Santo também destaca outras ações que a instituição tem desenvolvido dentro do rol do ESG, principalmente desde o início do ano. No campo social, a entidade tem feito um trabalho com escolas da rede pública, levando crianças para visitar a superintendência, em Vila Velha.
"Temos feito um trabalho muito forte com as escolas públicas que são das áreas mais vulneráveis e atingidas pela ação da polícia. Temos trazido as crianças para a superintendência para falar sobre drogas, corrupção, exploração sexual de menores, tentando preservar essa sociedade um pouco mais vulnerável", detalha Ricas.
E como medidas de governança, ainda dentro do conceito ESG, destacou que tem colocado a superintendência do Espírito Santo nos primeiros lugares, em nível nacional, nos índices de produtividade operacional e administrativa da Polícia Federal.
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