A crise econômica em consequência do novo coronavírus provocou uma disparada no número de pedidos de seguro-desemprego no Espírito Santo. Somente na primeira quinzena de maio, último dado disponível, 8.856 trabalhadores deram entrada no auxílio. O número é 73% maior do que o observado na primeira quinzena janeiro deste ano e 63% maior do que o registrado na primeira quinzena de maio do ano passado.
Os dados são do painel de informações do seguro-desemprego da Secretaria de Trabalho, vinculada ao Ministério da Economia. Tudo está objetivamente vinculado a essa situação do coronavírus e que ninguém sabe quanto tempo vai durar. Em uma semana temos uma previsão de retomada e na outra já se fala em aumentar o isolamento, comenta o superintendente Regional do Trabalho no Espírito Santo, Alcimar Candeias.
Até por conta disso, Candeias acredita que existe a possibilidade de que o governo federal prorrogue a duração dos benefícios criados para manter os empregos a possibilidade de redução da carga horária e do salário, ou mesmo da suspensão dos contratos.
O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES) Naone Garcia lembra que todos os meses são feitos milhares de pedidos de seguro-desemprego, mas também há outras milhares de pessoas sendo contratadas. O que estamos observando neste momento é um crescimento do número de pedidos de seguro-desemprego, mas sem o crescimento de contratações. É uma situação preocupante, observa.
A crise está sendo muito forte e se alongando além do que era esperado inicialmente. Nem todos os empresários estão conseguindo manter suas empresas com tamanha queda de faturamento, acrescenta Garcia.
A maior parte dos trabalhadores que não conseguiu se manter no trabalho e deu entrada no pedido de seguro-desemprego na primeira quinzena de maio, recebe até dois salários mínimos e é do sexo masculino. A maioria também tem de 30 a 39 anos, apenas o ensino médio completo e trabalhava no setor de serviços.
Para o coordenador dos cursos de Gestão da UCL, o professor Vivaldo Taliule Júnior, o crescimento do número de pedidos de seguro-desemprego acompanha, grosso modo, a curva de contágio das pessoas no Estado. Da mesma forma que existe esse crescimento agora, reflexo da diminuição das nossas atividades econômicas, acredito que esse número vai se reduzir depois que passarmos do pico da doença no Estado, avalia.
Apesar do possível aumento do desemprego, Taliule destaca setores que seguem com força, mesmo neste momento. Existem setores que já estão se reinventando. Se a gente pegar o alimentício, por exemplo, tem muito exemplo de restaurante que está conseguindo se manter com as entregas. Outro exemplo são os supermercados que podem até estar contratando neste período de pandemia, porque não houve queda para este tipo de negócio, acrescenta.
Lógico que a gente está atravessando um momento difícil, que nunca viveu, mas entendo que as coisas vão começar a voltar à normalidade, diz otimista.
A mesma visão otimista não é compartilhada por Naone Garcia. É um medo do mundo inteiro a possibilidade de uma segunda onda da doença. Por isso uma vacina é tão esperada, mas sabemos que ela não é rápida. Até por conta disso o retorno econômico não vai ser do dia para a noite, pondera.
Os municípios da Grande Vitória são os que mais tiveram pedidos de seguro-desemprego em maio. Vitória (1.573), Serra (1.509), Vila Velha (1.090) e Cariacica (808) foram os campeões em solicitação vale destacar, no entanto, que esses também são os municípios com o maior número de trabalhadores no Espírito Santo. Apenas duas cidades do Estado não registraram pedidos de seguro-desemprego na primeira quinzena de maio: Divino de São Lourenço e Laranja da Terra.
Quase 90% dos 8.856 pedidos foram feitos pela internet. A gente já vinha trabalhando muito na informatização do sistema e, felizmente, as pessoas se adaptaram e estão conseguindo fazer os pedidos por meio on-line. Somente um ou outro caso, quando acontece um problema, é que o pedido do seguro-desemprego precisa ser feito de forma presencial, informa Alcimar Candeias.
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