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Pequenos reparos em casa fazem disparar vendas de materiais de construção

Pequenos reparos em casa fazem disparar vendas de materiais de construção

A demanda do primeiro semestre deste ano já é maior do que a registrada no mesmo período de 2019. Porém, a falta de reposição está reduzindo os estoques

Publicado em 14 de agosto de 2020 às 20:12

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Abertura da material de construção Coqueiral no Parque das Gaivotas.
Loja de material de construção em Parque das Gaivotas, Vila Velha: segmento registrou aumento nas vendas. (Carlos Alberto Silva)
Pequenos reparos em casa fazem disparar vendas de materiais de construção

As pequenas reformas em casa e o "faça você mesmo" fizeram as vendas das lojas de materiais de construção dispararem nos últimos meses. Produtos como tintas, lâmpadas e ferramentas estão entre os itens mais procurados no Espírito Santo. Há lojistas que afirmam que a demanda e a falta de reposição, por parte das indústrias que fabricam os produtos, estão fazendo os estoques reduzirem drasticamente. 

O comércio foi um dos setores mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Porém, quando analisada apenas a construção civil, a história é bem diferente. De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio de junho, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segmento cresceu no Espírito Santo 27,1% no primeiro semestre, na comparação com o mesmo período de 2019. Já no mês de junho, as vendas tiveram um incremento de 91,7% em relação ao mesmo mês do ano passado.

91,7%
AUMENTO NA VENDA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO NO ES EM JUNHO/2020, EM RELAÇÃO A JUNHO/2019

O diretor da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Espírito Santo (Fecomércio) e membro da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção do Estado do Espírito Santo (Acomac-ES) Ilson Bozi avalia que o isolamento social foi um dos fatores fundamentais para esse crescimento.

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O maior tempo em casa, com certeza, ajudou nesse aumento, fez com que as pessoas se preocupassem com isso. Além disso, o suporte financeiro do governo também fez com que o poder de compra não diminuísse tanto

Ilson Bozi
diretor da Fecomércio
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Ele, que também é dono da loja Material de Construção Bozi, foi um dos comerciantes que notou um aumento das vendas no segmento. “Em comparação com junho do ano passado, nosso crescimento foi de 26,6%. Já na comparação entre julho deste ano com o mesmo mês de 2019, foi de 15%. A maior procura é por materiais de acabamento, como pisos e revestimentos. Tudo voltado para pequenas reformas, que os próprios moradores fazem”, afirma.

De acordo com o presidente da Acomac-ES, Lesio Contarini Jr, junto a essa necessidade de melhorar o lar, somam-se ainda os benefícios financeiros liberados pelo governo federal na pandemia, como o auxílio emergencial de R$ 600 e o saque-emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

"Teve loja que aumentou em 40% as vendas. Todo mundo esperava uma retomada mais lenta do setor devido à pandemia, o que não se concretizou. De maneira geral, tivemos o cimento sendo muito procurado para pequenas reformas, as tintas para acabamentos e itens de decoração de casa, acessórios, utilidades de banheiros prontos, sendo os mais visados", destaca.

Além dos itens citados por Lesio, outros também entraram na lista de mais vendidos. O diretor da Compose Revestimentos e Acabamentos, Carlos Marianelli, conta que percebeu um aumento, principalmente,  nas vendas de revestimentos e porcelanatos. Outros lojistas ouvidos pela reportagem disseram ainda que houve incremento na saída de itens como pinceis, prateleiras, ferramentas, como furadeira, e iluminação decorativa.

Carlos Marianelli, diretor da Compose, disse que houve aumento na venda de revestimentos. (Aline Mantovaneli (Assessoria))

ESTOQUES REDUZIRAM COM O CRESCIMENTO DA PROCURA

A produção lenta durante a pandemia é um dos fatores que estão reduzindo de maneira significativa o estoque de muitas lojas. Segundo a diretora comercial da Dalla Bernardina, Julia Dalla Bernardina, a indústria que abastece o segmento não está conseguindo repor na mesma medida em que as vendas vão aumentando.

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Isso vem acontecendo, principalmente, com aqueles que dependem de produtos ou peças vindas da China, como lâmpadas e painéis, por exemplo. Alguns produtos já estão mostrando ruptura no abastecimento. Você faz um pedido e só chega a metade do que foi combinado. Também temos o caso dos pisos e revestimentos. Como as indústrias ficaram fechadas com férias coletivas por 30 dias, algumas não têm estoque para abastecer as lojas e só vão conseguir repor em 30 dias

Julia Dalla Bernardina
diretora comercial da Dalla Bernardina
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Segundo Julia, a empresa, que tem cinco unidades – quatro na Grande Vitória e uma em São Mateus – e atende os públicos B e C, viu a venda dos galões de tinta dobrar nos últimos meses. "A demanda foi tanta que tivemos que colocar até mais uma marca para dar vazão. Antes, trabalhávamos com duas e agora são três", diz.

AUMENTO DOS PREÇOS

Carlos Marianelli lembra que, além desses problemas de reposição de estoque, os fornecedores estão aumentando os preços. "Está mais caro para a gente comprar. As empresas tinham se posicionado reduzindo a produção, então estamos enfrentando dificuldades em algumas linhas", comenta. 

A maior preocupação dos empresários é em como repassar os custos para os consumidores. Julia explica que as indústrias já estão passando esses aumentos nos produtos que estão chegando às lojas. "Eles são significativos. A indústria de cerâmica repassou o aumento do gás. Já para as que trabalham com itens importados, tem o aumento do dólar", aponta.

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