As pequenas reformas em casa e o "faça você mesmo" fizeram as vendas das lojas de materiais de construção dispararem nos últimos meses. Produtos como tintas, lâmpadas e ferramentas estão entre os itens mais procurados no Espírito Santo. Há lojistas que afirmam que a demanda e a falta de reposição, por parte das indústrias que fabricam os produtos, estão fazendo os estoques reduzirem drasticamente.
O comércio foi um dos setores mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Porém, quando analisada apenas a construção civil, a história é bem diferente. De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio de junho, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segmento cresceu no Espírito Santo 27,1% no primeiro semestre, na comparação com o mesmo período de 2019. Já no mês de junho, as vendas tiveram um incremento de 91,7% em relação ao mesmo mês do ano passado.
O diretor da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Espírito Santo (Fecomércio) e membro da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção do Estado do Espírito Santo (Acomac-ES) Ilson Bozi avalia que o isolamento social foi um dos fatores fundamentais para esse crescimento.
Ele, que também é dono da loja Material de Construção Bozi, foi um dos comerciantes que notou um aumento das vendas no segmento. Em comparação com junho do ano passado, nosso crescimento foi de 26,6%. Já na comparação entre julho deste ano com o mesmo mês de 2019, foi de 15%. A maior procura é por materiais de acabamento, como pisos e revestimentos. Tudo voltado para pequenas reformas, que os próprios moradores fazem, afirma.
De acordo com o presidente da Acomac-ES, Lesio Contarini Jr, junto a essa necessidade de melhorar o lar, somam-se ainda os benefícios financeiros liberados pelo governo federal na pandemia, como o auxílio emergencial de R$ 600 e o saque-emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
"Teve loja que aumentou em 40% as vendas. Todo mundo esperava uma retomada mais lenta do setor devido à pandemia, o que não se concretizou. De maneira geral, tivemos o cimento sendo muito procurado para pequenas reformas, as tintas para acabamentos e itens de decoração de casa, acessórios, utilidades de banheiros prontos, sendo os mais visados", destaca.
Além dos itens citados por Lesio, outros também entraram na lista de mais vendidos. O diretor da Compose Revestimentos e Acabamentos, Carlos Marianelli, conta que percebeu um aumento, principalmente, nas vendas de revestimentos e porcelanatos. Outros lojistas ouvidos pela reportagem disseram ainda que houve incremento na saída de itens como pinceis, prateleiras, ferramentas, como furadeira, e iluminação decorativa.
A produção lenta durante a pandemia é um dos fatores que estão reduzindo de maneira significativa o estoque de muitas lojas. Segundo a diretora comercial da Dalla Bernardina, Julia Dalla Bernardina, a indústria que abastece o segmento não está conseguindo repor na mesma medida em que as vendas vão aumentando.
Segundo Julia, a empresa, que tem cinco unidades quatro na Grande Vitória e uma em São Mateus e atende os públicos B e C, viu a venda dos galões de tinta dobrar nos últimos meses. "A demanda foi tanta que tivemos que colocar até mais uma marca para dar vazão. Antes, trabalhávamos com duas e agora são três", diz.
Carlos Marianelli lembra que, além desses problemas de reposição de estoque, os fornecedores estão aumentando os preços. "Está mais caro para a gente comprar. As empresas tinham se posicionado reduzindo a produção, então estamos enfrentando dificuldades em algumas linhas", comenta.
A maior preocupação dos empresários é em como repassar os custos para os consumidores. Julia explica que as indústrias já estão passando esses aumentos nos produtos que estão chegando às lojas. "Eles são significativos. A indústria de cerâmica repassou o aumento do gás. Já para as que trabalham com itens importados, tem o aumento do dólar", aponta.
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