Origem do novo surto de coronavírus, a China já registra uma forte queda nos casos da doença desde a última semana. Na cidade de Wuhan, marco zero da pandemia, as ocorrências que chegavam a mais de 200 por dia caíram para menos de 10. Com esse fim do pico do surto, moradores de cidades chinesas já começam a deixar o isolamento.
Com isso, já há sinais de uma retomada da atividade econômica na China, com pessoas voltando a consumir e a trabalhar, e comércios e fábricas estão voltando à normalidade.
O otimismo pode ser percebido pelo fechamento dos mercados financeiros chineses na sexta-feira (13), que mesmo após o caos nas bolsas do mundo todo no dia anterior, tiveram perdas modestas diante do cenário local melhor.
Para a economia global, sobretudo a brasileira e também a do Espírito Santo, esses últimos acontecimentos na China tem um significado importante: uma luz no fim do túnel diante da iminente recessão agravada pelo coronavírus.
Se países da Europa se tornaram o novo epicentro do vírus e até mesmo os Estados Unidos já adotam duras medidas de controle, a reativação da economia chinesa pode ser um alívio e tanto na crise brasileira e capixaba.
Em 2019, a China foi um importante parceiro comercial do Brasil e do Espírito Santo. O país asiático foi responsável por 27,3% das exportações nacionais e por 5,3% das exportações capixabas. Em relação ao total importado, 19,9% dos produtos estrangeiros comprados pelo Brasil vieram dos chineses, enquanto o Estado teve 18.5% das suas importações vindas da China.
Com a economia quase parada por conta do vírus, a China reduziu drasticamente suas vendas para o mercado brasileiro, chegando a desabastecer fábricas de insumos industriais como componentes eletroeletrônicos, maquinários, peças de automóveis e produtos químicos.
O "toque de recolher" por risco de contágio também fez a demanda chinesa cair, sobretudo por commodities metálicas e energia. Por ser o principal destino do minério de ferro e pelotas produzidas pela Vale no Brasil, a desaceleração do país chegou ao ponto da mineradora cogitar a suspensão de suas atividades globais, o que só no Espírito Santo afetaria 20 mil empregos e cerca de 100 empresas.
Para o sócio da Alphamar Investimentos Renan Lima, essa perda de força do vírus e reação da economia chinesa certamente será boa para atividade econômica global. "A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Qualquer impacto na economia deles a gente sente aqui. Então se melhorarem também é positivo para o país."
Lima lembra ainda que os chineses têm metas elevadas e um nível de produtividade extremamente alto capaz de recuperar as perdas econômicas do país.
Se de fato a economia chinesa apresentar uma reação significativa, aumentando a demanda global por commodities como petróleo e minério, por exemplo, isso ajudaria o Espírito Santo a se segurar minimamente no momento em que o consumo interno tende a cair, assim como o de países do Ocidente. Isso também ajudaria a Vale a dar continuidade em suas operações globais.
Outro fator positivo para o Brasil é a própria possibilidade de controle do vírus, que com a redução dos casos na China mostra ser possível. Segundo Lima, com isso as autoridades já sabem qual dever de casa fazer para evitar maior proliferação do Covid-19.
"A forma das autoridades tratarem o tema lá e a reação da sociedade fez o vírus ter sido controlado no país mais populoso do mundo. Foi um trabalho bem feito por parte dos chineses. Aqui no Ocidente o furacão chegou agora, mas já termos uma boa referência em termos de como dar respostas já dá algum alento, para o mercado e para as pessoas", diz.
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