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Petrobras quer investir e ter parcerias para ampliar tratamento de gás no ES

Petrobras quer investir e ter parcerias para ampliar tratamento de gás no ES

Unidades de Cacimbas, em Linhares, e Sul Capixaba, em Anchieta, que estão ociosas, devem passar a purificar combustível produzido por outras petroleiras

Publicado em 27 de outubro de 2020 às 05:02

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Unidade de Tratamento de Gás em Cacimbas, Linhares, da Petrobras, deve receber novos investimentos. Obras foram feitas pela União Engenharia
Unidade de Tratamento de Gás em Cacimbas, Linhares, da Petrobras, deve receber novos investimentos. (Miplan Engenharia/Reprodução site/Divulgação)

Petrobras quer ampliar o tratamento de gás natural em suas duas unidades no Espírito Santo. Em reunião com o governador Renato Casagrande, na sexta-feira (23), executivos da empresa sinalizaram a intenção de investir nas Unidades de Tratamento de Gás (UTGs) de Cacimbas, em Linhares, e a Sul Capixaba, em Anchieta. A informação foi passada com exclusividade pelo próprio governador.

Hoje, as duas unidades estão com ociosidade elevada. Segundo Casagrande, em Cacimbas, que tem capacidade para tratar diariamente até 16 milhões de metros cúbicos de gás natural, o processamento tem sido de apenas metade desse total. Para recuperar essa capacidade ociosa, a empresa pretende fazer parcerias com outras petroleiras para tratar o gás produzido por essas empresas.

O governador ainda relatou que a empresa não tem intenção de vender, ao menos por agora, as duas plantas localizadas no Espírito Santo. "A Petrobras está com planos de investir no gás, com projetos de investimentos nas duas unidades de tratamento que possui no Estado. Eles sinalizaram que a Petrobras não interesse de desinvestir desses ativos e que vai prestar serviços para outras empresas nas unidades", disse Casagrande para A Gazeta.

O investimento em questão não foi detalhado, já o compartilhamento das plantas de gás com terceiros é algo que já vinha sendo estudado pela Petrobras. Na reunião, solicitada pelo governador justamente para cobrar da estatal sobre a ociosidade de suas unidades no Estado e projetos de investimentos, a empresa também sinalizou que pretende continuar operando no Espírito Santo e que mantém projetos como a chegada de um novo navio-plataforma para o Sul capixaba em 2024.

Um dos presentes no encontro, o secretário de Estado de Desenvolvimento, Marcos Kneip, avaliou que a ampliação do processamento nas duas UTGs deve impulsionar o mercado de gás do Estado, podendo, inclusive, atrair novas empresas para cá com a maior oferta de gás, com chance também de redução do preço da molécula para o consumidor industrial e residencial, com essa abertura a empresas parceiras.

"Isso vai trazer uma garantia de fornecimento para quem quer se instalar aqui, atraindo novos investimentos, e também potencializa e dá competitividade a empresas que já atuam aqui para ampliarem suas atividades, por meio de um custo mais barato. Então é um forte atrativo, que se reflete em emprego, renda, arrecadação e desenvolvimento, além do ganho ambiental mudando a matriz energética do óleo para o gás", disse.

O consultor empresarial Durval Vieira Freitas, da DVF Consultoria, explicou que a recuperação da ociosidade das plantas é fundamental para o Estado. Além das parcerias com outras empresas para dar acesso ao parque de processamento, ele lembrou que a Petrobras também pode investir para trazer mais gás natural para as UTGs do Estado, fazendo a ligação delas com outros campos produtores, como o de Roncador, na Bacia de Campos, que é administrado pela unidade da estatal no Espírito Santo.

"São ativos muito importantes para o Espírito Santo, de alto valor, que se ampliarem o processamento vão estimular negócios no setor de óleo e gás e também viabilizar investimentos, com um gás mais barato. É preciso ter um cronograma urgente para recuperar essa ociosidade e, com isso, atrair empresas para o Estado", comentou.

Unidade de Tratamento de Gás Sul Capixaba - UTG Sul
Unidade de Tratamento de Gás Sul Capixaba, em Anchieta. (Agência Petrobras)

O Polo de Cacimbas (UTGC) é hoje o terceiro maior do país em capacidade de processamento de gás natural (16 milhões m3/dia). Já a UTG-Sul é de menor porte, podendo tratar até 2,5 milhões de m3/dia de gás natural. Ambas as plantas são ligadas por gasodutos marítimos a campos de produção offshore localizados na costa capixaba, tanto no pré-sal como no pós-sal. Depois de tratado nas UTGs, o gás é enviado por gasodutos de transporte em terra e, depois, distribuído pela ES Gás.

A companhia de distribuição - uma sociedade entre o governo estadual e a BR Distribuidora -, inclusive já divulgou que pretende construir um gasoduto em Linhares ligando o Polo de Cacimbas, localizado no litoral do município, até a região industrial da cidade. É estimado um investimento de R$ 40 milhões para construir a malha, que terá cerca de 28 quilômetros e vai reduzir os custos da distribuição, tendo potencial de atrair ainda mais negócios para a região.

NOVO MERCADO VAI DAR ACESSO A UNIDADES PARA OUTRAS EMPRESAS

A própria Petrobras tem visto um grande potencial em seus ativos de gás, como as unidades de processamento e os gasodutos, segundo Kneip, e sinalizou que, diante da nova legislação e também do marco regulatório do setor que tramita no Congresso,  já se prepara para um aumento da demanda pelo gás natural e para abrir suas unidades para outras empresas.

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A Petrobras enxerga que o novo mercado de gás vai mudar o status das suas unidades de tratamento. Como a tendência é de queda no custo da molécula e aumento da demanda, esses ativos que hoje estão um pouco ociosos terão grande potencial. Então, será uma forma da empresa maximizar esses ativos

Marcos Kneip
Secretário de Desenvolvimento do ES
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Com o novo mercado de gás, com as novas legislações estadual e a federal, as empresas produtoras poderão, em vez de apenas vender a o gás produzido para a Petrobras, fornecer diretamente para grandes consumidores, como indústrias, ou para a própria ES Gás. Mas, para isso, essas petroleiras - como Shell e Equinor, por exemplo - precisarão contratar a Petrobras para fazer o tratamento do gás nas UTGs e para usar seus gasodutos.

A Petrobras confirmou para A Gazeta que tem compromisso de disponibilizar o acesso de terceiros às unidades de processamento de gás natural, conforme acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2019 para que a empresa colabore na abertura do mercado de gás.

Segundo a estatal , até o momento, já houve conversas com 19 empresas para o acesso as suas unidades de processamento em todo o país e foi disponibilizada uma minuta de contrato de processamento para 13 produtoras que manifestaram esse interesse. Também foi criado um site específico para potenciais interessados em contratar capacidade de processamento de gás natural.

A Petrobras, no entanto, não deu números de empresas interessadas em usar as duas plantas locais, nem comentou sobre os projetos de investimentos para suas unidades de tratamento de gás no Estado. O Plano de Investimentos da companhia para os próximos cinco anos está sendo finalizado e deve ser divulgado em novembro.

MINISTRO: "ES TEM FUTURO PROMISSOR NO GÁS"

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou nesta segunda-feira (26) que o Espírito Santo tem um "futuro promissor" no setor de gás, diante do novo mercado e dos passos que o Estado já tem dado, como a nova legislação estadual que cria o mercado livre de gás e o contrato de concessão com a ES Gás, com normas mais modernas. A fala foi durante a abertura da Oil & Gas Week Espírito Santo, evento realizado pelo Fórum Capixaba de Petróleo e Gás da Findes, que neste ano acontece em versão on-line.

Bento Albuquerque lembrou que o Plano Indicativo de Gasodutos feito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com base em estudos de demanda e oferta, identificou a possibilidade de três novas rotas de escoamento de gás para o Espírito Santo, um trazendo gás do pré-sal e duas do pós-sal.

O ministro também lembrou que o ministério pretende criar um programa para incentivar a revitalização de campos maduros no mar, o que pode elevar, e muito, a produção capixaba de petróleo e gás. Seria nos moldes do Reate (Programa de Reativação de Campos Terrestres), já em andamento. A expectativa, segundo Albuquerque, é apresentar e submeter o programa à aprovação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) até dezembro.

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