A Petrobras começou a descontar o salário dos trabalhadores que aderiram à greve nacional dos petroleiros. De acordo com um documento interno da empresa obtido pela Reuters, uma parte do salário foi descontado no adiantamento que foi pago no dia 10.
A Petrobras foi procurada, mas ainda não confirmou o desconto dos salários dos grevistas.
Para o coordenador interino do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro), Valmisio Hoffmann, essa é uma forma da empresa pressionar os empregados. É uma tentativa, mas não vai funcionar. Pode até colocar mais sangue no olho da galera, disse Hoffmann.
Segundo ele, nesta quarta-feira (12) foi feito o desembarque dos trabalhadores que estavam na P-58 que aderiram à greve. A P-58 é muito importante para a Petrobras porque sozinha ela produz 120 mil barris de petróleo por dia e já tivemos a informação de que a produção caiu. Além disso, a P-57 pode paralisar a qualquer momento, comentou o representante do Sindipetro.
Assim como a P-58, a P-57 opera no Parque das Baleias, na porção capixaba da Bacia de Campos. Ela tem capacidade para processar diariamente até 180 mil barris de petróleo por dia e 2 milhões de m³ de gás.
No Espírito Santo, nesta terça-feira, estão sendo observadas paralisações na plataforma P-58, no Terminal Aquaviário de Vitória (Tevit), que recebe combustível no Porto de Tubarão, na Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC), em Linhares, e no Terminal Aquaviário de Barra do Riacho (TABR), em Aracruz - as duas últimas responsáveis por receber e tratar o gás natural.
Segundo o Sindipetro, ainda estão previstas para esta semana paralisações na base 61, que fica em São Mateus e na Estação Fazenda Alegre, em Jaguaré. Nos próximos dias o sindicato ainda promete um protesto no qual vai dar desconto de R$ 30 reais na compra de botijões de gás de cozinha.
Em todo o Brasil, 102 unidades do Sistema Petrobrás, em 13 estados do país, registraram adesões ao movimento. Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP) o que significa cerca de 20 mil trabalhadores na greve.
Os petroleiros cobram a suspensão das demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), previstas para terem início na próxima sexta-feira, 14, e o cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho.
Segundo a Petrobras, as paralisações não estão impactando as produções e não há nenhuma unidade totalmente parada - apenas funcionando com um número menor de empregados. A estatal afirmou que iniciou a contratação imediata de pessoas e serviços, de forma emergencial, para garantir a continuidade operacional em suas unidades durante a paralisação dos petroleiros.
A estatal explicou que a medida foi autorizada pela Justiça, uma vez que a ordem judicial de manter em serviço o mínimo de 90% do efetivo - determinada na semana passada pelo ministro Ives Gandra Martins Filho, do Tribunal Superior do Trabalho (TST) - não vem sendo cumprida pelos sindicatos.
A Petrobras também havia informado anteriormente por meio de nota que "considera descabidas as justificativas apresentadas pelos sindicatos, uma vez que todos os compromissos firmados na negociação do Acordo Coletivo de Trabalho vigente vêm sendo integralmente cumpridos".
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