Se 2019 foi morno na economia nacional e frustrante a nível de Espírito Santo, para este ano as coisas prometem ser bem melhores. Pelo terceiro ano seguido, economistas começam otimistas de uma retomada no Brasil, que deve fechar o ano de 2019 com um crescimento de apenas 1,1%.
Já no Estado, que até o terceiro trimestre do ano passado acumulava uma variação de 0% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, nem cresceu nem diminuiu, algumas expectativas para 2020 apontam para um crescimento ainda maior do que o do país.
Estimativa da LCA Consultores publicada no Boletim Econômico Capixaba, do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), calcula um crescimento de 5,2% do PIB capixaba em 2020. Já projeção para o PIB brasileiro, de acordo com o boletim Focus desta semana, é de crescimento de 2,3%. A variação, se confirmada, seria a melhor desde 2013.
Mas o que há de diferente nesse otimismo de 2020 em relação aos anos anteriores? Para o presidente do Sistema Findes, Léo de Castro, os indicadores macroeconômicos melhores e a agenda governamental clara, com menor incerteza política, são os pilares dessa recuperação.
Há um conjunto de fatos positivos, com o Brasil iniciando o enfrentamento objetivo dos problemas que ele carrega há muitos anos: fazendo reformas importantes como a previdenciária, falando abertamente numa carteira de privatizações, caminhando para o reequilíbrio fiscal e vivendo uma revolução nos juros. Ninguém nunca viu juro real de 0,8% no Brasil, e ainda com inflação de 3,7% e Selic de 4,5%. É tudo muito bom, comentou.
A volta do investimento privado também conta muito. Está todo mundo desengavetando os projetos e com perspectivas importantes de crescimento. O brasileiro por décadas se acostumou a deixar dinheiro no banco e isso não dava oportunidade pra ninguém. O juro baixo agora está fazendo o dinheiro voltar para a atividade produtiva, analisou Léo.
As reformas, segundo o economista Eduardo Araújo, devem ser a mola propulsora para estimular os investimentos.
No caso do Espírito Santo, há peculiaridades locais que elevam o otimismo e justificam um crescimento da economia ainda maior que a nacional. Um dos principais pontos é a retomada das operações da Samarco, em Anchieta, prevista para o último trimestre de 2020.
Parada desde novembro de 2015 após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), a mineradora obteve a Licença de Operação Corretiva (LOC) em outubro do ano passado. Quando voltar, a empresa vai utilizar novas tecnologias para o empilhamento de rejeitos a seco.
De acordo com o secretário estadual de Desenvolvimento, Marcos Kneip, a empresa já está fazendo contratações de pessoal e prestadoras de serviços, e iniciou reformas na unidade de Ubu, em Anchieta, para retomar as atividades.
Outro termômetro que tem sinalizado esse bom ano é a construção civil. Para 2020, o setor estima gerar 5 mil novos empregos no Estado segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon), Paulo Baraona.
Estamos calculando um crescimento da demanda imobiliária da ordem de uns 10% e aumentar em pelo menos 5 mil as vagas de trabalho, que não chega a ficar muito longe do que sempre tivemos. As empresas em 2020 devem ousar e arriscar mais, mas, é claro, focado na demanda do mercado, explicou.
Léo de Castro, da Findes, citou a importância da recuperação do setor. É o que recupera mais rapidamente os postos de trabalho. A construção está retomando sua dinâmica com um ciclo de aprovação de projetos e lançamentos e posicionamento para ser uma das indústrias que mais vai crescer. É um ótimo sinal.
Apesar do otimismo, Léo lembrou do caminho que é preciso trilhar. Se o cenário para o Brasil é bom, para o Espírito Santo é duas, três vezes melhor. Mas para isso tudo tem que fazer o dever de casa que precisa ser feito. A gente entra como favorito em campo, mas se não jogar bem perde o jogo. Tudo tem que servir de estímulo para gente trabalhar mais e ser competente na entrega.
Eles vão representar mais emprego, renda e contribuem para a retomada da confiança.
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