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Pix atrai criminosos e velhos golpes financeiros ganham nova cara no ES

Pix atrai criminosos e velhos golpes financeiros ganham nova cara no ES

Pandemia provocou um aumento no número de golpes no Espírito Santo. Usando o novo sistema de pagamentos, os estelionatários ganharam agilidade enquanto, para as vítimas, ficou mais difícil recuperar o dinheiro perdido

Publicado em 5 de fevereiro de 2021 às 16:24- Atualizado há 4 anos

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Pix é um novo meio de pagamento eletrônico do Brasil lançado oficialmente pelo Banco Central no dia 5 de outubro de 2020, com início de funcionamento integral em 16 de novembro de 2020
O Pix é um novo meio de pagamento eletrônico do Brasil que funciona desde novembro. (Tiago Caldas /Fotoarena/Folhapress)

A chegada do Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, deu um "upgrade" nas velhas formas de golpes financeiros que o brasileiro já conhece. A agilidade da ferramenta atraiu a atenção de estelionatários que, entre outros crimes, clonam e sequestram contas de WhatsApp para pedir dinheiro aos parentes e amigos da vítima.

Com essa nova tecnologia, os bandidos conseguem obter o dinheiro mais rapidamente e, assim, fica mais difícil para a vítima perceber a tempo o golpe e conseguir recuperar o recurso perdido. Só em 2020, mais de de 5 milhões de brasileiros tiveram o WhatsApp clonado, cerca de 73 mil no Espírito Santo, segundo projeção do dfndr lab, laboratório especializado em segurança digital da PSafe.

O roteiro inicial é o mesmo: os criminosos invadem a conta de um número de WhatsApp e se fazem passar pela vítima, enganando seus contatos e pedindo um suporto empréstimo para pagar uma dívida. "Minha conta excedeu o limite diário de transferência. Amanhã cedo eu te devolvo", é o discurso de praxe.

O golpe, que é uma adaptação dos crimes já cometidos através de transferências por TED e DOC, agora conta com a instantaneidade e fluidez do Pix. Além do novo sistema facilitar o crime, outros fatores como a crise econômica e o isolamento social também têm contribuído para um crescimento de golpes financeiros no Espírito Santo, muitos com essa nova cara.

Foi o que observou o delegado Brenno Andrade, titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) da Polícia Civil. Segundo ele, o aumento do tempo de uso da internet pelos usuários, principalmente durante a pandemia, tem tornado as pessoas mais suscetíveis a caírem em armadilhas. Na delegacia, as queixas são frequentes.

Outro formato golpe usando o Pix foi detectado e alertado pelo Nubank. Segundo o banco digital, a mais recente tentativa dos criminosos é espalhar vídeos e mensagens sobre um suposto bug do Pix que permitiria receber dinheiro em dobro na conta usando transferências com chave aleatória.

Funciona assim: os estelionatários compartilham mensagens dizendo que é possível fazer uma transferência via Pix e ganhar o dinheiro em dobro na conta, o que seria possível devido a falhas de instituições financeiras e do sistema. Eles ainda explicam que, para o bug funcionar, é preciso enviar o dinheiro para chaves específicas, que na verdade são das contas dos próprios golpistas.

O cadastro das chaves Pix também está na mira dos criminosos. Um dos casos mais recentes é o de uma empresa de Vitória que, em dezembro, perdeu quase R$ 70 mil em um golpe envolvendo o sistema.

Os golpistas se passaram por funcionários de um banco em que a companhia tinha conta e pediram informações do negócio, inclusive dados bancários e senhas, com o intuito de cadastrar uma suposta chave Pix. De posse dessas informações, transferiram o dinheiro da empresa para outras contas.

Esses golpes se unem a tantos outros com objetivo de roubar dinheiro do consumidor, sobretudo através dos meios digitais, como pelo WhatsApp. Nesta semana, a Polícia Federal desarticulou uma quadrilha no Espírito Santo que invadia celulares e computadores para roubar contas bancárias.

“Nenhum dos golpes é novo, eles apenas surgem com uma nova roupagem. E, desde que a pandemia começou, têm se tornado mais frequentes os relatos de pessoas que foram vítimas. Um dos motivos para isso é justamente o fato de que as pessoas estão usando mais os dispositivos, passando mais tempo conectadas”, observou o titular da DRCC, Brenno Andrade.

CUIDADOS

O delegado destaca que, na maioria das vezes, o golpe é fácil de ser desmascarado. Um pouquinho de desconfiança e fica claro que se trata de uma armadilha. “A maioria dos relatos que chegam até nós são de pessoas que, inclusive, admitem que estavam distraídas no momento em que forneceram os dados, ou transferiram o dinheiro a pedido de alguém.”

Andrade reforça que é preciso ter atenção ao receber qualquer contato suspeito, com promessas de vantagens ou pedindo informações e dinheiro. Ele ainda alerta para que a população não saia clicando em links recebidos pelas redes sociais ou informando seus dados a qualquer um.

“É preciso ter esses cuidados. E, no caso do Pix, particularmente, vale destacar que é um meio de pagamento seguro. Primeiro porque todo o cadastro é feito pelo aplicativo do banco, cujo acesso é realizado por meio de login e senha – não por ligação ou mensagens. Se alguém entrar em contato para realizar o cadastro, desconfie que é golpe. E, em segundo lugar, você precisa digitar uma senha para cada transação que realiza. Então, há um certo controle.”

O delegado orienta, inclusive, que os usuários façam o cadastro das chaves Pix – apelidos da conta, que tornam desnecessário fornecer número de conta do banco e agência –, mesmo que não tenha intenção de utilizar, pois isso impossibilita que golpistas utilizem os dados para criar uma chave falsa. Isso porque, uma vez que CPF, e-mail ou o número de celular, por exemplo, estejam cadastrados, não é possível criar uma nova chave Pix com a mesma informação.

“Mas, se ainda assim a pessoa foi vítima de um golpe – e muitos dos crimes que nós pegamos na delegacia são situações que as pessoas estavam distraídas –, a orientação é para que registre um boletim de ocorrência. É difícil reaver o dinheiro porque, uma vez que é transferido para fora da conta, o golpista rapidamente saca ou transfere para outro lugar. Mas é possível identificar quem é o criminoso, e ele vai responder pelo crime. Isso, inclusive, protege outras pessoas da mesma situação.”

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