Antes do Pix e depois do Pix. Essa poderia ser uma definição para a transformação causada pela modalidade lançada há dois anos na vida do brasileiro. Daniele Santos, 31, vendedora de bolos há três anos no bairro Porto de Santana, em Cariacica, é uma pessoa que sentiu as mudanças causadas pelo sistema de pagamentos instantâneos.
Ela conta que desde que o mecanismo começou a funcionar, os clientes têm optado pelo Pix, independentemente do valor gasto com os produtos que ela fabrica e comercializa.
O cenário na vida de Daniela se repete em todo o país. A Febraban afirmou que os brasileiros utilizam mais o Pix em gastos de menor valor. Em setembro, os recursos empregados foram em média R$ 444 por cada conta-corrente que aderiu ao serviço.
Instantâneo e prático, as promessas anunciadas pelo Banco Central no lançamento do Pix em 2020 se mostraram verdadeiras e atraíram milhares de brasileiros. Nos últimos dois anos, a rapidez levou a 26 bilhões de transações no sistema financeiro nacional, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), somando R$ 12,9 trilhões em recursos movimentados.
O levantamento ainda mostrou que o cartão de crédito e boletos já estão ficando ultrapassados. Em fevereiro deste ano, as transações com as duas opções, já eram menos usadas do que com Pix. Já os formatos mais antigos - DOC e TED - já haviam sido deixados para trás quatro meses depois da presença do Pix entre os brasileiros.
No mês de setembro, quase metade dos usuários são da Região Sudeste (43%), seguido do Nordeste (26%), do Sul (12%), do Norte (10%) e do Centro Oeste (95), segundo dados da Febraban. Em relação aos usuários, 64% têm entre 20 e 39 anos.
A quantidade de chaves também alcançou números milionários, com 523,2 milhões delas cadastrada no Diretório de Identificadores de Contas Transacionais do Banco Central desde o lançamento.
As chaves aleatórias são as preferidas e somam 213,9 milhões, seguida das chaves por CPF (114,2 milhões), celular (108,3 milhões), e-mail (77,5 milhões). Até outubro, 141,4 milhões de brasileiros já tinham usado o Pix em seus pagamentos.
Valquimar Fardin, 48, é dono de uma loja de móveis em Vila Velha desde 2004 . Desde o Pix, tem tido um retorno mais rápido no mercado. Para o empresário, a entrada do dinheiro no mesmo momento possibilita reabastecer o estoque mais rápido, além de poder prestar um serviços mais veloz.
“Isso impulsionou as vendas, pois o Pix é como se fosse débito. O TED e DOC demoravam alguns dias para cair e agora não. É mais seguro também, antes entregava e precisava ficar esperando e vigiando o dinheiro cair. Agora, o retorno é na hora, é bom para todo mundo”, explicou Fardin.
O desconto também foi um efeito colateral do Pix para o empresário. De acordo com Fardin, é possível oferecer abatimentos melhores para os clientes.
Novas atividades e regras foram criadas desde o nascimento do sistema de pagamentos instantâneos há dois anos. O Pix troco e saque são alguns deles e trouxeram melhorias que, de acordo com o Banco Central, prometem auxiliar quem utiliza a ferramenta.
A atividade, disponível durante as 24 horas do dia, inclusive aos sábados, domingos e feriados, não cobra taxas do consumidor ou microempreendedor individual.
Outra mudança que aconteceu ao longo dos anos é o limite de valor a ser transferido entre os horários de 20h às 6h, quando é liberado no máximo R$ 1 mil. O período de restrição pode ser ampliada para ser de 22h às 6h para destinatários específicos, mas deve ser feita uma solicitação ao banco. A resposta demora até dois dias.
O Banco Central planeja lançar ainda novas funções, como o Pix Offline que permite enviar o valor sem necessidade de acesso à internet. O Pix Aproximação é outra promessa. Quem for usar é só "chegar perto" da maquininha para pagar com o sistema rápido.
Já a versão débito automático do sistema deve chegar em 2023. Quem gosta de parcelar as compras terá essa oportunidade com o Pix Garantido. O Banco Central avalia essa ferramenta que trará a capacidade de parcelar sem necessidade de um cartão bandeirado, o que pode tornar mais barato a divisão da cobrança.
A transferência monetária está sendo estudada para funcionar no modo internacional. A funcionalidade permitiria os usuários comprar sem um cartão de crédito em viagens fora do país.
O Pix é operado pelo Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), mantido pelo Banco Central. O SPI está conectado às instituições financeiras, tanto bancos quanto fintechs, cooperativas de crédito e empresas de pagamentos. O sistema é vinculado a uma ou mais contas que você já tem nessas instituições. Para usar, basta encontrar o ícone do Pix do aplicativo ou internet banking, assim como funciona com DOC e o TED, por exemplo.
Entre no aplicativo de seu banco e procure o Pix. A recomendação da Febraban é registrar uma chave para vincular à sua conta e pode ser o número de telefone celular, e-mail e CPF ou CNPJ, no caso das empresas. Pessoas físicas podem registrar até 5 chaves por conta e empresas até 20 chaves. A chave não é obrigatória, mas facilita todo o processo por funcionar como um localizador.
Após o cadastro feito no aplicativo você deve pedir a chave de quem for receber o pagamento. Então, é necessário abrir o aplicativo, digitar uma das chave e depois o valor. Em seguida é solicitado a senha feita junta ao seu banho para realizar as transferências bancárias, depois desse processo o dinheiro cai imediatamente na conta da pessoa a quem enviou ou a empresa a qual pagou.
Existe a opção de fazer por QR Code. Com ele, é preciso de um celular com câmera e o aplicativo de seu banco instalado no celular. Um terceiro jeito é informar os dados bancários convencionais (nome, CPF, banco, agência e conta) de quem vai receber o pagamento.
O Pix troco foi lançado em 2022 e permite o retorno de dinheiro em espécie de um pagamento feito de forma virtual. Por exemplo, você comprou R$ 100 em uma loja, e precisa de R$ 20 em dinheiro físico. Então você paga ao estabelecimento R$ 120, e o comércio te devolve em dinheiro o troco dos R$ 20.
Mas quem optar por esse serviço deve ficar atento. Ele só é liberado em locais credenciados pelo Banco Central. Cada espaço pode definir os horários de funcionamento dessa função, além do valor máximo. É possível utilizar essa atividade de graça oito vezes no mês, após essa quantidade, é cobrada uma taxa de R$ 7,50.
A dinâmica é quase igual a do Pix troco, mas não há a necessidade de gerar um valor em cima da compra feita no comércio. O atendente vai gerar o QR Code com o valor solicitado para a retirada do dinheiro. As regras válidas para o troco, valem para o saque também.
O Pix Parcelado é um crédito pré-aprovado que pode ser usado para dividir transferências e pagamentos, de acordo com a Febraban. É possível comprar produtos e serviços em até 24 meses, e ao utilizar essa opção são cobrados juros e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A principal diferença entre entre essa opção e o parcelamento no cartão de crédito é que, no cartão, os custos da operação são do vendedor. Assim a empesa pode repassar adicionando o valor das taxas ao preço do produto. No caso do Pix Parcelado, os juros são exibidos no momento da contratação e você fica sabendo na hora quanto vai pagar.
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