O navio-plataforma FPSO P-57 voltou a operar cinco dias após ter operações interditadas no dia 23 de novembro. As atividades foram retomadas no último dia 28, segundo a Petrobras, com autorização da Marinha, que tinha aplicado a suspensão dos trabalhos.
A plataforma, localizada no Parque das Baleias, na porção capixaba da Bacia de Campos, foi interditada em uma vistoria anual da Marinha. Na ocasião foram detectados problemas, segundo a Petrobras, nos “cabos de acionamento remoto da liberação dos freios das baleeiras”.
Segundo informações do Sindicato dos Petroleiros no Espírito Santo (Sindipetro-ES), os cabos se romperam. As baleeiras são embarcações utilizadas para retirar a população embarcada na plataforma em casos de situações de emergência.
Na ocasião, a Petrobras informou, por nota, que o FPSO P-57 teve sua produção interrompida por segurança em função de um problema detectado durante testes nos cabos de acionamento remoto da liberação dos freios das baleeiras (embarcações de salvatagem).
“Esse tipo de teste é realizado com o objetivo de detectar falhas previamente. Em nenhum momento a capacidade de salvatagem da plataforma foi comprometida”, disse o texto da nota.
A petroleira acrescenta que a plataforma está localizada no campo de Jubarte, na parte capixaba da Bacia de Campos, a 70 km da costa. “Os reparos foram realizados e, após avaliação dos órgãos fiscalizadores, a produção foi retomada”, informou.
Segundo Valnísio Hoffmann, coordenador-geral do Sindipetro-ES, o problema ocorreu durante a vistoria da Marinha, quando foram realizados testes de descida das quatro baleeiras da P-57. Durante o acionamento remoto das embarcações, houve rompimento dos cabos das baleeiras de números 1, 3 e 4.
“Outro problema também identificado pela vistoria foi que o bote de resgate da unidade não estava disponível, sendo utilizado por outra embarcação”, explicou Hoffmann.
Em função dos problemas nos sistemas de acionamento remoto das baleeiras, associado à indisponibilidade do bote de resgate, foi suspensa a autorização de operação da plataforma até que o problema seja solucionado. Logo após a decisão dos vistoriadores da Marinha, foram iniciados os procedimentos de parada da plataforma, que teve a sua operação suspensa.
“Este é o retrato do sucateamento que temos denunciado. É a segunda plataforma este ano que foi interditada”, observou Hoffman.
De acordo com o Sindipetro-ES, a P-57 é uma plataforma do tipo FPSO (sigla em inglês que significa unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo) e integra a segunda fase de desenvolvimento do campo de Jubarte. É considerada a segunda maior do Estado.
No dia 13 de novembro ocorreu outro problema na P-57, quando foi registrado um incêndio, resultado de um curto circuito na parte interna na chamada “caixa de ligação de 11kv do Turbogerador TG-04”.
“A ocorrência evoluiu para a parada geral dos sistemas de geração principal de emergência, auxiliar e de alimentação ininterrupta (UPS), com consequente parada total da produção da plataforma. Na prática houve um princípio de incêndio, o sistema de segurança atuou gerando um blecaute na plataforma”, explicou Hoffmann.
Com o blecaute a plataforma ficou sem operar por cerca de duas horas. “Em virtude desse princípio de incêndio, cujas causas estão sendo investigadas, a Marinha solicitou um relatório questionando se havia riscos de acidente mais grave”, explicou o coordenador geral Sindipetro-ES.
Também foi constituída uma comissão com o objetivo de investigar e analisar as causas do incidente, considerado de alto potencial de risco.
“Os dois fatos ocorridos com uma diferença de dez dias entre eles. E se ocorresse uma tragédia, com um novo incêndio, e a população embarcada dependesse das baleeiras, ela não conseguiria ser retirada. É uma situação grave”, alerta Hoffmann.
Um outro navio-plataforma, o FPSO Cidade de Vitória, foi interditado este ano após fiscalização da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
A unidade apresenta problemas que variam de riscos de vazamento de gases perigosos, em taxas cinco vezes maiores do que o previsto em projeto, até falhas nos sistemas de comunicações com a população embarcada, que estaria acima da capacidade prevista e habitando locais de risco.
A fiscalização no Cidade de Vitória foi realizada no período de 30 de maio a 3 de junho deste ano, com auto de interdição e notificação. No documento, é dito que a operação só poderá ser retomada após serem cumpridas todas as exigências estabelecidas pela ANP.
"O operador (da plataforma) somente estará autorizado a retomar a produção após comprovação de atendimento das notificações a seguir e formalmente autorizado pela ANP", diz o texto do boletim de fiscalização.
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