As operações do navio-plataforma P-57, localizado no Parque das Baleias, que fica na porção capixaba da Bacia de Campos, foram interditadas em uma vistoria anual da Marinha nesta quarta-feira (23). A Petrobras informou que a operação foi suspensa após ser detectado problemas nos “cabos de acionamento remoto da liberação dos freios das baleeiras”.
Segundo informações do Sindicato dos Petroleiros no Espírito Santo (Sindipetro-ES), os cabos se romperam. As baleeiras são embarcações utilizadas para retirar a população embarcada na plataforma em casos de situações de emergência.
Por nota, a Petrobras informou que o FPSO P-57 teve sua produção interrompida por segurança em função de um problema detectado durante testes nos cabos de acionamento remoto da liberação dos freios das baleeiras (embarcações de salvatagem).
“Esse tipo de teste é realizado com o objetivo de detectar falhas previamente. Em nenhum momento a capacidade de salvatagem da plataforma foi comprometida”, disse o texto da nota.
A petroleira acrescenta que a plataforma está localizada no campo de Jubarte, na parte capixaba da Bacia de Campos, a 70 km da costa. “Os reparos foram realizados e, após avaliação dos órgãos fiscalizadores, a produção será retomada”, informou.
Segundo Valnísio Hoffmann, coordenador-geral do Sindipetro-ES, o problema ocorreu durante a vistoria da Marinha, quando foram realizados testes de descida das quatro baleeiras da P-57. Durante o acionamento remoto das embarcações, houve rompimento dos cabos das baleeiras de números 1, 3 e 4.
“Outro problema também identificado pela vistoria foi que o bote de resgate da unidade não estava disponível, sendo utilizado por outra embarcação”, explicou Hoffmann.
Em função dos problemas nos sistemas de acionamento remoto das baleeiras, associado à indisponibilidade do bote de resgate, foi suspensa a autorização de operação da plataforma até que o problema seja solucionado. Logo após a decisão dos vistoriadores da Marinha, foram iniciados os procedimentos de parada da plataforma, que teve a sua operação suspensa.
“Este é o retrato do sucateamento que temos denunciado. É a segunda plataforma este ano que foi interditada”, observou Hoffman.
De acordo com o Sindipetro-ES, a P-57 é uma plataforma do tipo FPSO (sigla em inglês que significa unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo) e integra a segunda fase de desenvolvimento do campo de Jubarte. É considerada a segunda maior do Estado.
Por intermédio de sua assessoria, a Marinha informou que a inspeção na P-57 foi realizada pelo Grupo de Vistoria e Inspeção (GVI), cujo trabalho é feito em todas as embarcações, como plataformas e navios da marinha mercante.
Informa ainda que é uma atividade rotineira onde são realizados vários testes. E ao identificar um problema, é feita a paralisação das operações, em uma interdição administrativa, até que ele seja resolvido. Após a solução, uma nova vistoria é realizada e a operação é liberada.
De acordo com o Sindipetro, há informações de que os cabos de acionamento remoto das baleeiras foram substituídos, mas em um primeiro teste houve uma ocorrência de torção, que impossibilitou o seu funcionamento. Foi promovido o acerto e novos testes estavam sendo feitos.
Há ainda uma visita do vistoriador da Marinha agendada para esta sexta-feira (25), para a realização de novos testes.
Outro problema na P-57 ocorreu no último dia 13, quando foi registrado um incêndio, resultado de um curto circuito na parte interna na chamada “caixa de ligação de 11kv do Turbogerador TG-04”.
“A ocorrência evoluiu para a parada geral dos sistemas de geração principal de emergência, auxiliar e de alimentação ininterrupta (UPS), com consequente parada total da produção da plataforma. Na prática houve um princípio de incêndio, o sistema de segurança atuou gerando um blecaute na plataforma”, explicou Hoffmann.
Com o blecaute a plataforma ficou sem operar por cerca de dois horas. “Em virtude desse princípio de incêndio, cujas causas estão sendo investigadas, a Marinha solicitou um relatório questionando se havia riscos de acidente mais grave”, explicou o coordenador geral Sindipetro-ES.
Também foi constituída uma comissão com o objetivo de investigar e analisar as causas do incidente, considerado de alto potencial de risco.
“Os dois fatos, ocorridos com uma diferença de dez dias entre eles. E se ocorresse uma tragédia, com um novo incêndio, e a população embarcada dependesse das baleeiras, ela não conseguiria ser retirada. É uma situação grave”, alerta Hoffmann.
Um outro navio-plataforma, o FPSO Cidade de Vitória, foi interditado este ano após fiscalização da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que interditou suas operações.
A unidade apresenta problemas que variam de riscos de vazamento de gases perigosos, em taxas cinco vezes maiores do que o previsto em projeto, até falhas nos sistemas de comunicações com a população embarcada, que estaria acima da capacidade prevista e habitando locais de risco.
A fiscalização no Cidade de Vitória foi realizada no período de 30 de maio a 3 de junho deste ano, com auto de interdição e notificação. No documento, é dito que a operação só poderá ser retomada após serem cumpridas todas as exigências estabelecidas pela ANP.
"O operador (da plataforma) somente estará autorizado a retomar a produção após comprovação de atendimento das notificações a seguir e formalmente autorizado pela ANP", diz o texto do boletim de fiscalização.
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