O maior acidente da história da indústria petroleira no Espírito Santo completou cinco anos neste mês e ainda é cercado de perguntas sem respostas. Em 11 de fevereiro de 2015, uma explosão na casa de bombas do navio-plataforma Cidade de São Mateus, no litoral de Aracruz, deixou nove mortos e 26 feridos.
A embarcação era operada pela norueguesa BW Offshore mediante contrato com a Petrobras para produção no campo de Camarupim. Desde então, os seis poços de produção de gás e dois de petróleo do campo estão sem produzir.
Uma das perguntas sem resposta é sobre o futuro da FPSO (sigla em inglês para unidade flutuante que produz, armazena e transfere óleo). Desde 2016, a plataforma deixou o Espírito Santo rumo ao estaleiro da Keppel, em Singapura, para passar por reparos.
Até hoje, porém, a FPSO Cidade de São Mateus está ancorada no estaleiro em lay-up, ou seja, fora de serviço. A unidade tem capacidade de produzir 10 milhões de metros cúbicos de gás por dia e 35 mil barris de óleo por dia, podendo armazenar até 700 mil barris de óleo.
A dúvida quanto ao futuro do navio-plataforma é grande. Isso porque ele era afretado pela Petrobras. O contrato chegou a ser prorrogado em 2018 quando a estatal e a BW chegaram a discutir um plano para retomada da operação da FPSO em Camarupim, mas isso não foi a frente.
Em janeiro desse ano veio a confirmação: a Petrobras vai vender sua participação no Polo de Camarupim, que inclui os campos de Camarupim e Camarupim Norte, localizados na Bacia do Espírito Santo.
Na divulgação da venda no dia de 15 de janeiro, a petroleira informou que a plataforma, como era fretada e não se encontra mais no local, não compõe a potencial transação.
A investidores, a Petrobras informou que após o acidente em 2015 e desmobilização da FPSO Cidade de São Mateus, foi estabelecido o Projeto de Continuidade da Produção de Camarupim.
O plano de desenvolvimento consiste na conexão de dois poços que produzem gás diretamente com a Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas, em Linhares, através de gasoduto de escoamento existente no campo vizinho de Golfinho, também colocado à venda. Nesse último campo, opera a FPSO Cidade de Vitória, que também é afretado e operado pela Saipem.
A Petrobras não informou os motivos pelos quais optou por colocar o campo de Camarupim à venda nem se ainda possui contrato de afretamento da FPSO Cidade de São Mateus. A BW Offshore não foi localizada para comentar.
Nessa meia década após o acidente, famílias de vítimas foram indenizadas e multas foram aplicadas. No entanto, ninguém foi responsabilizado criminalmente e até agora e pairam dúvidas se isso ainda acontecerá. Conforme A Gazeta noticiou com exclusividade, um jogo de empurra judicial e complicações pelo fato dos acusados serem estrangeiros têm atrasado o andamento do caso da Justiça.
Na esfera trabalhista, o Ministério Público do Trabalho (MPT) chegou a ajuizar ação civil pública pedindo condenação das empresas por danos morais coletivos. Em setembro de 2018, um acordo foi firmado com a Petrobras prevendo o pagamento de R$ 8 milhões em danos morais coletivos. Em janeiro de 2019, foi assinado acordo com BW para pagamento de R$ 2 milhões. As empresas se comprometeram a tomar medidas de segurança para trabalhadores embarcados.
A Petrobras afirmou acompanha de forma diligente os processos que ainda tramitam envolvendo o acidente. A BW Offshore, empresa que era a responsável pela operação do navio e empregadora da tripulação, vem celebrando acordos e dando cumprimento os valores decorrentes das condenações judiciais", informou.
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