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"Pocket party": conheça as festas que viraram moda e negócio na pandemia

"Pocket party": conheça as festas que viraram moda e negócio na pandemia

Diante da crise do coronavírus, empresários do setor de eventos têm apostado em festas de pequeno porte, com bufê, decoração e fotografia em casa, para grupos de até 10 pessoas. Modelo garantiu a sobrevivência de empresas

Publicado em 9 de janeiro de 2021 às 20:04- Atualizado há 4 anos

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Bufê de Pocket Party dos irmãos Motta
Bufê de pocket party organizada pelos irmãos Motta: saída para a crise. (Irmãos Motta/Divulgação)
Mônica Moreira*
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O mercado de eventos e festas foi um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Desde março do ano passado, os empresários do setor passaram a lidar com uma chuva de cancelamentos e adiamentos em função das restrições e do distanciamento necessários no momento. Foi em meio a esse cenário de caos que muitos encontraram uma alternativa para reinventar seus negócios: fazer festas pequenas para as famílias em suas próprias casas. 

As chamadas “pocket party”, ou festa de bolso, na tradução, foram a saída para muitos donos de bufês e decoradores para sobreviverem no auge da pandemia. A modalidade chegou no Brasil ainda em 2019, mas não tinha muita adesão. Com o coronavírus, o formato passou a ser a opção para aqueles que não queriam deixar passar em branco algumas datas especiais.

É uma festa na casa do cliente, com decoração, fotografia e bufê, mas atendendo pequenos grupos familiares entre 5 e 10 pessoas. O boom se deu no pico de casos e das restrições no Espírito Santo. Meses depois, diante das medidas de flexibilização, a demanda pelo modelo caiu. Mas, a partir das últimas semanas de 2020, com o repique de casos justamente na época das festas de final de ano, a procura voltou a crescer. 

A pocket party foi a alternativa de trabalho encontrada pelos irmãos Glaucimara Amorim Motta, Gleyciane Amorin Motta de Oliveira e Glauber Amorim Motta. Proprietários de um restaurante no bairro Jardim Camburi, em Vitória, há dois anos eles resolveram investir num bufê para atender às demandas de festas com público mais intimista (entre 40 e até 100 pessoas). Mas, no auge do negócio, veio a pandemia.

“Devido ao restaurante as pessoas começaram a nos procurar para fornecer bufê para festas infantis e com isso nós vimos a oportunidade de negócio intimista. Mas veio a pandemia e nós tivemos que nos reinventar”, declarou Glaucimara.

Os empresários passaram a elaborar kits para grupos de até 10 pessoas, levando os alimentos na casa do contratante. Tudo previamente preparado, embalado e higienizado, entregue de maneira rápida e sem muito contato com o cliente. Depois também surgiram os kits empresariais, para home office e aniversários.

Bufê de Pocket Party dos irmãos Motta
Bufê de pocket party organizada pelos irmãos Motta. (Irmãos Motta/Divulgação)

Após a grande procura, eles resolveram incrementar o já novo modelo de negócio passando a atender também grupos de 10 a 15 pessoas e fornecer 1 garçom ou copeiro para as festas, seguindo normas de distanciamento, uso de máscaras, álcool e luvas. “Essa readaptação foi necessária e a necessidade de um prestador de serviços nosso é de acordo com a vontade do cliente, porque muitos preferiam não tê-lo no local por prevenção”, disse a empresária.

A readequação foi classificada pelos irmãos empresários como uma solução de emergência e que deu retorno razoável. Para as pockets, Glaucimara contou que elaborou modelos que variam entre R$ 70 e R$ 150 (atendendo entre 5 e 10 pessoas), um formato bem mais em conta que seus bufês tradicionais que atendiam até 150 pessoas e variavam entre R$ 40 e R$ 50 por pessoa para o bufê infantil; R$ 60 e R$ 75 por pessoa para o bufê adulto; e R$ 75 por pessoa para o bufê para casamento.

Além de sobreviver à pandemia, a empresária relatou que o novo modelo de festa foi uma oportunidade também para adquirir uma nova carteira de clientes. “Foi uma experiência positiva pela nova cartela de cliente que nós tivemos, além da que já tínhamos. Nos ajudou de certa forma, mas ainda assim sem as festas maiores tivemos que dispensar quatro funcionários de carteira assinada e deixar de contratar cerca de 10 temporários que nos atendiam. Hoje estamos apenas com 2 funcionários fixos”, comentou.

Dentro do mercado de festas, quem também passou por readaptações foi a decoradora Lorena Emerich. De 10 festas que ela tinha agendadas em janeiro de 2020, ela se viu realizando em nove meses apenas 15 festas ao todo, entre fevereiro e o início de outubro. O resultado foi uma queda brusca no faturamento.

Decoração de Pocket Party de  Lorena Emerich
Decoração de Pocket Party de Lorena Emerich. ( Lorena Emerich/Divulgação)

O serviço da decoradora tem valor a partir de R$ 1.400 e, durante a pandemia, ela se reinventou atendendo às pocket party que custaram a partir de R$ 350. A diferença, de acordo com ela, é o aparato montado.

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O meu segmento é o de festas intimistas, mas durante a pandemia eu resolvi montar os kits para atender aos públicos menores e também conseguir trabalhar. Eu fiz caixas para os dias dos namorados, caixas para o dia dos pais, das mães, café da manhã, reinventei e isso me garantiu sobreviver em meio à pandemia

Lorena Emerich
Decoradora
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Kaique Salles, proprietário de uma casa de carnes em Itaparica, Vila Velha, aderiu à reinvenção do seu negócio antes mesmo da pandemia. Ele criou um serviço visando atender ao público que tinha interesse em juntar poucas pessoas, até no máximo 30, com a comodidade de receber carnes apropriadas para a ocasião e um profissional para assá-las e servir. Com a pandemia e o distanciamento social, ele passou a atender apenas 20 pessoas e receber pedidos para suprir a necessidade de apenas 15.

Foi aí que criou dois tipos de kits: o básico, custando R$ 29,90 por pessoa e o premium, R$ 36,90 por pessoa. O modelo de negócio, segundo Salles, foi promissor durante o isolamento social, porém, com a flexibilização dos bares, ele percebeu a estagnação do que era uma demanda crescente. “O meu serviço não substitui festas e bares. É uma forma de dar mais comodidade ao cliente, mas eu estou percebendo que está estabilizado agora e não deve crescer mais”.

Kit Churrasco: Pocket Party de Kaique Salles
Kit Churrasco para pequenos grupos foi a saída encontrada por Kaique. (Kaique Salles/Divulgação)

Tanto os irmãos Motta, como Lorena e Kaique têm a mesma opinião sobre o mercado das festas pocket. Eles acreditam que esse modelo não sobreviverá após o período da pandemia, já que a procura está em declínio atualmente. Glaucimara, por exemplo, afirma que as pocket têm sido procuradas em maior quantidade para aniversários de idosos.

“A gente vai continuar, mas passando a pandemia as pessoas vão querer festejar em ambientes maiores. Hoje em dia mesmo, a procura é mais para festa de avós, porque são os que correm mais riscos”, destacou.

Já a decoradora observou junto aos clientes de festas pocket a ânsia pela flexibilização e retorno dos grandes eventos. “Quando eu chegava na casa do cliente eu via a tristeza no rosto deles e muitos falavam que estavam fazendo daquele jeito porque não tinham escolha, que era melhor que não fazer nada.. Então por isso eu acho que esse tipo de modalidade não tende a crescer mais”, frisou Lorena .

* Mônica Moreira foi aluna do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob orientação dos editores Mikaella Campos e Geraldo Campos Jr.

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