Cerca de 40 mil metros de fios elétricos com irregularidades foram apreendidos em lojas das Grande Vitória nesta quinta-feira (19). O material, proveniente de uma fábrica da Serra interditada na semana passada, estava sendo comercializado em pelo menos dez estabelecimentos, que não tiveram o nome informado. Outras lojas também foram vistoriadas, mas já haviam retirado o produto de circulação. Durante a ação, as autoridades identificaram ainda que fios desta marca estavam sendo utilizados em iluminação pública.
Os alvos eram lojas de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica, mas agentes da Polícia Civil deram de cara com um caminhão de uma prestadora de serviços de uma das prefeituras, em cima dos qual os fios estavam expostos, conforme explicou o delegado Eduardo Passamani, titular da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor. O episódio será investigado. A princípio, entretanto, a possibilidade de que a prefeitura soubesse do fato está descartada.
As vistoriais fazem parte da segunda fase da Operação Elétron, cuja primeira etapa foi deflagrada na semana passada e culminou na prisão do responsável pela fábrica, e contou com equipes da Decon, do Instituto de Pesos e Medidas do Espírito Santo (Ipem) e da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Espírito Santo.
Foram vistoriadas não apenas lojas de materiais de construção, como empresas especializadas em instalação de equipamentos, como ar-condicionado, entre outros. A princípio, não há indícios de que as empresas que estavam comercializando ou instalando os fios tivessem ciência de problemas no momento da aquisição, pois foram adquiridos a preço de mercado. Contudo, as autoridades investigam se chegaram a tomar ciência das irregularidades após o caso vir a tona, no último dia 10.
"Quando foi coletado o material, avaliamos no micromímetro, que é o aparelho que faz toda essa medição, e percebemos que ele não tinha a resistência que cada fio deveria apresentar. E ele aquece, amolece diante da corrente que está passando, que não é adequada para aquele material", explicou o diretor-geral do Ipem, Rogério Pinheiro.
Ele destacou ainda que caso o consumidor desconfie de irregularidades relacionadas a determinado tipo de fio, pode entrar em contato por meio do telefone 0800 039 1112, para que agentes do órgãos se encaminhem ao local e façam a coleta. Em até 30 dias haverá uma resposta.
Na primeira fase da Operação Elétron, deflagrada no último dia 10, um empresário da Praia do Canto, bairro de Vitória, foi preso na Serra. O suspeito, que não teve o nome divulgado, é responsável pela fábrica de fios e condutores elétricos que apresentavam irregularidades capazes de causar o superaquecimento da rede de energia, curto-circuito e até mesmo incêndios, além de aumentarem significativamente o consumo de energia elétrica, provocando alta na conta de luz.
Os documentos colhidos na investigação mostram que a empresa, localizada em Boa Vista II, vendeu o produto fora das normas de segurança para hospitais, igrejas, escolas, construtoras e diversas lojas de material de construção, que revenderam a mercadoria para um número incalculável de consumidores finais, acarretando não só prejuízo financeiro, mas verdadeiro risco à vida de inúmeros consumidores.
Os fios foram comercializados em diversos Estados, conforme explicou o delegado Eduardo Passamani.
"No primeiro momento, identificamos esse empresário como responsável pela empresa e efetuamos a prisão como forma de retirá-lo da sociedade e interditamos a fábrica para que o dano pelo menos cesse de forma mais imediata, mas vamos continuar a investigação para saber se outras pessoas estavam envolvidas nessa fraude", disse.
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