A discussão sobre o retorno ou não do horário de verão tomou conta das redes sociais depois que o ator Bruno Gagliasso fez uma postagem no Twitter, no último dia 3, pedindo para que o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, incluísse a volta da medida no plano de transição. "Horário de verão é o Brasil feliz de novo", escreveu. E Alckmin respondeu o artista com emojis ao estilo “anotado”.
A repercussão não demorou a chegar até o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que aproveitou para fazer uma enquete com o objetivo de consultar os brasileiros sobre o polêmico tema. E o que se viu no perfil, além da votação a favor ou contra, foi uma guerra de comentários entre quem ama e quem detesta o horário de verão.
A pesquisa obteve o total de mais 2,3 milhões de votos, com o placar de 66,2% para o "sim" — a favor da volta do horário —, e 33,8% para o "não" — contra o retorno.
A série de críticas e até apelos pelo retorno do horário de verão, que esteve em vigor pela última vez de outubro de 2018 a fevereiro de 2019, não se limitou apenas às postagens da internet. O debate também se tornou assunto entre alguns setores e estabelecimentos por todo o Brasil, não sendo diferente no Espírito Santo.
Para saber outras opiniões do setor, a reportagem de A Gazeta ouviu comerciantes de alguns dos bares e restaurantes mais frequentados da Grande Vitória.
E, ao ouvir alguns proprietários, foi possível perceber que a posição deles a favor, contra ou neutra pela volta desse horário — que mantém o dia com sol por mais tempo — leva muito em conta as características do estabelecimento e sua localização.
Para Rodrigo Vervloet, presidente do Sindbares e Abrasel-ES, a mudança é bem-vinda, pois prolonga a duração diurna, estimulando as pessoas a irem em busca do happy hour. Lembrando que, quando a medida está em vigor, os relógios são adiantados em uma hora.
“É notório o aumento no faturamento dos estabelecimentos. Esse horário gera uma economia de energia, resultando em um impacto muito significativo na conta de luz de bares e restaurantes. O horário de verão também é positivo para o retorno do convívio social e, consequentemente, para os negócios”, explicou Vervloet.
O empresário Jonathan Giovanelli, proprietário do restaurante Caranguejo do Assis, na Praia de Itaparica, em Vila Velha, acredita que o horário de verão é benéfico para as vendas na localidade.
“A parte boa desse período é que as pessoas saem mais cedo de casa e passam mais tempo no restaurante, que fica na praia, então a demanda aumenta. A parte ruim é que o horário do restaurante acaba sendo esticado mais um pouco, por conta do atendimento, então os funcionários ficam mais desgastados”, explica.
Enquanto alguns são defensores e citam o costume das pessoas de irem para as ruas por conta da luz do sol — o que pode aumentar o número de clientes —, outros esperam que o horário de verão nunca retorne.
"É horrível, uma verdadeira praga esse horário. As vendas caem muito, pois, às 19 horas ainda está de dia e faz muito calor. Então, as pessoas não querem ficar na frente do bar", avalia Valdecir Ramos, do Bar do Mãozinha, localizado na Rua da Lama, em Jardim da Penha.
Também de Jardim da Penha, Aldnei Britto, gerente do Divino Botequim, também é contra o horário de verão. Ele explica que o fato de o dia ficar claro por mais uma hora dificulta as vendas exatamente pela opção de muitos capixabas irem à praia para aproveitar o fim da tarde.
“Por não estarmos localizados numa região de praiana, temos algumas dificuldades de chamar atenção do público. Como demora para entardecer, as pessoas preferem ficar mais na praia. Para suprirmos isso, temos que abrir mais cedo e criar formas de trazer esse público para cá, fazendo happy hour, por exemplo”, contou.
Já o empresário Anderson de Mattos Barbosa, dono de um restaurante em Castelândia, na Serra, não tem reclamações sobre o horário de verão. Mas conta que a mudança pode ser ruim para quem não tem estabelecimento perto das praias.
“No meu ponto de vista, o horário de verão pode fazer diferença no comércio localizado à beira-mar. Porque o quiosqueiro ganha mais horas de sol, então, automaticamente, vende mais. Mas locais que não ficam nas praias podem sofrer, pois as pessoas preferem se deslocar para essas regiões”, ressaltou o dono do restaurante Dona Nete.
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