Postos de combustíveis apontados pela Polícia Federal como suspeitos de vender gasolina adulterada continuam funcionando. Eles foram alvo da Operação Naftalina na manhã desta terça-feira (12) e, nesta quarta-feira (13), estão abertos e atendendo clientes, como comprovou uma ronda feita pela equipe da TV Gazeta.
Segundo as investigações, uma organização criminosa, que seria chefiada por um suposto miliciano do Rio de Janeiro, misturava nafta solvente e álcool hidratado para "batizar" a gasolina. Até corante teria sido usado para dar cor ao combustível irregular.
Entre os postos que foram flagrados funcionando está o Posto Valen, onde um repórter-fotográfico de A Gazeta foi intimidado e coagido por dois homens a apagar imagens feitas com a câmera na noite de terça.
Segundo a Polícia Federal, foram cumpridos na data da operação os mandados de prisão e de busca e apreensão. Porém, os pedidos de interdição dos locais investigados com duração de dez dias foram direcionados pela Justiça à Junta Comercial do Estado. O órgão é responsável por fornecer a licença que autoriza os estabelecimentos a atuarem no Espírito Santo.
Em nota, a Junta afirmou que não foi notificada sobre as decisões judiciais referentes à Operação Naftalina. "Acrescenta que está à disposição da Justiça e que vai cumprir as decisões judiciais assim que for notificada".
Até lá, porém, os estabelecimentos continuam vendendo combustível aos motoristas.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP), autarquia federal que tem poder de interditar bombas em caso de irregularidades na qualidade do combustível, afirma que aguarda resultado da análise laboratorial de amostras que foram coletadas na terça-feira. A coleta foi feita pelo Procon do Espírito Santo, órgão que tem acordo de cooperação técnica com a ANP e está credenciado para fazer esse tipo de coleta em nome da Agência.
Contudo, a pedido das autoridades que coordenaram a ação, só foram coletadas amostras em três dos oito postos alvo da investigação. O resultado desses testes ainda não saiu.
"Não foram feitos testes de qualidade em campo porque, segundo as informações da Polícia Federal, a mistura é feita de forma que apenas pode ser detectada em laboratório. Sendo assim, as amostras coletadas serão analisadas por laboratório credenciado pela ANP. Os testes ainda não foram concluídos", informou a autarquia.
A ANP esclareceu ainda que a interdição é uma medida cautelar, aplicada em casos de problemas de qualidade de combustíveis, quantidade ou de segurança, que implicam em prejuízo ou riscos ao patrimônio, à vida ou ao meio ambiente. "Não se trata de punição, mas de medida para proteger o consumidor. Quando o problema é sanado, a ANP realiza a desinterdição", esclareceu.
O delegado da Polícia Federal Vinícius Venturini afirmou que foi feito pedido para que o Procon fizesse coleta em três estabelecimentos porque os outros cinco já tinham sido averiguados.
"Nos demais postos já tinha sido feita a coleta de forma velada, na fase encoberta da investigação. Na deflagração aproveitamos para coletar amostras dos três faltantes. Análise feita em parceria com laboratório da ANP em Brasília mostrou que, nos cinco postos, aquele produto vendido continha concentração de água em valores bem superiores ao estabelecido. Também na sua composição havia substância similar ao solvente que era transportado pelo grupo criminoso, nafta solvente", afirmou.
O delegado disse ainda que foi feito um pedido de compartilhamento dos dados obtidos na investigação com a ANP para que a autarquia possa também tomar providências.
A Polícia Federal deve passar os próximos dias analisando documentações e mídias digitais apreendidas durante a operação. Também serão ouvidas testemunhas. O órgão tem dez dias para encerrar o inquérito. visto que há investigados presos preventivamente.
"Em um dos veículos apreendidos, após vistoria minuciosa, foi encontrada uma pistola calibre 38 com numeração raspada. Também foi apreendido R$ 27,9 mil em espécie na casa de um dos investigados e em um dos postos de gasolina", relata o delegado.
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