Com a baixa histórica da taxa Selic a 2% ao ano, impactando no resultado de investimentos, duas opções que há um tempo eram consideradas improváveis têm se destacado pela rentabilidade. Um deles é o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que, após o anúncio da distribuição de R$ 7,5 bilhões em lucro aos trabalhadores, passou a render 4,9%. O outro é a poupança antiga, anterior a 2012, que deve ter em 2020 rendimento real (descontada a inflação) de 4,37%.
Para comparação, outros ativos em renda fixa como a poupança nova, Fundo DI, CDBs e Tesouro Selic terão rendimento negativo uma vez descontada a inflação. Mesmo alternativas mais vantajosas como Tesouro Prefixado e LCA/LCI terão rendimentos menores do que a poupança antiga e o FGTS. A análise foi feita pela Alfa Investimentos para O Globo.
A poupança antiga é aquela feita antes de maio de 2012 e tem rendimento fixado em 6% ao ano. Ela foi descontinuada pelo governo porque, na época, uma baixa forçada na taxa básica de juros fez com que ela rendesse mais do que o Tesouro Direto.
Para incentivar os investidores a voltar a comprar títulos da dívida pública, o governo criou outra poupança, que é usada atualmente. Ela rende 70% da Selic e, como tem esse rendimento atrelado, faz com que os demais investimentos de renda fixa fiquem sempre mais vantajosos.
Contudo, quem tinha dinheiro na poupança antiga e não tirou desde então segue tendo rendimento de 6% ao ano. Como qualquer poupança, os saques e transferências são livres.
O mesmo não acontece com o FGTS. Normalmente, o recurso só pode ser sacado em ocasiões específicas como demissão, aposentadoria, para comprar imóvel próprio, entre outros.
Contudo, nos últimos tempos, o governo tem permitido a retirada por meio do saque-aniversário e do saque emergencial. No primeiro caso, é permitido obter parte do saldo, anualmente, no mês de aniversário. Já a segunda modalidade foi criada por causa da pandemia do novo coronavírus e libera até R$ 1.045,00 de contas ativas e inativas de qualquer trabalhador.
Especialistas alertam, porém, que considerando o cenário atual, é preciso pensar bem antes de tirar o dinheiro de lá. Para saber se vale a pena, o trabalhador precisa considerar o próprio momento financeiro.
Se a intenção for pagar alguma dívida, por exemplo, é uma boa ideia. Se for para fazer outro investimento conservador, não é vantagem sacar porque o FGTS vai render mais, explica o doutor em Ciências Contábeis e professor da Fucape Felipe Storch.
Ele aponta ainda que essa tendência de rentabilidade do fundo de garantia é novidade, já que, nos últimos anos, ele rendia igual ou menos que outros investimentos de renda fixa. Até cinco anos atrás o FGTS rendia menos que a inflação. O trabalhador estava perdendo dinheiro no fim das contas. Hoje, como a inflação está muito baixa, o FGTS esta com rentabilidade positiva, diz.
A economista e educadora financeira Cecília Perini também aconselha o saque para quem não tem nenhuma reserva de emergência, o que é importante em um momento de incerteza como o atual.
Ela afirma ainda que, se a pessoa tiver um perfil de investimento mais arrojado, o saque do FGTS pode ser utilizado para investimentos no mercado de capitais.
Se pensar em diversificar e buscar outros ativos como ações, juros pré-fixados, aí pode ter rendimento maior e vale a pena, esclarece.
Ambos especialistas ressaltam que para fazer investimentos de risco, como a bolsa de valores, é sempre recomendado estudar o assunto e procurar auxílio de um especialista.
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