Não há dúvidas que os aplicativos tornaram a vida das pessoas mais práticas, mas essa facilidade de buscar serviços apenas com um clique tem feito com que muitas pessoas percam o controle dos gastos.
A arquiteta Aline Barreto, 32 anos, por exemplo, viu seus gastos dobrarem na fatura do cartão de crédito por causa do uso excessivo de aplicativos de delivery de comida.
Eu comecei a receber cupons de desconto e a pedir comida todos os dias. Sempre pensava: Ah, são só R$ 15 reais. Isso foi juntando e no final do mês eu tinha feito uma dívida que eu sequer imaginava. Acabei sendo drástica e excluindo o aplicativo para não gastar mais, comentou.
Casos como o da Aline são muito comuns. De acordo com o economista Antônio Marcus Machado, o fato das pessoas usarem cartões de créditos nestes aplicativos faz com que elas gastem mais sem se dar conta.
Aumenta muito a fragilidade para consumir, porque quando você usa o crédito, aqueles gastos vão acumulando e você não vê. E o uso de cupons acabam estimulando isso. Já quando a pessoa usa o dinheiro, ela tem aquele alerta de que está acabando e que precisa economizar, explicou.
Para evitar cair na tentação da praticidade dos aplicativos, o economista sugere que as pessoas estabeleçam critérios e só usem as ferramentas se aquilo trouxer algum tipo de retorno ou for extremamente essencial.
O problema destes aplicativos é que trás aquela impressão que está facilitando a vida, mas pode acabar trazendo um novo problema, que é o financeiro. É importante se perguntar: Eu preciso realmente usar um carro de aplicativo para ir a determinado lugar? Será que eu não posso fazer esse trajeto a pé ou de bicicleta? É um cliente que está me esperando ou apenas lazer? A mesma coisa com um aplicativo de comida: Eu estou com tanta pressa que não consigo fazer meu almoço? Ou será que eu posso comer algo em casa em vez de gastar com delivery?, destacou.
Além do mau uso do dinheiro, o mau uso do tempo também pode ser uma consequência do uso em excesso de aplicativos. A psicóloga Adriana Muller chama atenção para a invasão que os apps tem provocado na vida privada das pessoas.
Existe uma invasão dos apps na vida da gente, seja por mensagens, cupons de descontos, comunicados de notícias. É quase uma exigência que a gente olhe para o celular toda vez que ele apita. Mas é nossa responsabilidade estabelecer critérios para o que vamos realmente absorver e aquilo que vamos ignorar. Porque se a gente permitir essa invasão toda vez que recebe uma notificação no celular, vamos nos afogar em demandas e ter aquela sensação de que o dia é muito curto e que não aproveitamos bem o tempo, declarou.
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