A inflação não dá trégua às famílias e colocar comida na mesa está cada vez mais difícil. Alimentos e bebidas encareceram 5,39% nos três primeiros meses de 2022, e, desta vez, são os legumes que tiveram o aumento de preço mais expressivo na cesta básica. Um exemplo é a cenoura, que triplicou de preço, ficando 247,77% mais cara na Grande Vitória, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O pesquisador e economista do FGV IBRE Matheus Peçanha explica que o encarecimento da cenoura, cujo quilo já chega a custar R$ 13 nos supermercados, se deve principalmente a questões climáticas.
Ele observa que a lavoura de curto prazo tem sofrido muito desde o ano passado, saindo de uma seca histórica e generalizada, em consequência do fenômeno climático La Niña, para problemas de chuvas excessivas no Sudeste e secas localizadas no Centro-Oeste brasileiro.
“O acúmulo desses choques de oferta foi determinante na escalada atual do preço dos hortifrutis”, avalia. “O problema do excesso de chuva na Região da Mata mineira e no Espírito Santo, áreas que contribuíram com metade da produção nacional de cenoura, foi o que mais impactou pra encontrarmos esse item a um preço tão alto atualmente”, completou Peçanha.
Entretanto, esse não é o único alimento que acumula aumento substancial no ano. Nos três primeiros meses de 2022, somente três produtos, entre os dez que registraram maiores altas de preços, tiveram reajuste inferior a 20%: farinha de mandioca (18,77%), maçã (18,43%) e manga (16,26%).
Mesmo com a possível estabilidade dos fatores climáticos ao longo do ano, a guerra entre Rússia e Ucrânia também deve contribuir para que os preços desses produtos, que vêm das lavouras do campo, se mantenham altos.
Conforme observa a diretora de novos negócios da plataforma Cesta de Consumo HORUS, Luiza Zacharias, “a Rússia é um dos principais exportadores de fertilizantes do mundo, e o Brasil depende fortemente daquele país para o fornecimento de matérias-primas para fertilizantes utilizados em lavouras do país, o que tende a aumentar os custos de produção e, consequentemente, pressionar os preços de legumes, frutas e verduras para cima.”
O tomate, que foi um dos vilões da inflação em anos anteriores, por exemplo, já registra aumento de 40,96% no ano, sendo o terceiro alimento que mais encareceu no primeiro trimestre.
Além dos os legumes, frutas e verduras, outros alimentos também apresentaram reajuste expressivo no período. Os ovos de galinha, por exemplo, encarecem 20,57% nos três primeiros meses de 2022.
A diretora de novos negócios da HORUS observa que, neste caso, o aumento do preço é consequência, principalmente, de dois fatores. Um deles é a alta procura do produto, como uma alternativa de proteína mais econômica, em função do aumento de preço das carnes. Outro fator é o aumento dos custos de produção, em especial do milho, usado na ração para alimentar as galinhas, que tem ficado mais caro como reflexo de fatores climáticos.
O preço do óleo de soja vendido na Grande Vitória, por sua vez, acumula aumento de 13,02% no ano, de acordo com os dados do IBGE, sendo que 10,8% dessa alta foi registrada no mês de março.
Também acumulam alta produtos como feijão, arroz e leite UHT. Pão e farinha de trigo também ficaram mais caros, sob influência do aumento do preço do trigo no mercado global, decorrente da guerra entre Ucrânia e Rússia, que são grandes exportadores do produto, como já havia sido mostrado em reportagem de A Gazeta.
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