O mês de fevereiro começou com uma alta sucessiva no preço dos ovos no Espírito Santo. Em um mês, o valor do produto já subiu mais de 82%. Em 14 de janeiro, por exemplo, o preço médio da caixa com 30 dúzias custava R$ 136 na Ceasa Grande Vitória. Nesta sexta-feira (14 de fevereiro), o valor chegou a R$ 248. A escalada no valor começou neste mês, mas isso não indica o preço escolhido para a venda em supermercados, por exemplo.
Quem também está enfrentando alta no preço dos ovos são os Estados Unidos, que têm na justificativa para o aumento e até ausência de produtos nas prateleiras a gripe aviária e a inflação. Em janeiro, reportagem de A Gazeta apontou que a crise enfrentada pelos Estados Unidos não ia se refletir em desabastecimento ou aumento de preços repentinos em terras capixabas – lembrando que o Espírito Santo é um dos maiores produtores de ovos do país.
O aumento também tem sido sentido em várias regiões do Brasil. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) afirmou que, nesta semana, a elevação nos preços já chega a 40% em diversas partes do país.
Mas o que tem feito o preço ir às alturas neste mês de fevereiro? Para Nelio Hand, diretor-executivo da Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (Aves), não há um motivo específico que esteja contribuindo para essa alta, e sim um conjunto de fatores que podem estar motivando os valores maiores.
Já a Abras diz que o aumento no preço repassado pelos fornecedores ao varejo tem ocorrido desde a segunda quinzena de janeiro, em razão da alta demanda e oferta restrita.
O momento vivenciado com altos custos com outras proteínas, especialmente a carne bovina, podem levar o consumidor a migrar de consumo na avaliação de Hand e de Marcio Milan, vice-presidente de Abras. Com isso, uma maior procura pelo ovo pode provocar aquecimento da demanda. Hand acrescenta ainda que aspectos podem estar ajudando a potencializar essa maior procura, a exemplo do período inicial do mês, com a massa salarial movimentando mais a economia.
“As empresas iniciaram a programação de abastecimento das lojas para atender à demanda sazonal da Quaresma, mas a restrição na oferta e os aumentos sucessivos de preços preocupam os supermercados. Além disso, o consumidor também tem recorrido mais aos ovos de galinha devido à alta dos preços das demais proteínas”, explica Marcio Milan, vice-presidente da Abras.
Outra contribuição para esse aumento, na avaliação do diretor, é o histórico do aumento de consumo, que mantém o mercado mais aquecido. O consumo per capita brasileiro de ovos passou de 242, em 2023, para 269 ovos por habitante por ano, em 2024.
"Sob o ponto de vista de produção, os planteis nacionais em dezembro estão praticamente os mesmos do mês anterior, inclusive no Espírito Santo. E a exportação brasileira de ovos, que teve volumes maiores em janeiro de 2025, ainda representa menos de 1% da produção", afirma.
A Associação de Supermercados acrescenta outra questão que gera impacto nos consumidores, que é a redução do peso médio dos ovos. "Com a entrada em vigor da Portaria SDA nº 1.179, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária, em 6 de setembro de 2024, a nova classificação diminuiu o peso médio dos ovos em quase 10 gramas por unidade, afetando o custo benefício do produto", diz a entidade.
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