Calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação na Grande Vitória fechou 2024 em 4,26%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira (10). A taxa ficou abaixo da nacional, que fechou o ano em 4,83% (acima do teto da meta de 4,5% estabelecido pelo Banco Central).
O que mais teve alta na Região Metropolitana capixaba no ano passado foi o grupo de alimentos e bebidas, com variação acumulada de 7,09% no ano, seguido pelo grupo educação, com 6,68%. A alimentação no domicílio subiu 7,62%, enquanto a fora de casa teve impacto menor, 5,53% ao longo do ano passado.
Em dezembro de 2024, o IPCA foi de 0,52% no Brasil e de 0,52% na Grande Vitória. Os dados apontam que os itens que tiveram as maiores altas de preço no mercado capixaba foram cenoura (13,95%), contrafilé (13,70%) e transporte por aplicativo (13,65%). E as maiores quedas no último mês do foram nos valores de venda da batata inglesa (25,68%), do limão (24,15%) e do inhame (10,09%).
O inhame, aliás, apesar de ter ficado mais barato em dezembro, teve aumento de 74,73% ao longo de 2024, sendo considerado o produto com a maior alta no período, seguido do café moído, que teve variação de 50,84% no ano. O peroá foi outro alimento com variação significativa, alta de 47,86%.
Também no ano, o tomate foi o alimento com maior queda de preço (-32,11%), seguido pelas passagens aéreas (-29,98%) e batata inglesa (-28,29%). Confira abaixo as 10 maiores altas e baixas de preço em 2024.
Para o economista Eduardo Araujo, também consultor do Tesouro do Espírito Santo e mestre pela Universidade de Oxford, os resultados do IPCA escondem disparidades significativas entre os grupos. O principal destaque foi a alta de 7,09% em Alimentos e Bebidas, com pressão ainda maior na alimentação no domicílio (7,62%).
Araujo acrescentou que a análise da série histórica mostra uma evolução positiva no controle inflacionário quando comparado aos anos anteriores. O índice geral da Grande Vitória apresentou trajetória descendente desde 2021, quando registrou 11,50%, passando por 5,03% em 2022 e 5,10% em 2023, até chegar aos atuais 4,26% em 2024.
“Esse movimento reflete o sucesso da política monetária restritiva adotada pelo Banco Central, com a manutenção de juros em patamares elevados, contribuindo para conter pressões inflacionárias mais amplas. Grupos como Habitação (1,94%) e Transportes (2,54%) apresentaram variações bem mais moderadas ao longo de 2024, evidenciando que o controle de preços tem sido mais efetivo em setores menos expostos a choques de oferta."
Para 2025, o economista avalia que o cenário apresenta desafios importantes que demandarão atenção redobrada das autoridades monetárias. Na sua visão, embora a taxa básica de juros ainda elevada atue como âncora para conter pressões inflacionárias, existem fatores que podem dificultar a convergência da inflação para patamares mais baixos.
“A desvalorização do Real tende a pressionar preços de produtos importados e commodities cotadas em dólar, enquanto a taxa de desemprego em níveis historicamente baixos pode contribuir para pressões salariais e maior demanda por bens e serviços. Esse contexto sugere que, mesmo com a continuidade de uma política monetária austera, a batalha pelo controle da inflação ainda demandará vigilância constante, especialmente no setor de alimentos, que tem se mostrado mais resistente às medidas de contenção de preços”, explica.
No país, o resultado de 2024 foi influenciado principalmente pelo grupo Alimentação e bebidas (7,69%), que teve o maior impacto no acumulado do ano. Na sequência, vieram Saúde e cuidados pessoais (6,09%) e Transportes (3,30%). Os três grupos juntos responderam por, aproximadamente, 65% do resultado do ano, segundo o IBGE.
O resultado do grupo Alimentação e bebidas (7,69%) foi influenciado pela alta nos preços da alimentação no domicílio (8,23%). Os destaques principais foram as carnes (20,84%), o café moído (39,60%), o leite longa vida (18,83%.) e as frutas (12,12%).
“Problemas climáticos, como as chuvas no Sul e as queimadas prejudicaram a oferta de produtos in natura”, justifica o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, ao avaliar os resultados do país.
Além disso, assim como em 2023, ele atribui a gasolina como a responsável pela maior variação no indicador em 2024.
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