As temperaturas mais baixas desde o final de semana quase fazem esquecer o calorão da semana passada. Quase. A primavera mal começou e muitos consumidores têm corrido às lojas para comprar ventiladores, ar-condicionado e outros produtos típicos do verão e não sem motivo.
Em Alegre, no Sul do Espírito Santo, os termômetros marcaram 41,5ºC somente 1ºC abaixo da temperatura recorde de 42,5º C, registrada em Cachoeiro de Itapemirim, também na região Sul, em 9 de janeiro de 1969.
Na Capital, a maior temperatura já observada foi de 39,6°C, em 25 de fevereiro de 2005, no bairro Ilha de Santa Maria. O Inmet informou ainda que, neste ano, a maior temperatura registrada em Vitória foi de 37,3º, no mesmo bairro.
Se na primavera já está assim, como será no verão? O fato é que o aumento da procura por equipamentos para fugir do calor está diretamente relacionado à elevação dos preços.
Conforme explicou o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, em função da pandemia do novo coronavírus, muitas indústrias tiveram queda na produção e agora operam com estoques mais baixos.
"É a lei natural da oferta e demanda. O país passa por uma carência de reposição de equipamentos. No período de pandemia, grande parte das indústrias reduziu a produção, tanto pela baixa procura, como pela diminuição da oferta de matéria-prima isso aconteceu não apenas nesse segmento, mas em outros, inclusive o setor automotivo."
Ou seja, como a procura por ventiladores, ar-condicionado, entre outros produtos, aumentou conforme as temperaturas foram subindo, mas os estoques não acompanharam essa elevação, os preços também subiram.
Membro do Departamento Nacional de Fabricantes de Ar-condicionado e gestor do Comitê de Eficiência Energética da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Luciano de Almeida Marcato observa que, além desse fator, como a demanda pelos equipamentos diminuiu muito nos primeiros meses da pandemia inclusive pelo medo de utilizar o ar-condicionado em locais fechados , os preços deixaram de ser reajustados, muito embora o câmbio tenha valorizado mais de 40% desde o início deste ano.
"Os aparelhos vendidos recentemente são do estoque antigo. Agora, as empresas estão abastecendo o estoque para os próximos meses, já com preços reajustados. Então, houve essa elevação."
O preço do ar-condicionado, por exemplo, ficou 3,88% mais caro na Grande Vitória em setembro, na comparação com o mês anterior. No acumulado do ano, a alta chega a 2,5%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na última sexta-feira (9).
A pesquisa não mostra dados acerca do preço de ventiladores, contudo, representantes do comércio e do segmento de refrigeração confirmam que houve uma sutil elevação dos preços.
Apesar do aumento, que pode levar o consumidor a questionar se vale mesmo o investimento, ainda mais considerando que haverá uma elevação no valor da conta de energia diante do uso contínuo dos equipamentos, a tendência é que os preços comecem a se estabilizar.
"Mesmo com a chegada do verão, posteriormente, a tendência é que os preços se estabilizem no patamar atual. Quem tinha que reajustar, já reajustou", destacou Marcato.
Se, por um lado, os gastos com chuveiro elétrico diminuem em épocas de calor, o uso frequente de ventilador e ar-condicionado pode elevar e muito o valor da conta de energia. Para quem está trabalhando em home office, e lida ainda com aumento de gastos relacionados ao uso constante do computador, por exemplo, o peso das despesas no orçamento pode parecer ainda mais preocupante.
Mas, não é preciso passar calor. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), deram algumas dicas para economizar com energia ao usar esses e outros aparelhos.
No verão, o ar-condicionado chega a representar um terço do consumo de energia da casa. Para gastar menos, regule a temperatura e evite o frio excessivo. Mantenha janelas e portas fechadas e o desligue quando o ambiente estiver desocupado. Se possível, dê preferência à ventilação natural ou de ventiladores. Mantenha os filtros limpos e coloque cortinas nas janelas que recebem sol direto. Ao adquirir um novo aparelho, opte por um que tenha o selo máximo de eficiência energética Procel .
Retirar os aparelhos da tomada quando possível, ou durante longas ausências. Deixar equipamentos em stand-by, isto é, conectados à tomada, mesmo quando não estão ligados, também consome energia. Mudar esse hábito, não apenas em relação aos ventiladores, mas também outros equipamentos, pode reduzir o gasto com energia elétrica em até 12%.
Pintar o ambiente com cores claras pode não apenas tornar o ambiente mais iluminado, como ajudar a diminuir a sensação de calor. Mas, em se tratando de iluminação, a regra é simples: dê preferência à iluminação natural ou lâmpadas econômicas, e lembre de sempre apagar a luz ao sair de um cômodo.
Só deixe a porta da geladeira aberta o tempo que for necessário. Regule a temperatura interna de acordo com o manual de instruções, e nunca coloque alimentos quentes dentro do equipamento. Deixe espaço para ventilação na parte de trás da geladeira e não utilize-a para secar panos ou peças de roupa. Descongele a geladeira e verifique as borrachas de vedação regularmente. Além disso, não forre as prateleiras.
Junte roupas para passar de uma só vez. Separe as peças por tipo e comece por aquelas que exigem menor temperatura. E, principalmente, nunca deixe o ferro ligado enquanto faz outra coisa. Além de gastar energia, o hábito pode provocar acidentes que vão desde peças de roupa queimadas a incêndios.
Tome banhos mais curtos, de até cinco minutos. Em dias quentes, ajuste a chave de seu chuveiro para a posição "verão". Dessa forma, o consumo de energia é reduzido em 30%. Feche a torneira quando se ensaboar, assim você economiza água e energia.
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