O novo sistema de pagamento criado pelo Banco Central, o Pix, deve contribuir para incluir no sistema financeiro consumidores que hoje ainda não realizam transações bancárias. A opinião é do presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e também ex-diretor do Banco Central, Isaac Sidney.
Segundo ele, o pagamento instantâneo ainda dará uma nova lógica para as atividades comerciais, com mais agilidade para quem compra e para quem vende.
Sidney palestrará sobre Pix, Open Banking e as Transformações no Mercado na 26ª Edição do Prêmio Equilibrista 2020, que ocorre nesta quinta-feira (22), às 19 horas. O evento é promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-ES) e acontecerá on-line.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, em 2019, revelou que um a cada três brasileiros não tem conta bancária. Ao todo são 45 milhões de pessoas desbancarizadas no país. A estimativa do instituto é que esse grupo movimente anualmente no Brasil mais de R$ 800 bilhões.
De acordo com o presidente da Febraban, com o Pix, a economia tende a ganhar mais velocidade e ritmo, já que recursos entram e saem das contas de forma instantânea, podendo estimular mais investimentos e ganhos ao comércio.
Com ele será possível enviar e receber dinheiro durante 24 horas por dia, 7 dias por semana, em transferência entre pessoas, pagamentos ao comércio e outros, de forma fácil, simples e instantânea. O recurso estará na conta do destinatário em até 10 segundos.
Sidney também aponta que o sistema de pagamentos será uma importante oportunidade para o Brasil reduzir a necessidade do uso de dinheiro em espécie em transações comerciais. "O que tende a reduzir os altos custos de transporte e logística de cédulas em um país de dimensões continentais como o nosso", explica. De acordo com a Febraban, somente o custo de logística de moeda totaliza cerca de R$ 10 bilhões ao ano.
"Além disso, vemos maior conveniência para os clientes bancários à medida em que o Pix deverá reduzir a necessidade de saques em espécie nas agências bancárias e nos caixas eletrônicos" aponta.
Segundo o presidente da Febraban, um próximo passo de modernização do setor financeiro, no curto prazo, será a chegada do Open Banking, que tende a intensificar as ofertas de valor para os clientes, com novos produtos e serviços.
Como todo lançamento tecnológico, a chegada do Pix também trouxe novas tentativas de golpes eletrônicos, o que vem gerando preocupação nas pessoas. De acordo com a Febraban, criminosos estão enviando links falsos por e-mails, WhatsApp, redes sociais e por mensagens de SMS, que direcionam o cliente a um cadastro fraudulento da chave do Pix. Isso resulta em roubo de dados pessoais e bancários.
"Estas tentativas de fraudes foram identificadas como ataques de phishing, que usa técnicas de engenharia social quando o criminoso manipula a vítima para que ele forneça informações confidenciais, como senhas e números de cartões. Atualmente, 70% das tentativas de fraudes estão vinculadas à engenharia social", explica Sidney.
Ele alerta que os dados pessoais do cliente jamais são solicitados ativamente pelas instituições financeiras, muito menos podem ser usados indevidamente para o cadastramento do Pix sem o seu consentimento. "Na dúvida, sempre procure o gerente, uma agência ou a central de atendimento oficial da instituição para obter esclarecimentos", esclarece.
De acordo com o presidente da Febraban, os bancos usarão toda sua expertise com o sistema de pagamentos instantâneos, como já fazem com TED e DOC, transferências e boletos, com as melhores tecnologias e o que há de mais moderno em relação à segurança cibernética e prevenção a fraudes.
Ele aponta que dos R$ 24,6 bilhões que os bancos investem em tecnologia, R$ 2 bilhões são voltados para segurança da informação.
"Os bancos sempre estão promovendo campanhas de conscientização contra as fraudes financeiras. Queremos ajudar o consumidor a criar uma cultura de segurança digital e a usar cada vez mais suas informações de modo seguro no ambiente virtual", afirma.
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