A produção de pelotas de minério na Vale no Espírito Santo teve queda de 18% no acumulado de 2019 em comparação com o ano anterior. A informação refere-se ao Sistema Sudeste, que engloba as oito plantas do Complexo de Tubarão, em Vitória. Elas foram divulgadas pela companhia em relatório ao mercado nesta terça-feira (11). No ano passado, foram produzidas 27 milhões de toneladas do produto contra 33 milhões em 2018.
A Gazeta já tinha apontado que, com efeito do rompimento de uma barragem de rejeitos de minério da empresa em Brumadinho (MG), em janeiro do ano passado, fez a produção cair e reduziu a exportação de minério no Espírito Santo.
Houve uma redução de 1,8 milhões de toneladas no quarto trimestre de 2019 em comparação com o trimestre anterior (-23,2%). Já em relação ao mesmo período de 2018, a redução foi ainda maior, de 3,2 milhões de toneladas (-35,5%).
A empresa afirma que a redução foi provocada principalmente pelas paradas voluntárias das plantas de Tubarão 1 e 2, ao menos desde o segundo trimestre, e por causa da manutenção programada realizada na planta de Tubarão 6, em outubro e novembro. De acordo com a companhia, no primeiro caso, a interrupção foi feita para "adaptar o portfólio da Vale para otimizar margens e atender condições de mercado".
As usinas de pelotização 1 e 2 da Vale já haviam sido paralisadas em 2012 e tinham voltado a operar novamente no início de 2018. A empresa não informou o motivo exato da paralisação nem desde quando essas estruturas estão fora de operação.
Segundo a companhia, a produção na planta de Tubarão 6 ainda ficará interrompida durante a maior parte do primeiro trimestre deste ano para a realização de atividades não programadas de manutenção. A retomada das operações está prevista para março.
A produção de pelotas no Espírito Santo foi fortemente impactada pela redução de quase 30% na extração de minério nas minas do Sistema Sudeste, em Minas Gerais, que abastecem as plantas do Espírito Santo. O dado considera o resultado consolidado de 2018 e 2019.
A paralisação de operações após o rompimento da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, reduziu em 21,5% a produção de minério de ferro da Vale em 2019. A mineradora iniciou 2020 também com perdas de 1 milhão de toneladas, diante das fortes chuvas que caíram em Minas Gerais.
A companhia anunciou também aumento das provisões para a descaracterização de barragens como a de Brumadinho, cujo rompimento deixou 270 mortos e um rastro de destruição. Em janeiro, 16 pessoas - entre elas o ex-presidente da companhia, Fabio Schvartsman - foram denunciados por homicídio doloso.
A mineradora diz que fechou 2019 com uma produção de 301,9 milhões de toneladas de minério de ferro, contra as 384,8 milhões de toneladas registradas no ano anterior.
A queda foi provocada, principalmente, pela suspensão das operações nas minas de Vargem Grande, Fábrica, Brucutu, Timbopeba e Alegria, todas em Minas Gerais, devido ao aumento das restrições operacionais após o desastre.
Segundo a mineradora, a "sazonalidade climática mais forte que o normal" durante o primeiro semestre de 2019 também contribuiu para o desempenho. Por outro lado, o aumento das operações no Pará e o uso de estoques ajudaram a compensar a perda de produção em Minas.
A produção de pelotas - minério processado para uso em siderúrgicas - em todas as plantas do país da companhia caiu 24,4% no ano, para 41,8 milhão de toneladas. A companhia está atualmente com cerca de 40 milhões de toneladas de capacidade interrompida.
No relatório, a Vale diz que está avançando nas discussões com autoridades para garantir a retomada de produção entre 15 milhões de toneladas este ano. Para 2021, a meta é chegar a 25 milhões de toneladas adicionais.
A mineradora espera, ainda no primeiro trimestre, retomar a mina de Timbopeba usando a tecnologia de processamento a seco, que não necessita de barragem de rejeitos como a que se rompeu em Brumadinho. A expectativa é que a mina de fábrica seja retomada no segundo trimestre.
"A Vale encerrou 2019, o ano mais desafiador de sua história, com o firme compromisso de retomar e estabilizar sua produção, ao mesmo tempo em que implementa os mais altos padrões de segurança em suas operações", afirmou a empresa.
Com menor produção, as vendas de minério pela Vale caíram 12,8% em 2019, para 269,4 milhões de toneladas. As de pelotas tiveram queda de 23,7%, para 43,2 milhões de toneladas. Para evitar perda maior, a companhia usou 14 milhões de toneladas de seus estoques.
Do ponto de vista financeiro, porém, os cortes de produção em minas da empresa pressionaram os preços internacionais do minério, compensando financeiramente parte da perda de volume. Após provisões para perdas, a Vale voltou a ter lucro no terceiro trimestre de 2019: R$ 6,5 bilhões.
O balanço do quarto trimestre, com os resultados fechados no ano, será divulgado no próximo dia 21 e vai trazer provisões adicionais de US$ 671 milhões (cerca de R$ 2,9 bilhões, pela cotação atual) para a descaracterização de barragens.
Parte do valor refere-se à inclusão de cinco novas estruturas no programa original. Por outro lado, novas avaliações indicaram custo menor para as nove primeiras estruturas.
A descaracterização consiste na retirada dos rejeitos e na recuperação da área, para que seja novamente integrada à natureza. O primeiro processo desse tipo foi concluído em dezembro, na barragem 8B, em Nova Lima (MG).
Até o terceiro trimestre de 2019, a Vale estimava em R$ 24,1 bilhões os custos de compensação e remediação dos danos provocados pelo rompimento da barragem em Brumadinho.
Com informações de Folhapress
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