O crédito dos R$ 1.045 do saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) já começou a ser feito nas contas virtuais dos trabalhadores nascidos em janeiro. O valor, segundo o governo federal, é uma forma de compensar a perda de renda que tem acontecido durante a crise causada pela pandemia do novo coronavírus.
Mas quando vale a pena sacar o dinheiro? Atualmente, com a taxa Selic em apenas 2,25% ao ano, investimentos em renda fixa não estão sendo tão rentáveis como antigamente. Logo, reinvestir o dinheiro em outras aplicações pode não ser tão interessante. Já os investimentos em renda variável podem render mais. Porém, eles têm um grau de risco maior do que os de renda fixa.
Atualmente, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço tem rendimento de 3% ao ano, mais Taxa Referencial (TR) que atualmente está zerada. Além disso, desde 2017 o governo federal divide entre os cotistas 50% do lucro do FGTS. Assim, para quem pensa em reinvestir o valor sem correr risco, vale mais a pena deixar o dinheiro rendendo no Fundo de Garantia.
Há, no entanto, uma situação que joga a favor de quem pretende sacar o dinheiro, segundo aponta o planejador financeiro Renan Lima, da Alphamar Investimentos: as restrições para o saque. Atualmente, o dinheiro na conta do FGTS só pode ser retirado em caso de doenças graves, para a compra de imóveis ou pagamento de parcelas do financiamento, quando há demissão sem justa causa ou por meio do saque-aniversário, anualmente, abrindo mão de receber o saldo total na rescisão.
A questão é que, com o FGTS, você perde liquidez. Ainda que ele esteja dando um retorno financeiro maior, o fato de você não ter acesso ao recurso a qualquer momento faz com que ele se torne inconveniente, avalia.
Se retirar o dinheiro da conta do FGTS para fazer novos investimentos não é tão interessante do ponto de vista financeiro, utilizar o dinheiro do Fundo para pagar dívidas já é bem mais lucrativo. Isso porque os juros praticados no mercado brasileiro são muito maiores que os rendimentos.
Dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) apontam que, em abril deste ano, a taxa média anual de juros estava em 94,27%. A maior dela é observada no cartão de crédito, com juros anuais de 257,48%.
Os juros no Brasil, de uma maneira geral, são muito altos. Então, na hora de pagar as dívidas o consumidor deve calcular o Custo Efetivo Total (CET) da dívida, ver qual tem os juros mais altos e que vai causar mais prejuízo se não for paga, explica Lima.
Esta é a mesma visão do economista e professor universitário Antônio Marcus Machado. Usar o dinheiro para pagar dívidas é interessante, porque se a pessoa fosse fazer um empréstimo para pagar a dívida, este certamente iria ter um juros maior do que a rentabilidade do dinheiro no FGTS, explica.
Para ele, este não é o momento para tirar o dinheiro do Fundo de Garantia, a não ser que se esteja no grupo de pessoas que esteja perdendo renda por conta da pandemia. Se a pessoa não perdeu o emprego, não teve redução da renda, se está estável não vale muito tirar o dinheiro. É melhor deixar rendendo, recomenda.
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