O preço do gás encanado pode acumular alta de 60% no país até agosto caso o valor do barril de petróleo se mantenha na casa dos US$ 100. Entretanto, no Espírito Santo, a situação pode ser ainda mais grave. Por conta de questões específicas envolvendo o contrato para fornecimento do insumo pela Petrobras, esse aumento pode ser maior que 100%. Isto é, o preço do produto pode chegar a dobrar em território capixaba.
Os contratos de reajustes são trimestrais, sendo que o próximo ocorre em maio. Há possibilidade de que o aumento chegue a 20%, em meio às altas do barril de óleo, que é cotado pelo mercado internacional e teve o preço afetado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. A informação é do jornal O Globo.
Mas além dos reajustes trimestrais, havia um outro previsto. Trata-se da alta barrada pela Justiça do Espírito Santo no final de dezembro de 2021, sob risco de uma elevação de mais 40% no preço do insumo distribuído pela Companhia de Gás do Espírito Santo (ES Gás).
Isso decorre de mudanças na metodologia de cálculo do preço da molécula de gás natural pela Petrobras, que adotou uma majoração para novos contratos negociados com as concessionárias estaduais.
No total, quase 70 mil consumidores do Espírito Santo são afetados, entre clientes residenciais, que são a maioria, e também CNPJs, como indústrias, comércios, entre outros. Também entra nessa conta o gás natural veicular (GNV).
A ES Gás informou que prefere “não fazer projeções de preços, assim como não comenta a ação contra a Petrobras, que foi feita pelo Ministério Público”.
O MPES e a Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo (ARSP) foram questionados a respeito do andamento das negociações, tendo em vista que a liminar deferida no final de dezembro a fim de impedir o reajuste tem caráter temporário. Entretanto, até a conclusão deste texto, os órgãos não haviam se manifestado. A Petrobras também foi procurada, mas não deu retorno até então.
O economista Ricardo Paixão, porém, considera a situação delicada porque qualquer aumento substancial pressionará ainda mais a inflação, que há vários meses penaliza a população.
“É uma questão extremamente complicada, e é preciso ter todo o cuidado porque estamos vindo de uma pandemia que reduziu a renda média da população e também criou um cenário de elevados índices de desemprego. O trabalhador já está vindo de uma situação muito difícil. O orçamento já está apertado. São muitas demandas. Vive-se uma uma asfixia financeira, as pessoas não conseguem consumir mais. E o gás é uma coisa fundamental.”
Mas, além do consumidor comum, as empresas, em especial as indústrias, são afetadas, uma vez que utilizam o insumo como fonte de energia. Seu encarecimento acaba refletindo no preço final do produto, que implica novos custos para o consumidor.
“É uma penalização extremamente elevada porque é um produto estratégico. Para o trabalhador, é um desastre. Para o empresário, que também está passando por uma situação difícil, embora consiga algum alento, também é um problema. Para a economia é muito ruim que um insumo básico como esse tenha essas elevações. Dobrar o valor seria uma catástrofe para nossa economia. Isso requer medidas urgentes das lideranças.”
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