A recuperação judicial pela qual passa o conglomerado João Santos, dono da Rede Tribuna, foi um dos fatores que pesaram na decisão do SBT romper o contrato que tinha de décadas com a grupo de comunicação capixaba.
O diretor de afiliadas do SBT, Daniel Abravanel, afirmou que o rompimento de contrato com a Rede Tribuna foi uma decisão de ordem estratégica e técnica, visto que o contrato — feito de cinco em cinco anos — está se encerrando. A TV Tribuna, com isso, será afiliada da emissora do Sílvio Santo só até 1° de julho.
Questionado se a situação financeira, que levou o grupo João Santos a negociar com credores na Vara de Falências, pesou na decisão da emissora, Abravanel confirmou que sim. "Foi um fator, pois com isso a emissora não consegue investimento, podendo prejudicar os sinais e assim nossos telespectadores", explicou.
Sobrinho de Silvio Santos, Daniel Abravanel afirmou à reportagem de A Gazeta que o acordo com a próxima empresa a assinar com o SBT no Espírito Santo está em discussão. "Deve ser anunciado em breve, semana que vem", afirmou.
Uma parceria entre o empresário capixaba Rui Baromeu (dono da Rede Sim e de várias rádios pelo país), e Carlos Massa, o Ratinho, que também tem TVs e rádios pelo país, inclusive em sociedade com Baromeu, desponta como favorita para assumir o SBT no Espírito Santo.
À reportagem, Baromeu não comentou sobre possíveis negociações para assumir como afiliada do SBT no Espírito Santo. Só confirmou que a Rede Sim adquiriu um prédio na Avenida Nossa Senhora da Penha, edifício onde ficava uma loja da Vivo, e o local está sendo montado para ser a futura sede do Grupo Sim de Comunicações.
A Rede Tribuna - que tem jornal, rádios e TV - enfrenta há alguns anos uma grave crise causada pelas brigas entre herdeiros do grupo pernambucano João Santos, que, além de atuar na área de comunicação, também tem negócios na área de cimentos.
Com dívidas que somam R$ 13 bilhões, o conglomerado de 43 empresas teve o pedido de recuperação judicial aprovado na 15ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco, onde fica a sede do grupo, em dezembro de 2022.
Em maio de 2021, o grupo Nassau foi alvo de uma operação da Polícia Federal. A investigação teve como foco supostas práticas de crimes tributários, financeiros, lavagem de dinheiro e constituição de organização criminosa, denunciados em dossiê elaborado por herdeiros do espólio e ex-funcionários, que foi entregue às autoridades em 2018.
As suspeitas das autoridades envolvia os irmãos José e Fernando Santos, que estavam à frente do grupo. Eles são investigados por formar um esquema criminoso que transformou um passivo tributário de R$ 8,6 bilhões em patrimônio próprio, de acordo com a PF.
José e Fernando chegaram a ser destituídos do comando do grupo em uma assembleia realizada em agosto de 2022. Os sócios presentes reprovaram as contas do grupo e, como consequência imediata, afastaram os administradores.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta