Moradores de 16 apartamentos do bloco 13 do condomínio Residencial Vila Velha, em Jabaeté, tiveram que deixar seus lares por medo de que a estrutura desabe. Segundo a síndica Mirian de Freitas, foram constatadas rachaduras em pelo menos três apartamentos do condomínio do programa Minha Casa Minha Vida.
Os problemas no residencial, porém, não são novos. Os prédios foram entregues há aproximadamente quatro anos, e, desde então, pelo menos 250 moradores ingressaram com ações individuais contra a Caixa Econômica Federal por falhas estruturais.
O Crea vistoriou o prédio e disse que a interdição vai durar 72 horas. As empresas responsáveis pela construção - que foram três ao longo dos anos - já foram identificadas. Contudo, segundo a Caixa, todas elas já faliram. As obras foram entregues em 2016, sendo que o contrato de construção foi assinado em 2010.
"Agora surgiram relatos de estalos em todo lugar, rachaduras em todo lugar. Mas aqui temos diversos vícios construtivos: teto caindo, cerâmica solta, piso manchado [por infiltração]. Com tantos problemas, pelo menos 18 pessoas já foram indenizadas por danos morais e materiais."
Um dos apartamentos que apresentaram falhas no condomínio é o de Eliana Miranda Coutinho, surda, moradora do Bloco 14. A irmã, Eliane Gomes Coutinho, conta que o teto do banheiro cedeu há mais de três anos e até hoje o problema não foi solucionado.
"A Caixa fala que o problema é da moradora de cima, mas não é, porque já tentamos acertar. Já tentamos acertar várias vezes. O teto do banheiro caiu, parte até em cima da minha irmã, os fios estão expostos. Também há infiltrações na cozinha, os móveis estão estragando. Já não sabemos o que fazer", conta Eliana.
Em nota, o Corpo de Bombeiros Militar disse que a Defesa Civil Estadual esteve no imóvel na manhã desta sexta-feira (12), avaliando as condições da edificação, juntamente com representantes da Defesa Civil Municipal, da Caixa Econômica Federal e da Construtora.
A Defesa Civil Estadual autorizou a entrada controlada de moradores, um por vez, para a retirada de pertences pessoais, no entanto, a liberação ou não do imóvel para retorno dos moradores segue sob avaliação.
A Prefeitura de Vila Velha informou que a Defesa Civil Municipal, em reunião com representantes da Defesa Civil Estadual, Bombeiros, Caixa e Crea, decidiu manter a orientação de interdição do prédio por mais 72 horas, até que seja dado novo parecer de engenharia da edificação.
A Caixa informou que encaminhou uma equipe técnica ao local e que, até os moradores poderem retornar às suas residências, eles serão colocados em hotéis. "A Caixa, na condição de representante do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), prestará a assistência necessária aos moradores do bloco interditado até que a segurança das unidades seja atestada."
O banco público ainda destacou que, conforme regras previstas no Minha Casa Minha Vida, o FAR se responsabilizará pelos reparos necessários e fará a contratação emergencial de uma empresa para execução das obras, o que ocorrerá nos próximos dias, após a conclusão do diagnóstico e monitoramento que serão efetuados no prédio.
A Caixa também frisou que as três empresas que atuaram nas obras (Construtora R Carvalho Construções e Empreendimentos Ltda, Decottignes Construção e Incorporação Ltda e Solare Construtora Incorporadora Ltda), bem como os sócios, estão impedidas de operar com a Caixa em novos projetos.
A reportagem foi atualizada com os posicionamentos da Caixa Econômica Federal e da Prefeitura de Vila Velha.
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