Mesmo sem ainda estar sob lockdown, o Espírito Santo já sofre as consequências das paralisações das atividades econômicas em outros Estados. Segundo a presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cris Samorini, algumas fábricas têm enfrentado dificuldades diante da demanda menor.
Ele citou o exemplo do setor moveleiro, que costuma vender para clientes em São Paulo, e que já sentiu o impacto das restrições que ocorrem por lá.
Atualmente, o estado paulista está na “fase emergencial”- que antecede o lockdown -, o que implica, além da paralisação do funcionamento de todo o comércio não-essencial, um toque de recolher das 20h as 5h.
“A economia do Espírito Santo depende do restante do Brasil e alguns Estados, de forma antecipada, já iniciaram com lockdown. Temos um setor moveleiro muito dependente do mercado de São Paulo e isso já começou a sinalizar reflexos na produção, de redução do volume de demanda da indústria”, afirmou em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (15).
O Espírito Santo entrou nesta segunda-feira (15) em uma fase mais restritiva do combate à pandemia, com várias cidades em alerta vermelho. Segundo entrevista do prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, ao colunista Leonel Ximenes, todos os municípios da Grande Vitória serão classificados como de "alto risco”. Até o momento, estão sob essa classificação Serra, Vila Velha e outras 15 cidades do interior.
O governo do Estado deve anunciar mais restrições nesta terça-feira (16), como o fechamento do comércio e atividades não essenciais por 14 dias, diante da alta taxa de ocupação de leitos de UTI.
Segundo a presidente da Findes, a entidade vai orientar que as indústrias coloquem em home office todos os trabalhadores que podem atuar de forma remota. Além disso, começará uma campanha para reforçar os protocolos básicos de segurança como uso de máscaras, higiene das mãos, distanciamento, entre outros.
“Vamos mostrar que os protocolos estabelecidos na indústria tiveram complementaridade nos últimos meses e garantiram que não houvesse impacto de redução de mão de obra disponível por contaminação. Temos um volume hoje de indústrias que não pararam a operação ao longo da pandemia, algumas reduziram por controle interno, mas a questão da prevenção foi muito eficaz”, afirma.
O apelo será feito também para as empresas que compõem a cadeia de fornecedores e prestadores de serviços da indústria, para tentar garantir as operações mesmo em um momento de avanço do coronavírus.
Ainda assim, Samorini avalia que a restrição no horário de funcionamento do comércio capixaba deve impactar, ainda que indiretamente, a indústria, já que provoca redução de demanda.
Apesar de acreditar que regras mais rígidas que as atuais possam ser implementadas pelo governo, ela afirma que confia nos protocolos estabelecidos pelo setor até o momento e espera que não seja necessário um lockdown (confinamento).
“Temos indústrias essenciais não somente para a economia, mas para sobrevivência do capixaba, como a de alimentos. Temos demandas de alto forno que não podem ser suspendidas de um dia para o outro. A construção civil que também tem um ambiente já com protocolos estabelecidos. Estamos atentos para o que será colocado pelo governo. A gente precisa ter essa sensibilidade que talvez ajustes serão necessários e a gente só precisa encontrar a medida correta. Não é fácil, mas vai ser necessário que ocorra“, diz.
A presidente da Findes disse que a entidade tem agido junto a outros grupos empresariais, governadores e prefeitos para ampliar a velocidade de vacinação da população. A imunização é apontada por ela e por diversas outras autoridades e especialistas como a única maneira de retomar o dinamismo econômico do país.
“Estamos muito empenhados a ajudar nesse momento para a vacinação. Já começamos o diálogo com farmacêuticas. Não é fácil, mas sabe que quanto mais esforços, mais rápido vamos conseguir esse volume necessário de vacinação”, disse.
Na semana passada a entidade anunciou que se uniu às federações de outros Estados para tentar adquirir doses de imunizante contra o coronavírus. O setor está no movimento Unidos pela Vacina, que tem como foco a mobilização para imunizar todos os brasileiros até setembro deste ano.
Em conversa com o governo estadual, Samorini conta ainda que foi sinalizada a possibilidade de a indústria fornecer armazenamento para as doses, caso o governo do Estado consiga fazer a aquisição.
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