Os impactos que a pandemia da Covid-19 provocou na economia são observados no dia a dia das pessoas, que viram o desemprego aumentar, a renda cair e uma parcela significativa da população passar a ocupar a faixa de vulnerabilidade social. Embora os efeitos da crise sanitária ainda estejam presentes, há uma perspectiva de melhoria dos indicadores, entre os quais o aumento do nível de empregabilidade. No Espírito Santo, a projeção é por crescimento da oferta de vagas ao longo deste semestre.
A estimativa é do economista capixaba Bruno Funchal, que comanda a Secretaria do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, ao analisar dados do PIB do Estado, que apresentou sinais de melhora no segundo trimestre de 2021; o emprego, porém, não seguiu no mesmo ritmo.
"Mas o emprego vai recuperar bem no terceiro e quarto trimestres, principalmente com a volta dos serviços, a retomada das atividades econômicas. A projeção é de crescimento", sustenta Funchal.
A atual conjuntura da economia e o que vislumbra para o próximo ano é também tema de um encontro com participação de Funchal nesta sexta-feira (17), em Vitória. Trata-se do Fucape Open, “Cenários Econômicos, reformas e perspectivas para 2022". Organizado pela Fucape, o evento tem apoio da Rede Gazeta e reunirá expoentes da economia nacional, tais como a Ana Laura Magalhães Barata, criadora do canal “Explica Ana”, e Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos.
Fundador da Fucape, o professor Aridelmo Teixeira, que é secretário municipal da Fazenda de Vitória, afirmou que trata-se de uma oportunidade para traçar estratégias. “Conhecer a evolução do mercado financeiro e as perspectivas para o cenário econômico e político para 2022 é fundamental para planejar as estratégias das empresas e traçar a base para um plano de ações. A Fucape, com este evento, firma ainda mais o seu compromisso de estar de portas abertas e de ser uma referência em conhecimento inovador e bons negócios.”
No encontro, Bruno Funchal vai fazer uma análise da situação fiscal do país e pontuar as consequências das medidas adotadas na pandemia, isto é, colocará em debate a forma como o governo federal tem enfrentado a crise imposta pela Covid-19 e o processo de reorganização das contas públicas.
"É um diagnóstico dos problemas estruturais para debater a agenda de reformas, discutir em que direção é necessário caminhar. Ou seja, um olhar de curto prazo para lidar com o contratempo da pandemia e, a longo prazo, olhando para nossos problemas e discutindo o que fazer para enfrentá-los", afirmou.
Questionado se o Espírito Santo pode servir de referência, visto que tem mantido a nota A na análise do Tesouro Nacional sobre a capacidade de pagamento, Bruno Funchal ponderou que o Estado já se tornou exemplo há alguns anos. Ele lembrou que, desde 2017, 2018, quando era o único a ter a avaliação mais alta no país, o Espírito Santo passou a ser usado como "modelo".
Atualmente, afirmou o secretário, a organização fiscal está na agenda da maioria dos governadores e prefeitos quando se elegem porque perceberam que, somente com as contas equilibradas, é possível atrair investimentos e novos negócios.
O Espírito Santo ocupa há 10 anos o topo do ranking. Contudo, houve um incremento no número de Estados com notas A e B (as mais altas) na análise do Tesouro de 2020 para 2021, saltando de 9 para 20. Funchal atribui esse desempenho em boa medida à implementação da Lei Complementar 173, que vedou a concessão de aumento para servidores por dois anos para reduzir os reflexos nas contas públicas causados pela baixa arrecadação durante a pandemia. Mesmo quando o reajuste estiver autorizado novamente, o secretário acredita que os gestores estarão cientes de que é mais importante garantir investimentos à população que inchar a máquina pública.
Na conjuntura nacional, Funchal observou que há desafios claros - estruturais e históricos - como a necessidade de aumentar a produtividade e promover as reformas administrativa e tributária. No entanto, para os próximos 40 dias, o secretário disse que o foco de atenção é o Orçamento de 2022, que traz para o debate os precatórios devidos pelo governo federal, cujo pagamento integral poderia comprometer a ampliação do Bolsa Família.
A União tenta solucionar a questão do aumento de gastos com o pagamento das dívidas do governo reconhecidas pela Justiça e que não têm possibilidade de recurso. A conta das sentenças judiciais passou de R$ 54 bilhões neste ano para R$ 89 bilhões.
"É um crescimento muito alto, que acaba comprimindo o Orçamento e ficamos muito limitados na expansão de políticas públicas, como o programa de renda Bolsa Família. Essa é a discussão do momento e, para discutir isso, todos os principais líderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - precisam sentar e conversar para buscar uma solução", argumentou.
A própria geração de emprego e renda, com incremento previsto neste semestre, passa por um Orçamento, nas palavras do secretário, "ajustado, crível e fiscalmente sustentável."
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta