Um robô fabricado no Espírito Santo tem ajudado pessoas com deficiência visual a executarem tarefas simples do dia a dia. Trata-se do cão-guia Lysa, produzido pela Vixsystem, uma startup da Serra que recentemente recebeu um aporte financeiro na ordem de R$ 2,8 milhões.
Os recursos são provenientes de duas grandes instituições de pesquisas, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
Com a verba, a empresa poderá fazer melhorias tecnológicas no equipamento, como atualizações no protótipo e aperfeiçoar os algoritmos de inteligência artificial, sempre visando possibilitar uma navegação mais autônoma para o usuário. A tecnologia é 100% capixaba e pioneira no Brasil para atender esse público.
Aos poucos, o robô tem conquistado espaço e a confiança também de outras empresas. Só para se ter uma ideia, companhias como Petrobras, a Vivo e o Shopping Vitória estão entre as que adquiriram unidades do equipamento e que, em breve, vão disponibilizar para seus colaboradores e visitantes.
O shopping, por exemplo, vai disponibilizar duas unidades para dar mais autonomia na circulação de pessoas com deficiência visual pelo mall. A pessoa poderá, por exemplo, ser guiada até uma casa lotérica.
O Lysa é de autoria da bacharel em ciências da computação Neide Sellin. O projeto começou quando ela era professora em uma escola estadual da Serra. Desde a sua criação, o protótipo passa por constantes melhorias e é capaz de fazer cálculos com detecção de profundidade e ainda informar o objeto diante do usuário.
“A ideia surgiu quando trabalhava em um projeto de robótica dentro da unidade de ensino. Uma aluna comentou sobre a possibilidade de desenvolver um robô para auxiliar quem tem problemas visuais. Na época, o protótipo foi feito com peças alternativas. Um dia uma pessoa cega me falou que iria fazer uma poupança para comprar o equipamento. Foi quando identifiquei o potencial de comercialização deste produto”, relembra a empresária.
Segundo ela, dar dignidade e segurança para quem tem deficiência foi fundamental na hora de criar a startup, em 2014, e o que motiva a empreendedora a continuar.
“De lá para cá, entramos em um grande processo de desenvolvimento e enfrentamos diversos desafios. Para nós, o marco de nossa trajetória é a conquista desses investimentos privados”, comenta.
Uma das tecnologias utilizadas do cão-guia robô é a Slam, capaz de fazer mapas e captar melhor os ambientes por onde o usuário vai transitar.
“O Lysa ajuda a ter uma vida mais autônoma. Todas as conquistas foram feitas passo a passo. Estamos no melhor momento do produto. Percebemos não haver barreiras para a inovação, à medida que vamos vendo o cotidiano e o quanto podemos mudar a vida dessas pessoas. É um sonho que já passou por várias etapas e a cada dia conseguimos fazer mais robôs”, afirma.
Atualmente, o cão-guia robô é comercializado em parceria com clínicas e institutos, pois os usuários precisam receber treinamento especial. A Vixsystem conta hoje com 14 profissionais só na parte de desenvolvimento.
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