O vento vale dinheiro e muitas cidades do Espírito Santo têm potencial para aproveitar esse recurso natural e gerar riqueza. O novo Atlas Eólico Onshore (em terra) e Offshore (no mar), divulgado nesta sexta-feira (26), mostra que municípios do Estado podem aproveitar o vento para ter mais dinheiro e também abrir novos empregos por meio da energia eólica.
O documento é uma revisão de um estudo apresentado em 2009. Naquela ocasião, o potencial de geração identificado no Espírito Santo era de 4,7 gigawatts (GW) por ano, como publicou o colunista Abdo Filho. No novo estudo, lançado nesta sexta-feira (26), na sede da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), em Vitória, o potencial eólico do Estado supera os 160 mil gigawatts ao ano, somando a geração no mar (142.080 GW) e em terra (18.307 GW).
Como comparação, o consumo de energia eólica no país, no ano passado, foi de 500 mil GW. Ou seja, a capacidade de produção do Estado equivale a um terço do consumo brasileiro anual, atualmente.
Todo esse grande potencial eólico em alto-mar se concentra, principalmente, no litoral Sul do Espírito Santo, na região que vai de Vila Velha a Presidente Kennedy, passando por Guarapari, Anchieta, Piúma, Itapemirim e Marataízes. Nesses locais, a força dos ventos pode passar dos 11 m/s (a 200 metros de altura).
No Litoral Norte, de Aracruz a São Mateus, incluindo Vitória, Serra e Fundão, na Grande Vitória, o potencial eólico no mar também existe. A força dos ventos, porém, é um pouco menor, indo de 8 a 10,4 m/s.
Atualmente existem no litoral do Espírito Santo quatro projetos com solicitação de licença ambiental junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e aguardam uma definição. São eles: Votu Winds, Vitória Offshore, Quesnelia e Projeto Ubu.
Quando se trata do vento em terra, uma parte das regiões Serrana e do Caparaó também mostra potencial para explorar essa energia renovável. O Atlas destaca a força dos ventos em Marechal Floriano, Venda Nova do Imigrante e em parte de Conceição do Castelo, Ibatiba, Iúna, Ibitirama, Brejetuba, Domingos Martins, Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina, Santa Teresa e Afonso Cláudio. Essa capacidade também é verificada em Cariacica e Viana, na Grande Vitória.
Nas regiões Norte e Noroeste, também há cidades com bom potencial eólico. São os casos de Mantenópolis, Alto Rio Novo e Governador Lindenberg, além de parte de Ibiraçu, João Neiva, Pancas, Ecoporanga, Rio Bananal e Pedro Canário.
No mapa, as partes em azul, mostram locais com ventos mais fracos e, portanto, menor potencial de geração de energia eólica. Entre as cidades com essa característica, estão Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Mimoso do Sul, Barra de São Francisco e Baixo Guandu.
O Atlas Eólico serve de fonte de informações técnicas e estratégias para atrair investidores na produção de energia a partir da força dos ventos. Além da importância por ser uma fonte de energia renovável, a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) estima que, para cada megawatt de energia eólica instalado, 15 empregos diretos e indiretos sejam criados. Vale destacar que cada gigawatt (GW) corresponde a mil megawatts.
Com base nisso, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) estima que, até 2026, a cadeia eólica será capaz de gerar cerca de 200 mil novos empregos diretos e indiretos no Brasil.
"Esse é um primeiro passo para que possamos ver quais são as potencialidades e as oportunidades do Espírito Santo. Depois desse levantamento de dados e informações, teremos que operacionalizar, usar esses dados, para fazer do Espírito Santo um provedor importante dessa fonte de energia”, ressaltou gestora de programas da Delegação da União Europeia no Brasil, Stephanie Horel.
A União Europeia foi uma das entidades que colaborou com a elaboração do Atlas Eólico, por meio do Acordo de Cooperação Técnica assinado pelo Governo do Estado com a Embaixada da Alemanha, representado pela Agência Deutsche Gesellschaft Für Internationale Zusammenarbeit (GIZ). A colaboração foi tanto técnica quanto financeira, segundo Stephanie.
O atlas é resultado de oito meses de pesquisa. Diferentemente do último, divulgado em 2009, o novo estudo é digital e será disponibilizado para consulta pública em uma plataforma que pode ser acessada gratuitamente. Basta fornecer um e-mail e cadastrar uma senha. Para consultar os dados clique aqui.
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