Os impactos econômicos causados pela pandemia do novo coronavírus têm feito cair, consideravelmente, a receita das famílias. Por outro lado, medidas do governo federal como a liberação do auxílio emergencial de R$ 600 e do saque de R$ 1.045 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) podem aliviar um pouco as despesas dos trabalhadores.
O problema é que os benefícios devem acabar antes que os efeitos da crise econômica. Ainda assim, é possível fazer alguns malabarismos para que o dinheiro dure mais tempo e o trabalhador tenha fôlego para se reorganizar financeiramente.
A gente sempre toma as melhores decisões quando passa a refletir sobre qual caminho tomar. Com dinheiro não é diferente. Então, é preciso fazer uma lista de prioridades e usar o dinheiro nessas prioridades, orienta o planejador financeiro Renan Lima.
O economista e professor universitário Antônio Marcus Machado separa as prioridades em três grupos: aluguel, alimentação e despesas fixas (como água e energia). O aluguel, por exemplo, eu posso tentar antecipar alguns pagamentos. Se eu gasto R$ 300 de aluguel e retirei R$ 1.045 do FGTS, posso antecipar até três pagamentos e desse problema eu já fico livre por um tempo, orienta.
Gastos fixos e com alimentação, não se pode pagar adiantado, mas é possível separar o dinheiro em envelopes diferentes para que, a cada mês, já tenha de onde tirar o recurso, acrescenta Machado. É fazer isso e economizar. É voltar para o arroz com feijão e carne, não gastar com sobremesas, refrigerante e lanches caros até que a renda esteja restabelecida.
Renan Lima lembra que quem está com o dinheiro contado para chegar ao fim do mês precisa pesquisar muito as melhores condições de compra. A pessoa pode dar preferência para o comércio que é perto de casa, se for mais barato. Pode comprar os alimentos nas feiras e aproveitar até mesmo a xepa, onde dá para encontrar produtos de qualidade e preço baixo, explica.
Fazer esse controle nos gastos exige disciplina, mas não é difícil. Precisamos começar a ver o orçamento doméstico como um roteiro de viagem. A gente aproveita muito mais uma viagem quando sabe para onde vai, a que horas vai e quanto vai gastar. O nosso orçamento pode durar muito mais se soubermos quanto vamos usar, onde vamos gastar e o que precisamos comprar ou pagar, avalia.
A equipe de economia doméstica do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) destaca que existem algumas perguntas importantes que podem auxiliar na economia em tempos de crise. Segundo as economistas domésticas do Incaper Ana Paula Pereira e Aline Chaves Pereira, antes de comprar o consumidor deve seguir a regra dos três "sim"
1. Preciso realmente deste produto?
a) Não? Desista da compra
b) Sim! Vá para a pergunta 2
2. Tenho dinheiro para pagar?
a) Não? Desista da compra.
b) Sim! Vá para a pergunta 3
3. Tem que ser agora?
a) Não? Desista da compra
b) Sim! Compre!
Elas também destacam a importância da economia local e da agricultura familiar na ajuda a quem precisa economizar. Segundo as economistas, é importante planejar o cardápio com uma semana de antecedência, de maneira a aproveitar promoções e boas oportunidades de compras; preparar os alimentos em casa e reaproveitá-los; e preferir alimentos da estação (que são mais abundantes) e os produzidos localmente.
A doutora em Contabilidade e Administração Neyla Tardin, professora da Fucape, lembra que uma boa opção é utilizar o dinheiro do FGTS para fazer o pagamento de dívidas. "Se você passa por alguma dificuldade financeira e está inadimplente, o dinheiro do FGTS serve para quitar suas dívidas antigas. Tente renegociar. Pagando toda a dívida de uma só vez, pode haver perdão dos juros", destaca.
E para quem não está com a "corda no pescoço", ela lembra que é importante não relaxar nas finanças. "As empresas estão conservadoras, há certa miopia gerencial durante a pandemia, e a empregabilidade está em risco: é muito difícil prever o futuro da economia nesse caos todo. Logo, se a incerteza é grande, não aumente seus gastos agora e faça uma reserva inteligente, controle de perto o orçamento doméstico", completa.
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