O novo corte na taxa básica de juros anunciado pelo Banco Central nesta quarta-feira (5), de 4,5% para 4,25%, tornou ainda mais difícil para os consumidores investir em renda fixa. Por conta da inflação e das taxas de administração dos bancos, quem tem aplicações na poupança, Tesouro Direto e fundos DI, por exemplo, pode acabar perdendo dinheiro. Especialistas avaliam que, nesse cenário de Selic baixa, para ter algum lucro ou mesmo manter o poder de compra, será preciso aceitar algum risco ou abrir mão da liquidez, que é a possibilidade de resgatar o recurso em um período mais curto.
A poupança, que é a mais conhecida forma de guardar dinheiro, hoje está rendendo 70% da taxa Selic mais a Taxa Referencial (TR), que no momento está zerada. Apesar de não cobrar taxas ou Imposto de Renda (IR), o rendimento anual da caderneta não supera nem a inflação. Com isso, por mais que o valor no extrato da conta pareça maior depois de um tempo, o poder de compra daquele dinheiro é reduzido.
Nesse cenário, o especialista em renda variável da Valor Investimentos, Pedro Lang, afirma que, para escolher onde investir a partir de agora será necessário avaliar quanto a pessoa tem e qual tempo ela está disposta a deixar aquele recurso render. "Quanto maior o prazo e mais puder alongar, maior o retorno que ela poderá ter", diz.
Segundo ele, algumas alternativas boas atualmente são os fundos multimercados, que tem risco intermediário. Esses fundos mesclam diversos tipos de ativos como ações, moedas, juros e até renda fixa.
Para quem quer e pode se arriscar mais, Lang aconselha o mercado de ações. "A gente acredita que a economia deve voltar a crescer. Então, o mercado de ações, como acompanha o lucro das empresas, deve continuar a subir. O único problema é que é preciso ter um prazo de investimento mais longo. Apesar de ser possível fazer resgates em poucos dias, quanto maior o tempo, maior a chance de ter um resultado muito bom", afirma.
De fato, no início do ano a Bolsa de Valores de São Paulo bateu vários recordes - ultrapassando os 118 mil pontos. Porém, com o avanço do coronavírus, começou a apresentar resultados negativos.
Lang avalia, porém, que a queda nas bolsas de valores provocadas pelo vírus será um evento passageiro cujo efeito não deve durar mais do que algumas semanas. "A perspectiva ainda é muito boa para as ações contanto que haja essa disciplina de manter o investimento por um prazo um pouco maior", afirma.
Quem não pretende abrir mão da renda fixa tem algumas alternativas, mas Renan Lima, economista e sócio da Alphamar Investimentos, alerta que será preciso "esquecer" o dinheiro investido por algum tempo. Ele afirma que é possível manter o nível de segurança alto e preservar o poder de compra investindo em renda fixa pré-fixada ou atrelada à inflação.
No caso da pré-fixada, é acordado em contrato um valor fixo de rendimento e um prazo. Mesmo que haja alteração da Selic nesse período, para cima ou para baixo, a taxa permanece a mesma. No outro caso, o rendimento é hibrido: indexado à inflação e a uma taxa pré-fixada.
"Em geral, se a pessoa fica até o vencimento (até o prazo final acordado) há um prêmio, uma porcentagem extra. Mas é preciso ser paciente e aceitar ficar sem o dinheiro por aquele período", diz.
Outro ponto que deve ser observado é se, ao final, haverá ou não cobrança de Imposto de Renda sobre o lucro. Os investimentos em Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) - que podem ser pré ou pós-fixados - e os debêntures incentivados são isentos. Já os fundos multimercados seguem alíquota regressiva, ou seja, quanto maior o tempo de investimento menor é a porcentagem de imposto cobrado. Já no caso das ações e dos fundos de ações, a porcentagem é fixa, de 15% sobre os rendimentos.
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