O funcionamento de salões e estúdios de beleza no Espírito Santo não está proibido pelo governo, ao contrário do que se pensou.
O esclarecimento foi feito pelo próprio governo do Estado, através de redes sociais, no sábado (4), o que gerou preocupação em médicos pelo risco de contágio do novo coronavírus em função da proximidade dentro dos estabelecimentos.
Segundo o Poder Executivo, nunca houve limitação de abertura para as atividades econômicas consideradas dos setores de serviços e da indústria, mas apenas do comércio não-essencial. O governo explicou ainda que, no caso dos estabelecimentos que podem abrir, como os salões, foi imposta uma série de exigências pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), como o controle de entrada, distanciamento entre colaboradores e um elevado padrão de higiene e limpeza.
De acordo com o procurador-geral do Estado, Rodrigo de Paula, cabe aos donos dos salões atenderem às determinações fixadas no protocolo estabelecido pela Sesa.
"Nos decretos até agora expedidos pelo governador, não houve proibição de funcionamento do setor de serviços (salvo alguns específicos), nem da indústria. Mas a orientação geral do governo sempre foi para que as pessoas façam o distanciamento social", disse neste domingo (5) através de nota.
No protocolo, publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado deste sábado (4), é exigido que seja limitada a entrada de clientes no estabelecimento, para que não haja aglomerações e para que seja possível manter a distância mínima de segurança de 1,5 metros entre pessoas.
Outros pontos impostos pelo protocolo são evitar compartilhar objetos de uso pessoal, afastamento de empregados com sintomas gripais e não cumprimentar as pessoas com contato físico. A publicação não faz referência aos salões de beleza especificamente, nem a qualquer outra atividade.
A dúvida que paira, entre pessoas e até empresários do setor, é de como cumprir esse distanciamento entre o profissional da beleza e o cliente no momento do atendimento.
Na mesma portaria, por exemplo, a Sesa diz que "serviços que exigem proximidade com o cliente devem ser evitados e só executados juntamente com medidas específicas para minimizar o risco de transmissão do novo coronavírus".
Apesar dessas medidas específicas não estarem estipuladas no documento, o procurador-geral do Estado havia declarado para a reportagem que o governo contava com o bom senso dos empreendedores. "Algumas atividades ainda que estejam permitidas, as próprias pessoas têm tido a consciência de que não dá para fazer", disse Rodrigo de Paula para A Gazeta no sábado.
Donos de salões de beleza ouvidos pela reportagem explicaram que o setor sempre teve, até por obrigação legal e sanitária, altos padrões de higiene e limpeza. Boa parte dos estabelecimentos do ramo estava fechada nos últimos dias por acharem que a proibição de abertura também valia para o segmento.
Agora eles pretendem reabrir com cuidados redobrados e adotando o controle de entrada exigido pelo Estado.
Nilceia Dias, proprietária de um estúdio de beleza em Laranjeiras, na Serra, disse que ela faz parte de um grande grupo de empreendedores do segmento que ficaram de portas fechadas nas últimas duas semanas, mas que após o esclarecimento do governo e vários clientes pediram para que eles voltassem a abrir, foi decidido que os estabelecimentos voltarão a funcionar, mas com restrições.
"Eu tenho um salão que sempre seguiu as normas de higiene. A demanda dos clientes está bem grande, até porque beleza não é só vaidade, ela envolve autoestima também, o que as pessoas precisam numa hora dessas, e até questão de higiene também, como fazer unhas e se depilar. As pessoas nos procuraram muito e por isso procuramos o governo para nos ajudar" disse a empreendedora.
Segundo ela, as restrições de entrada impostas serão cumpridas. "Resolvemos que vamos atender com horário marcado, que não vamos encher salão, e que nem irão trabalhar todos os profissionais. Será um esquema de rodízio. A proximidade é difícil não ter, mas vamos redobrar nossos cuidados de higiene,
Joelson dos Santos, do Instituto de Beleza Cachos e Cia, afirmou que o segmento entendeu que não deveria abrir as portas antes, mas que higiene sempre foi uma premissa do negócio.
Já Carlos Regattieri, proprietário do Salão Camburi, disse que já estava abrindo as portas com limitação de entrada nos últimos dias e apenas mediante a agendamentos. "Só entra uma pessoa para ficar na parte feminina do salão e um pra ficar na parte masculina, sem tumulto e todos trabalhando com máscara e passando álcool em gel toda hora".
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