Anchieta
Após um ano da retomada da produção, a mineradora Samarco, joint venture controlada pela Vale e BHP Billiton, já traça novos desafios. Desde dezembro de 2020 a companhia voltou a operar as unidades em Anchieta, no Espírito Santo, e Mariana, em Minas Gerais, com 26% da capacidade. Agora, a meta é ampliar a produção até 2026, alcançando 60% da capacidade.
Com o funcionando de uma das quatro usinas de pelotização no Complexo de Ubu (a usina de número 4) e de um dos três minerodutos da empresa, a Samarco processa hoje cerca de 8 milhões de toneladas (Mt) de pelotas e minério de ferro anualmente. Em cinco anos, o objetivo é chegar a 17 Mt, quando mais uma usina será religada e outro mineroduto voltará a operar.
A plena operação, porém, só deve acontecer até 2030, alcançando a capacidade de 27 milhões de toneladas de concentrado. Segundo o diretor de Planejamento e Operações da Samarco em Ubu, Sérgio Mileipe, esse prazo é necessário.
"É um tempo longo? Sim. Mas estamos pautando todas as nossas decisões pela segurança", afirmou nesta quinta-feira (16) em Anchieta, quando a Samarco apresentou à imprensa o balanço de um ano da retomada da produção.
Em função do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em 2015, a empresa ficou cinco anos com as operações paralisadas. No ano passado, a mineradora retomou a produção utilizando um novo sistema de disposição de rejeitos em Minas Gerais, eliminando o uso de barragens.
Desde a retomada, a Samarco já produziu 7,5 milhões de toneladas de pelotas de minério, embarcou 71 navios para o exterior no Porto de Ubu, e gerou cerca de R$ 1 bilhão em tributos. Atualmente, a empresa conta com cerca de 1,5 mil trabalhadores diretos (eram 6 mil em 2015), além de 8 mil indiretos.
O diretor-presidente da Samarco, Rodrigo Vilela, destacou que o primeiro ano de retomada foi marcado pela estabilidade operacional e que a empresa estuda alternativas para antecipar, de forma segura, o cronograma de retomada de 100% da capacidade.
"Voltamos a oferecer um produto de elevado teor de ferro, superior a 65%, reconhecido pelos nossos clientes. Nossas pelotas são destinadas ao mercado siderúrgico global para atender os principais produtores de aço", afirmou o executivo.
Os executivos destacaram ainda uma iniciativa recente da empresa para incentivar a contratação de produtos e serviços junto a fornecedores locais. Batizado de Força Local, o programa prioriza empresas da região de Anchieta, Piúma e Guarapari para compras de até determinado valor, garantindo ainda o pagamento antecipado. Em um ano, foram R$ 587 milhões em contratos firmados pela empresa dentro da iniciativa.
Outra meta da Samarco é encerrar até o próximo ano o processo de recuperação judicial, iniciado em abril de 2021 para garantir a manutenção das atividades, o pagamento dos compromissos financeiros e a geração de empregos.
De acordo com Sérgio Mileipe, a empresa "teve que escolher esse caminho" (da recuperação judicial) em função das dívidas feitas antes da paralisação, na época da construção da usina 4.
Ele explicou que, com a retomada da operação e a volta da geração de caixa, em 2020, esses credores começaram a recorrer à Justiça para receberem, pedindo o bloqueio das contas da empresa. Foi temendo decisões nesse sentido que a Samarco optou pelo processo de recuperação judicial.
Nele, os credores e a empresa precisam aprovar um plano para pagamento das dívidas, que será homologado pela Justiça. A Samarco já tem negociado para desenhar esse plano considerando seu plano de retomada de produção.
Mileipe reforçou que o processo não apresenta riscos para as operações e para o cronograma de investimentos, assim como não altera os desembolsos para reparação de danos que é tocada pela Fundação Renova.
Ele afirmou que, para os próximos anos, a companhia está atenta às oportunidades no Estado. Uma delas é a construção da Ferrovia Vitória-Rio (EF-118), que inicialmente conectará a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), na Grande Vitória, até Anchieta. Ele porém não detalhou quais os planos da mineradora diante da conexão ferroviária.
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