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Samarco: retomada em 2020 deve movimentar outras empresas do setor

Samarco: retomada em 2020 deve movimentar outras empresas do setor

Presidente da Findes diz que, primeiro, volta da operação deve aquecer cadeia de fornecedores. Paralisação da empresa, em 2015, fez o PIB de Anchieta cair mais de 70%

Publicado em 8 de outubro de 2019 às 13:10

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Sede da Samarco em Anchieta. (Arquivo)

retomada das operações da Samarco, prevista para o segundo semestre do ano que vem, deve trazer otimismo para a economia do Estado e principalmente para o município de Anchieta. Segundo divulgado pelo governador Renato Casagrande na manhã desta segunda-feira (7), no começo, serão reiniciadas apenas 26% das atividades. Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Léo de Castro, a confirmação da retomada pode provocar um aquecimento do setor antes mesmo do início das atividades da empresa.

"Vamos sentir a retomada primeiro na cadeia de fornecedores. Desde já as empresas fornecedoras vão começar a se mobilizar para atendê-la. Já vai movimentar as cidades, principalmente Anchieta, Guarapari e Piúma", diz. 

A empresa está paralisada desde 2015, quando houve o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. Com isso, Anchieta registrou queda de 73,7% no seu Produto Interno Bruto (PIB) em 2016. “Mesmo que não volte com 100%, é um grande sinal. O impacto para o município foi devastador. O retorno é sempre saudável porque reativa cadeias produtivas ligadas à Samarco como todas aquelas ligadas a serviços industriais, manutenção, fornecimento de todo tipo de serviço, transporte de pessoas, passa a movimentar o porto que praticamente ficou parado”, avalia o economista Orlando Caliman.

EMPREGOS

Ele também prevê que haja geração de postos de trabalho na cidade, mesmo que não seja possível, de imediato, recuperar as muitas vagas de emprego diretos e indiretos perdidas no período. “Vai ter impacto no emprego também, mas lógico que isso vai ser gradual. Mesmo assim já é um bom sinal. Provavelmente 26% (de produção) deve significar ativar uma das quatro plantas que a Samarco tem em Anchieta”, afirma.

Em abril deste ano, representantes da empresa durante uma reunião interna na Câmara Municipal de Mariana, em Minas Gerais, afirmaram que a companhia deve abrir cerca de 300 vagas no Estado na primeira fase de retomada de atividades. 

Em Anchieta, além do Porto de Ubu, a empresa possui quatro usinas de pelotização alimentadas por três minerodutos que transportam para lá minério produzido em Minas Gerais.

Para Léo de Castro, a volta das atividades da Samarco é o "evento econômico mais relevante para o calendário estadual nos próximos meses". "Acredito que a retomada vai ser progressiva. A companhia sempre foi muito competitiva é natural que volte a operar com capacidade completa ao longo do tempo", prevê. 

IMPACTO

O impacto da paralisação da Samarco também foi sentido na economia do Espírito Santo, que retraiu 9,3% no mesmo período. De acordo com Caliman, a retração relacionada diretamente à empresa foi de cerca de 4%, o que já é considerado um número alto. “Isso impacta muito numa economia relativamente pequena como é a do Espírito Santo. A produção era bem volumosa, quando foi retirada, deu um baque grande”, afirma.

De maneira mais imediata, Anchieta deve sentir os efeitos da retomada da empresa através da movimentação dos setores de comércio e serviços, que gera Imposto Sobre Serviço (ISS) para o município. “O setor hoteleiros, as lojas, transportes, postos de gasolina, tudo isso será ativado, a cidade vai voltar a ter vida. Você chega hoje e parece um cemitério”, diz o economista.

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Já a participação dos municípios na distribuição do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) deve demorar a vir. O especialista explica que o cálculo é feito com dois anos de defasagem, então, mesmo com a retomada em 2020, o dinheiro do ICMS só deve retornar à Anchieta depois de 2022.

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