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Samarco vai investir R$ 80 milhões no complexo de Ubu, no ES

Samarco vai investir R$ 80 milhões no complexo de Ubu, no ES

Cifra será aplicada na manutenção de estruturas e equipamentos, beneficiando prestadores de serviço da região. Para janeiro de 2023, empresa prevê iniciar operação de novo mineroduto, que permitirá aumentar a produção

Publicado em 27 de abril de 2022 às 17:36

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Samarco: Complexo de Ubu, em Anchieta, no Sul do ES
Samarco: Complexo de Ubu, em Anchieta, no Sul do ES. (Samarco/Divulgação)

A mineradora Samarco, joint venture controlada pela Vale e BHP Billiton, prevê investir R$ 80 milhões, ainda este ano, na manutenção de estruturas e equipamentos no complexo de Ubu, em Anchieta, no litoral Sul do Estado, o que vai beneficiar prestadores de serviço da região. 

A empresa voltou a operar suas unidades em Anchieta, no Espírito Santo, e Germano (Mariana), em Minas Geraisem dezembro de 2020, após cinco anos de paralisação. Durante todo esse tempo, os ativos da companhia precisaram passar por manutenção para evitar que se perdessem e que pudessem ser utilizados quando houvesse a retomada, conforme explicou o diretor-presidente da Samarco, Rodrigo Vilela, em visita ao complexo de Ubu, nesta quarta-feira (27).

Essa retomada, porém, ainda não é plena. Atualmente, a empresa opera com 26% da sua capacidade. No Estado, apenas uma de quatro usinas de pelotização está ativa. Já no complexo de Germano, em Minas, somente uma das três usinas de concentração está sendo utilizada.

Rodrigo Vilela, diretor-presidente da Samarco
Rodrigo Vilela, diretor-presidente da Samarco. (Dener Sapper)

A empresa prevê a ampliação gradual da produção, que deve atingir a capacidade plena por volta de 2029, conforme já havia adiantado A Gazeta. Isso será possível graças a um acordo formalizado na quarta-feira (2) que permitirá que a companhia utilize áreas e minério de minas da Vale para ajudar a incrementar a própria produção.

Ainda a fim de maximizar sua capacidade produtiva, a Samarco deve ativar, em janeiro de 2023, o mineroduto 3, que substituirá o mineroduto 2, utilizado no momento. A estrutura, que trará o minério de Minas Gerais para o complexo industrial capixaba, tem potencial de escoamento de minério maior, o que permitirá que a mineradora incremente sua produção em território capixaba.

Enquanto isso não ocorre, o foco está na conservação de estruturas e equipamentos da planta de Ubu, que será realizada por empresas locais, segundo o diretor-presidente da Samarco.

“Todas as empresas são locais, 80% da mão de obra é local, incluindo Anchieta, Guarapari e Piúma. A gente sempre trabalha com o Força Local, que é um programa que busca incentivar que empresas, fornecedores da região possam se capacitar, capacitar pessoas para trabalhar dentro da Samarco.”

Samarco vai investir 80 milhões de reais no complexo de Ubu

SAMARCO QUER MOVIMENTAR MAIS CARGAS PELO PORTO DE UBU

Um ano e quatro meses após iniciar sua retomada, a Samarco, que alcançou a produção acumulada de 10 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério no período, realizou, nesta quarta (27), o embarque do centésimo navio com os produtos no porto de Ubu. A carga será destinada ao mercado interno.

“Estamos cumprindo nossa expectativa de produção e entregando um produto de qualidade aos nossos clientes. Mas o mais importante é que, aos poucos, estamos recuperando as relações com os territórios onde atuamos”, destacou Vilela.

Samarco carregou 100º navio com minério desde a retomada
Samarco carregou 100º navio com minério desde a retomada. (Jefferson Rocio)

Além do mercado interno, a empresa vende para países das Américas, Europa, Oriente Médio, Norte da África e Ásia, e, nos próximos anos, quer ampliar a utilização do porto, para escoamento de outras cargas, além do minério.

“Nós sempre estudamos alternativas para utilizar nosso porto. Nosso porto hoje, no desenho dele, a gente só consegue descarregar. A gente não tem nenhum equipamento que permite trazer, descarregar produtos e utilizar. Esse é um grande dificultador para esse momento. Mas o uso do porto para granéis, petróleo, está sempre dentro do portfólio. Estamos avaliando.”

Vilela explicou, entretanto, que a concretização do plano depende do término do processo litigioso de recuperação judicial enfrentado pela companhia. No dia 18, o grupo de credores recusou a proposta de pagamento apresentada pela mineradora, que tenta recorrer da decisão na Justiça.

A companhia tenta conseguir a anulação da assembleia em que o plano de recuperação apresentado pela empresa foi vetado pelo grupo, que adquiriu dívidas antigas da companhia e tenta obter uma garantia de que este será o pagamento prioritário.

A Samarco, entretanto, tem concentrado esforços no aumento da produção e no pagamento de indenizações aos afetados pela tragédia de Mariana (2015), por meio da Fundação Renova.

O plano de pagamentos apresentado garantiria um prazo estendido para o pagamento dos demais compromissos da mineradora, que incluem também a Vale e a BHP, que arcaram com os pagamentos de manutenções, folha de pessoal e indenizações durante o período de paralisação da Samarco. Caso o plano de fato não seja aprovado, os credores precisarão apresentar uma contraproposta.

“Precisamos terminar esse processo litigioso de recuperação judicial para colocar em prática o uso do nosso porto, que realmente está subutilizado. Tem uma possibilidade. Tem uma série de estudos feitos. Sempre buscamos alternativas, e também estamos muito entusiasmados com a possibilidade de chegada da ferrovia que vai passar por Anchieta, indo até o Rio de Janeiro, que foi anunciada pelo governo do estado. Ela vai vai ser crucial, vai permitir uma série de oportunidades para o porto de Ubu.”

NÚMEROS DA SAMARCO

Como funciona o processo produtivo da Samarco
Como funciona o processo produtivo da Samarco. (Samarco/Divulgação)

A empresa, que opera com 26% de sua capacidade total encerrou 2021 com R$ 9 bilhões de faturamento e gerou mais R$ 1,1 bilhão em tributos nos estados onde atua, incluindo Minas Gerais e Espírito Santo. O valor também abrande o montante gasto por fornecedores em compras para a companhia.

Em 2021, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) gerencial ajustado da Samarco alcançou R$ 6,48 bilhões.

Para 2022, a mineradora prevê investimentos de aproximadamente R$ 1,2 bilhão, que serão destinados principalmente aos projetos de descaracterização da barragem e cava de Germano, já em andamento. As atividades de manutenção, em Minas e no Espírito Santo, representam R$ 200 milhões.

Errata Correção
28 de abril de 2022 às 09:53

Diferentemente do que foi informado antes, a fundação Renova não é responsável por indenizar famílias vítimas da tragédia em Brumadinho. A informação foi corrigida.

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