Pressionado pela alta dos preços dos alimentos e dos combustíveis, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu nesta quarta-feira (17) elevar a Selic, que vinha na mínima histórica de 2% ao ano há sete meses, em 0,75% ponto percentual. A taxa básica de juros da economia agora passará para 2,75% ao ano.
Esta é a primeira elevação da Selic desde 2015. Entre as explicações do Comitê para a retomada da alta dos juros num momento em que a economia está fragilizada, com agravamento da pandemia e desemprego elevado, estão o aumento da inflação e a escalada do dólar.
O Copom ainda projetou que a trajetória da Selic em 2021 siga de alta e que a taxa chegue a 4,5% até dezembro e em 5,5% em 2022. Consultorias como Itaú Unibanco, Toro e XP Investimentos projetam elevação de 5% já para este ano.
A Selic é a taxa de juros básica do Brasil, ou seja, é a usada para o pagamento da dívida pública pelo governo. Ela também influencia as demais taxas de juros dos bancos e altera a rentabilidade de algumas aplicações financeiras como a poupança e outros investimentos mais conservadores.
A taxa é usada pelo Banco Central como ferramenta para controlar a inflação, já que a alta ou a queda dos juros influencia o consumo das famílias e a tomada de crédito no país. Em linhas gerais, quando a inflação está alta, os juros servem para reduzir o consumo e forçar uma queda nos preços. Quando está baixa, os juros caem para estimular o consumo.
Anteriormente, a expectativa era de que o Copom começasse a subir a Selic após o primeiro semestre de 2021, de forma gradual. Mas, a perspectiva era embasada em cenário diferente.
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) surpreendeu ao ficar em 0,86% no país em fevereiro, bem acima das expectativas do mercado. Foi o maior resultado para o mês desde 2016, segundo dados do IBGE. Com isso, as projeções para a inflação e Selic para o fim do ano também foram elevadas.
No Boletim Focus desta semana a projeção é que o IPCA feche o ano em 4,6%, ante alta de 3,98% na semana anterior, bem acima do centro da meta para 2021, de 3,75%. Fatores domésticos e externos têm contribuído para a pressão inflacionária e para a desvalorização do real, como o risco-país mais elevado diante das incertezas políticas e econômicas, e o preço das commodities no mercado global.
Além disso, conforme o relatório do BTG Pactual, o quadro geral da economia piorou desde a última reunião do Copom, em 20 de janeiro, “alterando as expectativas do mercado em relação não apenas ao início do ciclo de alta da Selic, mas também o debate sobre a velocidade adequada desta retomada”.
Segundo a instituição, a piora da pandemia do novo coronavírus - que tem provocado caos no sistema de saúde de diversos Estados - é um dos fatores que contribuíram para o cenário.
Com o aumento, o BC brasileiro se torna o primeiro a elevar os juros entre os países do G-20 (que reúne as principais economias do mundo). Os bancos centrais de vários países, dos EUA ao Japão, se reúnem a partir desta quarta-feira para decidir sobre taxas de juros. Serão ao menos 11 anúncios até o fim da semana.
Veja as explicações do Banco Central para a elevação da taxa Selic:
Além disso, o BC informou que um prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia que piore a trajetória fiscal do país, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco. "O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária."
*Com informações de agências
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