Após relatos de consumidores de diversos Estados brasileiros sobre o recebimento de pacotes de sementes não solicitadas pelos Correios, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) alertou para que a população não abra as embalagens em hipótese alguma, pois o material pode trazer consigo pragas, doenças e plantas daninhas que não existem no país, capazes de causar graves prejuízos à agricultura e ao meio ambiente, bem como à saúde de quem manusear.
Até o momento, a pasta confirmou registros de casos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso do Sul. O governo do Paraná também confirmou o recebimento de pacotes similares. Ainda não há relatos da chegada dos grãos ao Espírito Santo, mas as autoridades sanitárias alertam para o risco de mexer e plantar esses vegetais desconhecidos.
As sementes de espécies não identificadas geralmente chegam junto com alguma encomenda feita pela internet, como se fosse um brinde. Os pacotes que começaram a se espalhar primeiro pelos Estados Unidos, junto a pedidos realizados pela Amazon seriam de origem chinesa, principalmente. A gigante do e-commerce chegou, inclusive, a proibir a venda de sementes no site norte-americano após o episódio. Os pacotes também foram recebidos no Canadá.
Em um dos casos registrados no Brasil, um morador de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, realizou a compra de um item de decoração em um site e recebeu o objeto e mais um pacote com duas sementes descritas como joias. Entretanto, ainda não se sabe o que são realmente essas sementes, ou os riscos envolvidos.
O caso está sendo investigado pelo Ministério da Agricultura, que enviou as amostras recebidas para análises técnicas no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Goiânia. Ainda não há prazo para divulgação dos resultados.
No Espírito Santo, apesar de não existir relatos, segundo a Superintendência do Mapa no Estado, é preciso estar atento a alguns pontos. Existe, por exemplo, uma legislação específica sobre a entrada de produtos de origem vegetal no país.
A chegada de sementes, por exemplo, só pode ser originária de fornecedores de países com os quais o Ministério da Agricultura já tenha estabelecido os requisitos fitossanitários.
De acordo como superintendente substituto do Mapa no Espírito Santo, Eduardo Farina, o material deve ser certificado pelo órgão. "É preciso saber o que é, de onde veio. É preciso que seja fiscalizado. A entrada de produtos não fiscalizados pode facilitar a entrada de pragas ou doenças que não existem ou estão erradicadas no país e isso pode trazer um prejuízo enorme."
Farina destacou que um ofício com orientações sobre o que fazer no caso de recebimento das sementes já foi disparado pelo Ministério às Superintendências Federais nos Estados, e, de lá, está sendo encaminhado às secretarias Estaduais de Agricultura .
O engenheiro agrônomo e auditor do Ministério da Agricultura, Raphael Conde, explicou que existe uma gama de espécies que são nocivas às culturas comerciais. "Dependendo do que for, pode dizimar lavouras inteiras, derrubar a produção. E, como a gente não sabe o que é, a pessoa não deve plantar, não deve nem mesmo abrir, em hipótese alguma."
Conde explica que, além de oferecer riscos às lavouras, o material pode também prejudicar a saúde de quem manusear, uma vez que pode estar contaminado, por fora, com algum produto químico ou vírus.
A orientação é para que, em caso de recebimento das sementes, o material seja levado diretamente à Superintendência do Ministério da Agricultura, ainda na embalagem, para que possa ser encaminhado para análise.
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