O isolamento social por conta do coronavírus tem alterado as relações de consumo e o faturamento das empresas. Mas se tem um setor que está de vento em popa com a crise é o de delivery, com crescimento desde a entrega de comidas e lanches a produtos como compras de supermercado, farmácia, brinquedos e roupas.
No Espírito Santo, só o aplicativo Shipp calcula que dobraram as entregas para os restaurantes e lanchonetes parceiros no último mês. Já o atendimento aos supermercados cresceu cinco vezes, segundo o cofundador da startup capixaba, Tomás Scopel.
De uma maneira geral, a busca pelos serviços cresceu três vezes de um mês para o outro na comparação de fevereiro com março. E a gente entende que pelas próximas semanas o crescimento ainda pode aumentar mais um pouco.
Ele explica que o delivery tem sido visto como a única saída para as pessoas continuarem consumindo e respeitando o isolamento social. E é uma ferramenta fácil. Quem já pedia comida pelo celular, agora consegue fazer as compras do mês também sem sair de casa.
A gente entende a importância do isolamento e sabemos que isso gera uma série de impactos. Mas sabemos, também, que esse tipo de serviço ajuda para que as pessoas se mantenham em casa, diz Scopel.
Outra empresa que também observou crescimento foi a Rappi. Desde que as conversas sobre o coronavírus se iniciaram, em janeiro, percebemos um aumento significativo no número de pedidos de supermercado, o que acreditamos ser uma resposta dos usuários preocupados com o tema incerto e medidas de quarentena sendo tomadas em diferentes cidades, informou por meio de nota.
Segundo a empresa, as categorias que registraram um maior aumento foram farmácias, restaurantes e supermercados.
O iFood, outro expoente no serviço de entregas, informou que observou crescimento de demanda a partir da segunda quinzena de março. A UberEats também foi questionada sobre o assunto, mas informou que por ser empresa de capital aberto, não poderia comentar dados especulativos.
Foi vendo o crescimento do segmento de entregas diante do isolamento que o universitário Ariel Leão, de 26 anos, viu uma saída para o momento de dificuldade financeira. Ele é motorista de aplicativo e, com a demanda extremamente baixa no serviço, recorreu aos apps de entrega para conseguir fazer um dinheiro extra e manter as contas em dia.
Foi a alternativa que encontrei já que o volume de deslocamento de passageiros diminuiu drasticamente. Faço entregas basicamente de lanches e de compras de supermercados, que é uma novidade nos aplicativos de entregas e, em parte, isso já está sendo uma ajuda financeira agora, conta.
A oportunidade de ganhar dinheiro com o delivery também vale para negócios de diferentes segmentos. Às vésperas da Páscoa, o setor de chocolates também viu nas vendas on-line a saída para comercializar a produção.
No Estado, a Chocolates Garoto fechou parceria com a Shipp e com o e-commerce do Supermercado Carone para vender ovos de Páscoa. O vice-presidente de Chocolates da Nestlé no Brasil, Liberato Milo, disse que a empresa já avançou em vendas digitais, o que demoraria cinco anos para acontecer.
O Brasil com o confinamento está avançando mais rapidamente no aprendizado digital, do e-commerce e do marketing digital. Fizemos a parceria com a Shipp e funcionou muito bem, tendo um crescimento absurdo de vendas on-line que levaríamos cinco anos para acontecer por lá, disse.
De acordo com a gerente de atendimento da regional metropolitana do Sebrae- ES, Adriana Rocha, percebe-se um aumento na demanda por serviços de alimentação.
Por mais que tenha tido a restrição para funcionamento de restaurantes, há um aumento de demanda visível para esse setor. Estão sofrendo apenas aqueles estabelecimentos que ficaram nessa restrição e pararam. Quem viu nisso uma oportunidade de expansão do negócio, indo em busca de um avanço digital com a inserção nos aplicativos entrega e apostando em um marketplace, está certamente numa situação bem melhor, analisa.
A especialista cita outro exemplo: a gente viu um empreendedor que trabalhava com bufê para festas, mas como todo esse ramo de eventos está parado, a gente encontrou uma solução com ele que foi fornecer neste momento de Páscoa seu serviço em plataformas de entrega e, no primeiro dia dele nessas plataformas, já recebeu pedidos.
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