A versão inicial desta reportagem trazia a afirmação do delegado titular da Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), feita no início da tarde desta terça-feira (15), de que o esquema tinha apoio de uma pessoa de dentro da Polícia Civil para confecção de identidades falsas. Após a divulgação desta matéria, no entanto, a Polícia Civil enviou nota no início da noite atualizando a informação e explicando que, na verdade, essa ponte era realizada por uma servidora pública municipal de Afonso Cláudio e que não há policial investigado na operação. O título da matéria e o texto foram atualizados.
Uma servidora pública municipal está envolvida na fraude que levou à prisão empresários das áreas náutica e de veículos no Espírito Santo, dentro da Operação Piànjú. De acordo com a Polícia Civil do Estado, uma funcionária da Prefeitura de Afonso Cláudio foi detida nesta terça-feira (15) suspeita de auxiliar as organizações criminosas na emissão de documentos de identidade falsos para abertura das empresas de fachada utilizadas no esquema de lavagem de dinheiro.
Inicialmente, esta reportagem trazia no título a afirmação feita no início da tarde desta terça pelo delegado à frente da operação, João Paulo Pinto, titular da Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), de que uma pessoa de dentro da Polícia Civil fazia essa ponte com a organização. No entanto, após a publicação da matéria, essa informação foi atualizada pela assessoria da Polícia Civil, por nota, no início da noite.
O delegado havia dito que eles (os empresários) tinham um contato dentro da Polícia Civil, e essa pessoa fraudava as identidades. A partir daí, eles criavam as empresas em nome dessas pessoas (que não existiam). A pessoa da foto [usada na identidade falsa] existia e se passava como proprietária da empresa para ir aos bancos e conseguir fazer o envio do dinheiro. [Essa pessoa] da Polícia Civil do Estado encontra-se presa já por uma outra operação feita anteriormente.
Posteriormente, a Polícia Civil informou que "não há, até o momento, nada que comprove a participação de servidores da Polícia Civil no esquema". A nota também diz que, "de acordo com o delegado João Paulo Pinto, ela (a servidora de Afonso Cláudio) preenchia formulários de solicitação das identidades com informações de certidões de nascimento falsas, mas com fotos de pessoas verdadeiras, encaminhando para a Superintendência de Polícia Técnico-Científica".
De acordo com as informações da PC, é uma prática comum a prefeitura fazer a solicitação de documento de identidade em alguns municípios do interior que possuem convênio com a Polícia Civil, "para evitar o deslocamento dos cidadãos até unidades na Região Metropolitana, ou cidades maiores".
A Polícia também esclarece na nota que a prisão desta funcionária pública foi feita nesta terça, durante a Operação Piànjú, e não em operação anterior, como dito anteriormente. A reportagem acionou a Prefeitura de Afonso Cláudio sobre o caso e assim que houver posicionamento a matéria será atualizada.
O fato segue sob investigação pela equipe da operação, que apura a existência de uma suposta organização criminosa, com atuação interestadual e internacional, com indícios de lavagem de dinheiro.
Empresas de veículos e embarcações do Espírito Santo, além das companhias de fachada, eram usadas, segundo a Polícia Civil, para lavar dinheiro de corporações de São Paulo, algumas, inclusive, envolvidas na Operação Lava Jato ou em crimes de sonegação do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de outros Estados.
As firmas capixabas receberam cerca de R$ 400 milhões e enviaram a mesma cifra para China e Estados Unidos, totalizando cerca de R$ 800 milhões em movimentações financeiras, de acordo com o delegado.
Suspeita-se que parte dos recursos tenha vindo de licitações de órgãos públicos, como de coleta e tratamento de lixo, além de outras atividades econômicas no setor privado.
Carros de luxos, motos aquáticas e embarcações foram apreendidas pela Polícia Civil no Espírito Santo, na manhã desta terça (15), na Operação Piànjú. Os empresários capixabas Wilson Caoduro e Pablo David Eliseo Sandes, que atuam na área náutica e de veículos, foram presos, além de uma terceira pessoa cujo nome não foi descoberto pela reportagem.
De acordo com o delegado à frente da operação, João Paulo Pinto, titular da DFRV, os empresários são proprietários de empresas de fachada capixabas, que funcionavam com base em identidades falsas de pessoas que não existiam. Por meio delas, eles receberiam dinheiro de empresários de fora do Estado para ser lavado no Espírito Santo.
As prisões são preventivas e temporárias, cumpridas por meio de mandado de prisão expedido pela Justiça. Os dois empresários estão em prisão preventiva enquanto a terceira pessoa está em prisão temporária.
Os recursos enviados ao exterior, cerca de R$ 400 milhões, pertencem, de acordo com as autoridades, a empresas de São Paulo e eram transferidas para cá, por meio de um operador financeiro do Ceará, para empresas de fachada e depois encaminhados para companhias legalmente constituídas em território capixaba antes de irem para China e Estados Unidos.
A operação deflagrada para desarticular a suposta quadrilha culminou ainda com seis pessoas presas em São Paulo e uma no Ceará. A ação foi organizada pela Polícia Civil capixaba com apoio do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Espírito Santo, das Polícias Civis de São Paulo, Alagoas e Ceará e da Capitania dos Portos.
O grupo criminoso, de acordo com os investigadores, atuava de forma estruturada com a finalidade de praticar diversos crimes, entre eles: organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e particulares, inserção de dados falsos em sistemas informatizados, falsidade ideológica, estelionato e falsa comunicação de crime. Foram apreendidos veículos de luxo, motos aquáticas e embarcações.
Os investigados também teriam ligação com empresas envolvidas na Operação Lava Jato, de acordo com o Ministério Público.
Na Operação Piànjú, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na Sandes Náutica Marine, em Pontal de Camburi, em Vitória, onde estão as supostas embarcações envolvidas em diversos crimes contra o mercado financeiro.
Forças da PC, em conjunto com o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), também foram concessionária Akira Suzuki, em Itaparica, Vila Velha, também cumprindo mandados de busca e apreensão.
A ação foi flagrada pela reportagem de A Gazeta, que se encontrava no local durante a abordagem. Apesar do movimento nas duas empresas, não há informações se os estabelecimentos são partes dos esquemas criminosos investigados pelas autoridades do Estado.
A operação ocorreu de forma simultânea nos Estados do Espírito Santo (Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica), São Paulo (Capital, Santos e Jaguariúna), Ceará (Fortaleza) e Alagoas (Maceió).
Foram expedidos 126 mandados judiciais, sendo, 18 mandados de prisão preventiva, 5 mandados de prisão temporária, 30 mandados de busca e apreensão, 23 sequestros de embarcações, 43 ordens judiciais de bloqueio de contas bancárias e 2 ordens judiciais de suspensão de atividades econômicas.
Entre as ordens de busca e apreensão encontram-se 12 imóveis, 3 veículos de luxo (Porsche Panamera, Maserati Granturismo S e Mercedes Benz GLA200FF), 12 motos aquáticas e 11 embarcações.
Wilson Caoduro é proprietário do Grupo Living Náutica. Ele também atuava na administração de concessionárias de carros na Grande Vitória. Já Pablo David Eliseo Sandes é o responsável pela Sandes Náutica Marine. A reportagem da TV Gazeta tentou falar com os dois empresários na delegacia, mas eles não quiseram se pronunciar. Os advogados de defesa informaram que vão se inteirar do caso.
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