Empresas do setor de petróleo e gás devem investir cerca de R$ 8,14 bilhões no Espírito Santo até 2025. A expectativa é de que os negócios, que estão em diferentes estágios de desenvolvimento, criem oportunidades para empresas locais, gerem emprego e renda, e também elevem as receitas de Estado e municípios.
O levantamento consta na 5ª edição do Anuário da Indústria do Petróleo e Gás Natural, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado (Findes), por meio do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), e lançado nesta sexta-feira (29).
O principal investimento é da Petrobras, que confirmou, em novembro de 2021, que as operações do projeto Integrado Parque das Baleias (IPB) terão início em 2024. O projeto, que atualmente está em fase de licitação, prevê a instalação de um novo navio-plataforma, que ampliará a produção no campo de Novo Jubarte, no Litoral Sul capixaba.
A nova infraestrutura para produção de petróleo e gás, orçada em aproximadamente R$ 5 bilhões, é um dos projetos mais aguardados pelo Espírito Santo, e faz parte do cronograma prioritário da estatal.
Buscando concentrar suas atividades nos campos de petróleo de maior porte e produtividade, principalmente na área de pré-sal, a Petrobras vem intensificando seus planos de desinvestimento nos últimos anos, abrindo espaço para a entrada de novos agentes no mercado.
Neste sentido, a Karavan Oil & Gas, que, em agosto de 2020, adquiriu a participação da petroleira em 27 campos terrestres de petróleo e gás, da área conhecida como Polo Cricaré, na Região Norte do Estado, pode investir R$ 1 bilhão em atividades de exploração e produção dessas áreas, até 2025.
A Shell Brasil também prevê investimentos da ordem de R$ 1 bilhão em desenvolvimento e produção dos campos do Litoral Sul do Espírito Santo, nesse mesmo período. As movimentações já estão em andamento.
Também estão no radar investimentos das empresas Imetame, ES Gás, e PetroRio. Esta última deve aplicar R$ 800 milhões no projeto de Wahoo, que contempla a perfuração de poços no litoral Sul do Espírito Santo, e a sua conexão com o FPSO de Frade, na Bacia de Campos, na costa Norte do Rio de Janeiro.
A Companhia de Gás do Espírito Santo (ES Gás), por sua vez, deverá investir até R$ 300 milhões para expandir a rede de distribuição de gás no território capixaba. A meta é construir mais de 292 mil metros de gasodutos de distribuição e ligar mais de 96 mil novos consumidores à rede do gás, que hoje atende a cerca de 60 mil consumidores em 13 municípios capixabas. O aporte será de R$ 260 milhões.
Além disso, está em execução a interligação da rede de distribuição de Linhares ao gasoduto de transporte Cacimbas-Catu, para ampliar a capacidade de fornecimento ao município de Linhares, levando gás para indústrias. São previstos cerca de 40 quilômetros de dutos, que devem demandar um investimento médio de R$ 40 milhões.
Outros R$ 40 milhões devem ser investidos pela Imetame, que adquiriu, junto à Petrobras, a totalidade de participações nos campos terrestres do polo Lagoa Parda, na região de Linhares.
Os negócios são um alento para o Estado, que é o terceiro maior produtor de petróleo do país, e quarto maior produtor de gás, e, nos próximos anos, deve encarar a desaceleração da produção de petróleo, em função do amadurecimento dos poços.
A perspectiva é de que, até 2025, a produção de petróleo em mar (offshore) tenha queda média anual de 2,17%, alcançando uma produção de 64,4 milhões de barris. Já no ambiente onshore (em terra), a redução média anual é estimada em 3,58%, atingindo 2,5 milhões de barris.
A economista-chefe da Findes e gerente-executiva do Observatório da Indústria, Marília Silva, observa que trata-se de algo natural, e que já vinha sendo acompanhado há vários anos. Uma vez que petróleo e gás são recursos finitos, gradualmente, a tendência é que a produtividade dos campos reduza.
“O Espirito Santo está nesse momento de ter campos maduros e a gente vem observando uma tendência de queda [na produção]. Mas, por exemplo, no caso do offshore, a gente sabe que um investimento muito importante está anunciado para o Estado, que é o projeto do Integrado Parque das Baleias, amenizaria consideravelmente esse recuo.”
Isto é, a queda nos níveis de produção poderiam ser ainda maiores nos anos seguintes, caso não houvesse investimentos previstos para a área.
Mesmo com essa queda na produção, especialistas da área de petróleo e gás da Findes consideram que as receitas de Estado e municípios com royalties e participações especiais continuarão elevadas, pelo menos no curto prazo, por causa do preço do petróleo, cujo barril, atualmente, é cotado a mais de US$ 100. No auge da pandemia, chegou a valer menos do que US$ 20.
A alta do preço da commodity é explicada não apenas pela retomada das atividades econômicas globais, mas também pelo pessimismo em relação ao conflito entre Ucrânia e Rússia.
“O setor de petróleo acaba sendo influenciado por acontecimentos globais. A pandemia [não controlada em certas áreas da China, por exemplo] acaba impactando preços, porque é uma commodity, e acaba gerando incertezas que vão acumulando ou vão tendo desdobramentos em outras frentes. Mas, nesse momento específico, mais do que a pandemia, a grande preocupação é o conflito entre Rússia e Ucrânia”, destaca a economista-chefe da Findes.
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