Três trabalhadores do setor de rochas morreram e um quarto está em estado grave em apenas uma semana, na Região Sul do Espírito Santo. Os acidentes ocorreram durante o trabalho com pedras de mármore e granito, entre os dias 25 de fevereiro e 3 de março, em Vargem Alta, Alegre e Cachoeiro de Itapemirim.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Mármore e Granito do Espírito Santo (Sindimármore), Messias Morais Pizeta, o aumento da produção do setor pode ser um influenciador para o número de acidentes.
“A gente vem recebendo reclamação que está aumentando muito o ritmo de produção, porque o setor precisa vender e o trabalhador tem que trabalhar em ritmo acelerado ou até em acúmulo de função. Então, essa pressão vem contribuir para o número de acidentes de trabalho”, disse Pizeta, em entrevista à TV Gazeta.
Ele explicou que em todos acidentes o sindicato vai à empresa em busca de informações, no intuito de evitar que se repita a ocorrência. “Encaminhamos as informações para o Ministério do Trabalho e procuramos a família para colocar o sindicato à disposição. Mas, às vezes, a gente não tem abertura na empresa para averiguar como foi o acidente”, informou o presidente.
O assessor jurídico do Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais, Cal e Calcários do Espírito Santo (Sindirochas) - sindicato que representa as empresas -, Henrique Nelson Ferreira, destacou que as normas são rígidas para os empregados e empregadores e que todos precisam fazer a sua parte.
“Todos os envolvidos têm uma ação a cumprir. Um aumento da produção, por exemplo, deve ser feito de forma correta, com cuidados e cautelas. Nós sabemos que qualquer acidente tem uma multiplicidade de fatores, como esquecimento, pressa. As empresas devem fazer a investigação por meio da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) ou de um funcionário responsável”, disse Ferreira, em entrevista à TV Gazeta.
O assessor disse ainda que o sindicato oferece treinamento, orientação e assistência às empresas. “O objetivo é acidente zero. É um momento de muita atenção, porque um instante pode ser uma vida que se perde”, completou Ferreira.
Em Vargem Alta, o acidente foi na última quinta-feira (25), quando morreram dois trabalhadores. Jair Marconcini Mozer, de 41 anos, e Adriano Pizetto, de 18 anos, foram atingidos por chapas de granito enquanto atuavam em uma empresa do setor de rochas. Jair trabalhava há 17 anos na empresa e Adriano há 30 dias. Na ocasião, a empresa informou que estavam todos muito abalados e que não conseguiam se manifestar. Afirmou ainda que estava concentrando a atenção em dar todo apoio possível aos familiares.
No município de Alegre, Sebastião Machado, de 58 anos, morreu na tarde desta terça-feira (2). O acidente aconteceu durante a extração de rochas, na localidade de Santa Angélica. Ele trabalhava há mais de 20 anos no setor. A empresa informou, por meio de nota, que, infelizmente, foi uma fatalidade e que está dando toda a assistência possível para a família.
O acidente em Cachoeiro aconteceu na tarde desta quarta-feira (3), na localidade de Morro Grande. Antônio Felipe Oliveira Patrocínio, de 23 anos, está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Santa Casa de Misericórdia. Ele é um prestador de serviço e estava a trabalho quando foi atingido pela chapa de granito. A empresa, que fica na localidade de Morro Grande, informou que não irá se pronunciar sobre o ocorrido.
A Polícia Civil de Aracruz, no Norte do Espírito Santo, investiga a morte de um trabalhador na noite desta terça-feira (2). O homem chegou a ser levado para o Hospital Maternidade São Camilo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Segundo informações da Polícia Militar, o homem teria sido levado ao hospital por dois outros trabalhadores que vestiam uniformes de uma pedreira - que não teve o nome divulgado.
Segundo André Jareta, delegado da Delegacia Especializada Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), a principal suspeita é de que o trabalhador tenha sido morto em um acidente de trabalho. O caso será investigado.
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